Cobra-cega
As cobras-cegas, também chamadas de cecílias, são animais da ordem Gymnophiona. Possuem corpo alongado e não apresentam membros locomotores.
Cobras-cegas, ou cecílias, são animais que apresentam corpo alongado e cilíndrico. Sua aparência lembra a de uma serpente ou de uma minhoca, entretanto, não se trata de um réptil, tampouco de um anelídeo. As cobras-cegas são exemplos de anfíbios, mais precisamente do grupo Gymnophiona ou Apoda. São encontradas em áreas tropicais, e a maioria das espécies vive em túneis subterrâneos.
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Resumo sobre cobra-cega
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Cobras-cegas, ou cecílias, são animais de corpo alongado pertencentes ao grupo Gymnophiona ou Apoda.
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Esses animais não possuem membros locomotores, o que faz com que lembrem serpentes.
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As cobras-cegas podem apresentar ou não olhos e possuem tentáculos na cabeça.
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Quando presentes, os olhos são capazes apenas de perceber a ausência ou presença de luz.
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A maioria das cobras-cegas possui hábito fossorial.
Características da cobra-cega
Cobra-cega é um nome popular usado para se referir a anfíbios da ordem Gymnophiona. A Gymnophiona, também chamada de Apoda, é uma ordem de anfíbios que se caracteriza por possuir representantes de corpo alongado e com anéis.
O termo Gymnophiona é derivado dos termos gregos gymnos, que significa nu, e ophioneos, que significa parecido com serpente. O termo Apoda, por sua vez, vem do grego a, sem, e podus, pés, ou seja, sem pés. Esses dois vocábulos fazem referência a duas características importantes desses animais:
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o corpo que lembra uma serpente sem escamas;
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a ausência de membros locomotores.
Vale salientar, no entanto, que Pough e colaboradores, em A vida dos vertebrados, afirmam que muitas espécies de Gymnophiona têm escamas dérmicas no interior de bolsas nos anéis, e não
são encontradas escamas nos outros grupos de anfíbios. Atualmente, estima-se que existam cerca de 183 espécies de cobra-cega em todo o mundo, sendo observada a ocorrência de 27 em território nacional.
Outro nome dado à cobra-cega é cecília, que vem do latim caecus, que significa “cego”. Esses animais apresentam olhos pequenos e rudimentares, recobertos por tegumento ou osso, que não são capazes de formar imagens. Apesar de não serem capazes de enxergar imagens, os olhos são capazes de identificar a presença ou ausência de luz no ambiente, possuindo, portanto, função fotorreceptora. Algumas espécies são completamente desprovidas de olhos.
Com exceção de algumas espécies que vivem em ambiente aquático, as cobras-cegas vivem em galerias no solo por praticamente toda a sua vida, possuindo, portanto, hábito fossorial. Outra característica importante é a presença de tentáculos sensoriais na cabeça, capazes de captar partículas químicas presentes no ambiente e reconhecer o local por meio do toque, uma habilidade importante para o tipo de hábito que esses indivíduos possuem.
Devido ao hábito fossorial, pouco se sabe a respeito da reprodução das cobras-cegas. Não se sabe com detalhes, por exemplo, como ocorre a corte e a cópula. A fertilização nesses animais é interna e ocorre graças à ação do falodeu, o órgão copulador dos machos. Há espécies ovíparas e vivíparas de cobras-cegas, com desenvolvimento direto ou indireto, ou seja, sem ou com o desenvolvimento de uma forma larvar.
As cobras-cegas alimentam-se de pequenas presas, como formigas, cupins e minhocas.
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Cobra-cega possui veneno?
As cobras-cegas são animais que possuem veneno. Em 2018, um artigo intitulado “Skin gland concentrations adapted to different evolutionary pressures in the head and posterior regions of the caecilian Siphonops annulatus” demonstrou que as cobras-cegas possuem glândulas de veneno na pele, as quais funcionam como uma forma de defesa passiva contra predadores. Isso significa que um predador pode se envenenar ao tentar comer o animal, um mecanismo já observado em outros anfíbios, como rãs e sapos.
Mais recentemente, em 2020, o grupo responsável pelo artigo de 2018, liderado por pesquisadores do Instituto Butantan, descobriu que na base dos dentes de cobras-cegas capturadas no Brasil existem glândulas que possuem enzimas comumente encontradas em veneno de alguns animais, como serpentes.
A cobra-cega, ao morder, comprime essas glândulas, que liberam a secreção, a qual penetra no ferimento da presa. Mais estudos estão sendo feitos para caracterizar com mais clareza a secreção produzida por esses animais.
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