A Revolução Industrial começou na Inglaterra, no século XVIII, e é um processo contínuo que proporciona, até hoje, transformações técnicas e científicas na produção industrial.
A Revolução Industrial é um processo de desenvolvimento técnico, socioeconômico e espacial que teve início na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, e se estende até os dias atuais. O país europeu reunia, à época, as condições que proporcionaram a substituição da manufatura pela maquinofatura, o rápido crescimento das cidades e a formação de uma força de trabalho numerosa. Com isso, as primeiras indústrias surgiram na Inglaterra por volta de 1760, funcionando a partir de máquinas a vapor que utilizavam o carvão mineral como fonte de energia.
Com o passar do tempo, o carvão deu lugar a eletricidade, e as inovações tecnológicas se tornaram cada vez mais modernizadas e complexas. Junto dessa transformação aconteceu o aprofundamento das desigualdades sociais entre as diferentes classes e a consolidação do capitalismo como sistema econômico dominante. Todas essas transformações referentes às fontes de energia, às inovações técnicas e ao trabalho levaram à divisão da Revolução Industrial em três fases:
O espaço geográfico se tornou mais integrado graças ao aperfeiçoamento dos sistemas de transporte e dos meios de comunicação e de transmissão de informações. Para o meio ambiente, a Revolução Industrial representou a ação intensiva dos seres humanos sobre a natureza, que resultou em sérios problemas ambientais. Um deles é o aumento da poluição atmosférica, que ocasionou a intensificação do efeito estufa e o aquecimento global.
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A Revolução Industrial foi o processo de profunda transformação tecnológica, socioeconômica e espacial que aconteceu inicialmente na Inglaterra, a partir do final do século XVIII, e que depois se difundiu para outros países e continentes em suas etapas posteriores. Esse acontecimento foi o responsável pelo surgimento da indústria, de onde vem o seu nome, e principalmente pela consolidação do capitalismo como o sistema econômico vigente.
A Revolução Industrial se desenrolou por vários séculos e envolveu uma série de inovações tecnológicas e transformações produtivas, normativas e espaciais, pensando nas suas consequências para o espaço geográfico. Por isso, estabeleceu-se a sua divisão em três fases, as quais discutiremos mais à frente.
O fato da Revolução Industrial ter iniciado na Inglaterra não foi acaso. O país europeu estava imerso em um contexto político e econômico que favoreceu o surgimento das primeiras máquinas e a multiplicação das unidades fabris a partir da sua capital, a cidade de Londres. Politicamente, a Inglaterra tinha deixado de ser uma monarquia absolutista havia menos de um século, tornando-se uma monarquia parlamentarista. Essa transformação foi fruto da Revolução Gloriosa que aconteceu no final do século XVII liderada pela burguesia. Com isso, pode-se dizer que houve a ascensão da classe burguesa no país, abandonando de vez o seu passado feudal. Isso incluía a organização econômica inglesa.
Durante a ascensão política da burguesia, a Inglaterra figurava como uma das nações mais importantes do comércio marítimo internacional. Por causa disso, aconteceu um grande acúmulo de capitais no país que proporcionou o rápido reinvestimento em setores diversos como o manufatureiro. Mais do que isso, a Inglaterra já tinha um amplo mercado estabelecido no além-mar, assim como áreas fornecedoras de matérias-primas que eram utilizadas na produção industrial. Por falar em matéria-prima, a Grã-Bretanha, como um todo, era detentora de amplas reservas de carvão mineral e de ferro, e a exploração econômica desse recurso fazia prosperar muitas cidades da ilha.
Em termos políticos, uma norma muito específica que foi aprovada na Inglaterra é comumente tida como uma das principais desencadeadoras do processo de crescimento das áreas urbanas e da ampliação da força de trabalho no país. Trata-se da Lei dos Cercamentos de Terra, ou Enclousure Acts, que cercou e privatizou terras que antes eram de uso comum. Com isso, houve uma intensa corrente migratória do campo para a cidade, movimento esse chamado êxodo rural, e a maior disponibilidade de mão de obra para as manufaturas em expansão no meio urbano. Estavam formadas, então, as condições ideais para o rápido desenvolvimento industrial inglês.
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O que causou a Revolução Industrial foi o pioneirismo inglês. Todos os fatores históricos que mencionamos acima condicionaram o início desse processo revolucionário na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, por volta de 1780. Outro fator foi crucial para a implementação de uma maquinofatura no país britânico. O motor movido a vapor foi inventado por Thomas Newcomen no ano de 1712, mas foi aperfeiçoado por James Watt quase meio século mais tarde.
Watt tornou as máquinas a vapor mais eficientes a partir da inclusão de um mecanismo de resfriamento que promovia a condensação do vapor. A junção das duas inovações ocasionou um salto tecnológico na produção têxtil na Inglaterra, promovendo uma verdadeira revolução na produção, que deixava de ser uma manufatura e passava, agora, a ser uma maquinofatura.
A Revolução Industrial é um processo contínuo cujo início é possível de ser estimado, mas não o seu fim. Por isso, considerando elementos como as fontes de energia utilizadas, os bens produzidos e a sua área de abrangência, a Revolução Industrial é dividida em três diferentes fases.
Limita-se à Inglaterra e ao continente europeu, tendo acontecido entre 1760 e 1850. Representou um enorme avanço tecnológico no sistema de produção inglês, que se tornou mais rápido e eficiente e contou com inovações como o telégrafo e a locomotiva. As máquinas a vapor, agora usadas no processo produtivo, eram alimentadas com carvão mineral, principal fonte de energia do período. O trabalho no interior das unidades fabris foi dividido entre os trabalhadores. Ainda assim, era exaustivo e realizado em jornadas de 12 horas ou mais. O ambiente era, na maioria das vezes, insalubre, sem contar o uso de mão de obra de crianças e adolescentes.
As inovações tecnológicas se difundiram para outros países tanto na Europa quanto fora do continente, como Japão e Estados Unidos. Essa segunda fase da Revolução Industrial aconteceu entre 1850 e 1950, aproximadamente, tendo como principais inovações tecnológicas o motor à combustão elétrica, os automóveis e a lâmpada incandescente. Nota-se, com isso, que a eletricidade e o petróleo foram as principais fontes de energia desse processo, assim como o aço figurou como uma importante matéria-prima. Houve a modernização do trabalho a partir da sua melhor organização e racionalização, incluindo a automação de determinados processos produtivos.
Alcançou novos territórios para além daqueles mencionados anteriormente e passou a incluir os países emergentes que estavam no começo de seu desenvolvimento industrial. Essa fase teve início em meados do século XIX e continua até o presente, sendo marcada pela modernização das tecnologias da informação e da comunicação, pela maior automação dos processos industriais e por avanços técnicos e científicos em áreas como a robótica, a nanotecnologia e a biotecnologia. Muitas empresas utilizam hoje de sistemas automáticos para conduzir parte de sua cadeia produtiva ou de toda ela.
Houve transformações importantes na forma como as pessoas se deslocam pelo espaço e como elas se comunicam, o que criou extensas redes que conectam, virtual ou fisicamente, todo o planeta. Na economia, emergiu uma nova fase do capitalismo, o capitalismo financeiro, que proporcionou uma nova Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
A Revolução Industrial no Brasil aconteceu tardiamente quando comparada ao processo que se iniciou na Inglaterra. O desenvolvimento das primeiras manufaturas no país se deu apenas durante o século XIX, com a abertura de algumas fábricas em áreas estratégicas como Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, que eram os principais centros urbanos do país à época. No entanto, o território brasileiro ainda dependia do setor primário da economia, destacando-se a exploração mineral e o cultivo do café. Somente a partir do século XX, com o declínio da economia cafeeira, é que podemos falar em uma revolução industrial no Brasil.
As oligarquias do Sudeste do país, principalmente de São Paulo e do Rio de Janeiro, acumularam um volume suficiente de capitais que permitiu o investimento na modernização do sistema de transportes, com a construção das primeiras ferrovias, e a abertura das primeiras indústrias. A partir da década de 1930, a política de substituição das importações fomentou o desenvolvimento da indústria de base brasileira, com a abertura de siderúrgicas e petroquímicas. A indústria automobilística chegou ao país na década de 1950, promovendo novas transformações setoriais e na organização territorial do Brasil.
Mudanças nas políticas econômicas do país nos anos 1990 modificaram o setor secundário brasileiro, que foi marcado por privatizações, pelo ingresso de companhias estrangeiras e pela maior competitividade com o mercado internacional. Atualmente, existem importantes polos industriais em todas as regiões do país, e ramos como o automobilístico, a siderurgia, a metalurgia e a petroquímica se destacam na indústria brasileira.
As consequências da Revolução Industrial deixaram marcas no sistema econômico, na organização social, no espaço geográfico e no meio ambiente, sobretudo na atmosfera. Desde as transformações observadas no século XVIII até aquelas mais recentes, ainda nos deparamos com os efeitos desse longo processo no meio em que vivemos. Algumas das consequências da Revolução Industrial são:
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Questão 1
(UFU) Tudo isto, por sua vez, foi obtido pela transformação social e não tecnológica: pela liquidação (com o “Movimento das Cercas”) do cultivo comunal da Idade Média com seu campo aberto e seu pasto comum, da cultura de subsistência e de velhas atitudes não comerciais em relação à terra.
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014. p. 89. (Fragmento).
Sobre a Revolução Industrial, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A Revolução Industrial obteve sucesso em decorrência de uma transformação agrícola que tornou a Grã-Bretanha um país de poucos proprietários, com um número considerável de arrendatários comerciais e de trabalhadores.
b) O desenvolvimento proporcionado pela Revolução Industrial permitiu a melhoria de vida dos trabalhadores rurais que tiveram mais recursos técnicos para exercer suas atividades.
c) A transformação social da Revolução Industrial inglesa foi um sucesso econômico e alterou a paisagem urbana das cidades.
d) A Revolução Industrial possibilitou a existência de dois grupos distintos: proletariado e burgueses.
Resposta: Alternativa B. O desenvolvimento resultante da Revolução Industrial não resultou na melhora de vida no meio rural. Pensando no período em que esse processo começou, os trabalhadores rurais foram forçados a migrar para a cidade por causa do cercamento de terras. Com o passar do tempo e a adoção de novas tecnologias, a mecanização de processos diminuiu os postos de trabalho, enquanto a agricultura moderna e os grandes proprietários de terra passaram a dominar o meio rural.
Questão 2
(UPE) As Revoluções Industriais não podem ser explicadas somente pelas invenções ou descobertas de novas máquinas, fontes de energia, materiais ou métodos. Esses foram fatores fundamentais no desenvolvimento da economia nos últimos dois séculos e meio. Antes já existiam máquinas, como as da imprensa e os moinhos hidráulicos. Contudo, a difusão das máquinas, chamada de maquinismo, caracteriza e diferencia esse período em relação aos anteriores. (adaptado)
Referência: DATHEIN, Ricardo. Inovação e Revoluções Industriais: uma apresentação das mudanças tecnológicas determinantes nos séculos XVIII e XIX. Publicações DECON Textos Didáticos 02/2003. DECON/UFRGS, Porto Alegre, Fevereiro 2003. http://www.ufrgs.br/decon/.
Foram características da primeira e da segunda fase do movimento descrito no texto, respectivamente:
a) Máquinas de fiar e energia a vapor / eletricidade e aço.
b) Inteligência artificial e robótica / petróleo e hidrogênio.
c) Gás natural e navios de ferro / tear mecânico e estamparia.
d) Eletricidade e química industrial / carvão mineral e energia solar.
e) Fornalha de alta temperatura e plástico / trem elétrico e energia hidráulica.
Resposta: Alternativa A. A primeira fase da Revolução Industrial foi caracterizada pelo surgimento das máquinas a vapor, como os teares. Já a segunda fase desse processo se apoiou na energia elétrica e em matérias-primas como o aço.
Créditos das imagens
[1] chrisdorney / Shutterstock.com
[2] Dennis MacDonald / Shutterstock.com
Fontes
Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC – FGV). A Era Vargas: dos anos 20 a 1945. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/apresentacao.
HOBSBAWN, Eric. A Era das Revoluções (1789 – 1848). São Paulo: Paz & Terra, 2012.
IGLÉSIAS, Francisco. A Revolução Industrial. São Paulo, SP: Brasiliense, 1990, 10ª ed. (Tudo é História 11).
LUCCI, Elian Alabi. BRANCO, Anselmo Lázaro. FUGII, William. Geografia: território e sociedade. 9º ano: ensino fundamental, anos finais. São Paulo: Saraiva, 2018, 1ª edição.
LUCCI, Elian Alabi. BRANCO, Anselmo Lázaro. MENDONÇA, Cláudio. Território e sociedade no mundo globalizado. 2: Ensino Médio. São Paulo: Saraiva, 2016, 3ª edição.