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Idade Moderna

Idade Moderna foi um dos períodos da História, iniciando-se em 1453 e finalizando-se em 1789. Foi o período dos regimes absolutistas e do surgimento do capitalismo.

Quadro retratando a conquista de Constantinopla, um marco da Idade Moderna. A conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, é considerada o marco de início da Idade Moderna.[1]

A Idade Moderna foi um dos períodos da História humana e estendeu-se de 1453 a 1789, sendo essa divisão histórica uma definição clássica que remonta ao período em que a história estruturou-se enquanto matéria de ensino. A Idade Moderna apresentou semelhanças e diferenças em relação à Idade Média.

Nesse período, novas práticas econômicas estabeleceram-se por meio do mercantilismo, e o surgimento da indústria, no século XVIII, resultou no surgimento do capitalismo. Esse período também presenciou o início da colonização, as reformas religiosas, e viu estabelecer-se o poder absoluto dos reis por meio da monarquia absolutista.

Acesse também: Como surgiu o conceito moderno de História

O que é a Idade Moderna?

Na Idade Moderna, o absolutismo, forma de governo em que o monarca detém poder absoluto, estabeleceu-se na Europa Ocidental.

Como vimos, a Idade Moderna estendeu-se de 1453 a 1789, sendo os marcos estipulados para delimitarem o seu início e o seu final os seguintes: a conquista de Constantinopla realizada pelos otomanos e a queda da Bastilha, evento que inaugurou a Revolução Francesa. A consolidação da Idade Moderna enquanto período desvinculado da Idade Média começou a acontecer a partir do século XV.

Isso se deu quando diferentes intelectuais começaram a afirmar que o seu período (nesse caso, a renascença) era distinto daquele que existiu na Europa medieval. Assim, definiu-se o conceito de Idade Média e, em consequência, surgiu um novo período, chamado por alguns de Idade Moderna.

É importante que a gente perceba que essa divisão é eurocêntrica, uma vez que leva em consideração os acontecimentos e a realidade da Europa, e que, portanto, pode não fazer muito sentido em outros contextos porque os marcos estabelecidos levam em consideração tais limites.

Um exemplo de intelectual que contribuiu na construção dessa ideia de Idade Moderna foi o historiador alemão Cristoph Keller, que, em 1688, publicou o livro História universal, no qua ele dividiu a história em três períodos (antigo, medieval e novo período) e estabeleceu que a Idade Média teria se encerrado com a conquista de Constantinopla|2|.

Trata-se de um momento em que as estruturas da Europa medieval passaram por profundas transformações, embora Le Goff trace algumas semelhanças entre as duas épocas. Por isso precisamos encarar a periodização de maneira aproximativa, porque ela leva em consideração marcos que deram início a mudanças significativas no curto e longo prazo.

Entre essas semelhanças, Le Goff aponta a economia agrícola. A partir da Baixa Idade Média, a agricultura na Europa teve um forte impulso por melhorias técnicas, e os níveis de produção permaneceram os mesmos até meados da Idade Moderna, uma demonstração de que não houve transformações significativas nesse quesito.

As grandes navegações permitiram o crescimento do comércio na Europa e o início da colonização no final do século XV.

Já na economia, no ponto de vista amplo, por exemplo, transformações profundas aconteceram, uma vez que, com as grandes navegações e a colonização, o comércio cresceu e novas características foram estabelecendo-se na economia mundial por meio do que ficou conhecido como mercantilismo.

A Idade Moderna tornou-se o período no qual o capitalismo estabeleceu-se e a Revolução Industrial iniciou-se na Europa. Isso só foi possível pela acumulação de capital que aconteceu com a colonização e ampliação do comércio na Inglaterra, permitindo que esse dinheiro fosse investido na industrialização.

No âmbito político, mudanças significativas também aconteceram, e o poder descentralizado da Europa medieval deu espaço para um poder centralizado. Isso resultou no surgimento do absolutismo, uma forma de governo em que os poderes do rei eram absolutos, e ainda existia uma construção ideológica que procurava justificar o poderio dos monarcas.

Acesse também: Existe objetividade em história?

Principais acontecimentos da Idade Moderna

Muitos acontecimentos marcantes passaram-se durante a Idade Moderna, e muitos deles mudaram a história da humanidade em definitivo. A seguir, veremos um pouco dos principais deles.

  • Colonização

Com a colonização, a exploração de índios e africanos como escravos tornou-se a principal mão de obra utilizada pelos europeus.

Na Idade Moderna iniciou-se a colonização da América, continente em que os europeus desembarcaram em 1492, durante expedição espanhola sob o comando de Cristóvão Colombo. Logo, além dos espanhóis, portugueses, ingleses, franceses e holandeses estabeleceram colônias no continente americano.

Essas colônias realizavam a exploração dos recursos naturais da América e da mão de obra local por meio da escravização, inicialmente, dos indígenas. Com a colonização também se estabeleceu a escravização de africanos, atividade que se consolidou por meio do tráfico negreiro. Além da crueldade da escravidão, o contato de europeus com nativos levou à morte de milhões de ameríndios, fosse pela crueldade dos colonizadores, fosse por doenças trazidas por eles para a América.

Se você quiser saber sobre como foi o processo de colonização e de escravização aqui, recomendamos os seguintes textos: Colonização do Brasil e Escravidão no Brasil.

  • Reforma religiosa

Martinho Lutero foi um monge alemão que não concordava com a cobrança de indulgências, e suas críticas deram início à Reforma Protestante.

Em 1517, iniciou-se na Europa a Reforma Protestante, um movimento que propôs uma reforma das práticas da Igreja Católica. Esse questionamento da Igreja Católica já existia desde meados da Idade Média e apontava práticas imorais realizadas por membros da Santa Sé, como as indulgências, a corrupção, a avareza etc.

Essa reforma religiosa foi iniciada por Martinho Lutero, monge alemão que era forte crítico das indulgências cobradas pela Igreja. Os escritos de Lutero foram divulgados por toda a Europa por meio da imprensa. Seus questionamentos deram origem ao luteranismo, e outros movimentos de contestação do catolicismo deram origem ao calvinismo e anglicanismo.

  • Revolução Industrial

Com a Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, a manufatura foi substituída pela maquinofatura.

A Revolução Industrial iniciou-se na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII (não existe uma data fixa para o início desse acontecimento). A Inglaterra foi o país que reuniu as condições para que o desenvolvimento da indústria acontecesse lá, e, com o surgimento da indústria, a manufatura foi substituída pela maquinofatura.

A Revolução Industrial garantiu o surgimento do capitalismo e gerou transformações profundas na Europa. A começar pelas relações sociais, que se modificaram profundamente e ficaram marcadas pela precarização da condição do trabalhador, obrigado a trabalhar por horas e horas em troca de um salário muito baixo.

  • Iluminismo

O desenvolvimento tecnológico que aconteceu durante a Revolução Industrial foi um reflexo indireto do iluminismo, movimento intelectual que surgiu na França, no século XVII, e espalhou-se pela Europa Ocidental. O iluminismo foi um movimento que defendia a primazia da razão para pensar-se nas grandes questões da sociedade.

O desenvolvimento do racionalismo e a defesa da ciência feita pelos iluministas fizeram com que o século XVIII ficasse conhecido como Século das Luzes, tamanha a influência dessa corrente de pensamento. O iluminismo ainda serviu de inspiração para que movimentos revolucionários acontecessem em diferentes partes do mundo, como a Revolução Americana e a Francesa.

O iluminismo questionou convenções da época, como a crença no absolutismo, e passou a defender a divisão do poder de uma nação, como na proposta de Montesquieu. Houve ainda aqueles que defenderam que todos os homens deveriam ser considerados iguais perante a lei. Os iluministas também questionaram princípios da fé e defenderamm que o racionalismo era o melhor caminho para a humanidade.

Acesse também: Importância da narrativa para a história

Linha do tempo da Idade Moderna

Linha do tempo da Idade Moderna
Acontecimentos que marcaram a linha do tempo da Idade Moderna.

Outros acontecimentos marcantes da Idade Moderna

Os eventos listados, anteriormente, são apenas uma amostra do que aconteceu na Idade Moderna. A lista de acontecimentos importantes desse período pode ser ampliada com outros momentos, como:

Periodização da história

A Idade Moderna, dentro da conhecida periodização da história, estendeu-se de 1453 a 1789. Essa época, como qualquer outra, foi marcada por transformações, destacando-se o desenvolvimento comercial, a expansão marítima, o início da colonização, a consolidação da escravidão, as reformas religiosas etc.

Essa periodização é entendida por Jacques Le Goff como algo comum desde que a História tornou-se ramo do saber e matéria de ensino. Isso aconteceu, explica Le Goff, porque os historiadores precisavam compreender melhor a História e a evolução humana para poder ensiná-las, e a divisão em períodos foi a forma encontrada para facilitar esse processo|1|.

A divisão aconteceu no momento que a história popularizou-se no continente europeu como matéria de ensino. Esse processo iniciou-se no século XVII, mas só se concretizou no século XIX. Algumas ideias padronizadas na mentalidade histórica dos intelectuais consolidaram-se com a transformação da História em ciência humana.

Uma delas foi a divisão em antigo, medieval e moderno, sendo essa concepção já existente por volta do século XVI, embora ainda não fosse muito comum. De toda forma, sabemos que essa estrutura, mesmo que banalizada, permaneceu e tornou-se de fato a divisão de períodos da história.

A periodização atual divide a história nos seguintes períodos: Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Para saber mais sobre o tema deste tópico, leia: Divisão da História.

Notas

|1| LE GOFF, Jacques. A História deve ser dividida em pedaços? São Paulo: Editora Unesp, 2015. p. 42.

|2| Idem, p. 27.

Créditos da imagem

[1] Lestertair e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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