O folclore brasileiro é o rico conjunto de manifestações de nossa cultura. Mitos, lendas, danças, músicas, brincadeiras e festas populares fazem parte dele.
O folclore brasileiro é o conjunto de todas as manifestações culturais do nosso país. Fazem parte do nosso folclore: mitos e lendas, como a do curupira, do boitatá, da iara, da matinta perera ou do negrinho do pastoreio; festas, como o Carnaval e as Festas Juninas; danças e músicas, como o frevo, o samba de roda e o cateretê; brincadeiras infantis, como o pega-pega e o esconde-esconde; músicas como o “Marcha soldado” ou “Pombinha branca”; entre diversas outras manifestações culturais.
O folclore brasileiro recebeu influências de povos indígenas nativos do Brasil, de africanos e europeus. O Dia do Folclore é comemorado no Brasil e em diversos países em 22 de agosto.
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O folclore brasileiro é um conjunto de manifestações da nossa cultura.
Foi formado pela influência de diversos povos e culturas.
Fazem parte dele seus personagens, lendas, mitos, músicas, danças, brincadeiras, entre diversa manifestações populares.
Saci-pererê, curupira, matinta perera, iara, boitatá e negrinho do pastoreio são alguns dos personagens mais famosos do folclore brasileiro.
Por ter um território amplo e uma população diversificada, o folclore brasileiro tem regionalismos, com a mesma lenda sendo contada de forma diferente em cada região.
O folclore brasileiro começou a ser formar muito antes da chegada de Cabral por aqui e recebeu influências de diversos povos, como dos indígenas nativos do Brasil, africanos e europeus. Os povos indígenas do Brasil tinham suas próprias lendas e mitos, como a do boitatá, uma serpente de fogo que amedrontava aqueles que andavam pela floresta.
Em 1500, os portugueses e outros europeus chegaram por aqui e trouxeram com eles seu folclore. O mesmo aconteceu com o folclore dos povos africanos que foram trazidos para o nosso país escravizados.
O folclore brasileiro é o conjunto de todas as manifestações culturais do nosso país, como lendas, festas, danças, músicas, literatura, ritos religiosos, brincadeiras infantis, entre outras. O Brasil é um país continental, com diversos biomas e climas, também é um país cuja população é marcada pela diversidade, inicialmente formada por populações indígenas, europeias e africanas e, atualmente, recebendo pessoas de todos os continentes.
Por causa dessas características, o folclore brasileiro é marcado pela grande diversidade, tendo uma variedade de lendas, mitos, festas, danças e outras manifestações culturais.
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Saci-pererê
Curupira
Lobisomem
Iara
Mula sem cabeça
Negrinho do pastoreio
Boitatá
Matinta perera
Na lenda do saci, ele é representado como um menino negro, de uma perna só, com gorro vermelho e extremamente travesso. Na maioria das versões da lenda, ele fuma cachimbo e pode se transformar em um redemoinho de vento.
Na crença popular, ele incomoda os cavalos, geralmente à noite, embaraçando a crina deles. Ele também pode assustar os viajantes, assoviando alto, retirando seus chapéus ou peças das carroças e charretes. Saiba mais sobre a lenda do saci clicando aqui.
O curupira é provavelmente uma lenda de origem indígena, anterior à chegada dos europeus. Ele é representado com um ser bípede, com dentes afiados e cabelo de fogo ou vermelho, tendo os dois pés virados para trás para confundir seus perseguidores.
Segundo sua lenda, ele ataca caçadores, incendiários e outras pessoas que agridem a floresta e seus animais. Na Região Norte do Brasil, ainda hoje populações da floresta deixam presentes para o curupira nas trilhas nas matas a fim de não serem atacadas por ele. Para saber mais detalhes sobre essa lenda, clique aqui.
O lobisomem é um personagem do folclore representado atualmente como um humano que, nas noites de Lua cheia, se transforma em um híbrido de humano e lobo, daí seu nome, “lobisomem”. Parte do folclore da Europa, a lenda do lobisomem se originou na Grécia, e, por meio do Império Romano, foi difundida para quase toda a Europa.
Foram os portugueses que trouxeram a história para o nosso país, e, por aqui, a lenda passou por mudanças, tornando o lobisomem brasileiro diferente do europeu. Tradicionalmente, a pessoa se transforma em lobisomem nas noites de Lua cheia, mas, em algumas regiões do Brasil, a crença é de que ele se transforma à meia-noite de todas as sextas-feiras. A metamorfose ocorre na frente de um cemitério ou em uma encruzilhada.
Ela também é chamada de mãe d’água. Alguns folcloristas defendem que sua lenda é indígena, anterior à chegada dos europeus. Para outros, ela é uma variação da lenda das sereias, de origem europeia, que se misturou com a lenda do ibupiara, um monstro marinho do folclore indígena.
Na principal versão da lenda, iara era uma guerreira, muito melhor do que seus irmãos, causando grande inveja neles, que planejaram atacar a irmã. Iara, por ser mais forte e esperta, conseguiu matar seus irmãos, por isso, foi jogada no encontro das águas do Rio Solimões com o Negro por seu pai.
Ela foi resgatada pelos peixes do rio, e Jaci (a Lua) a transformou em sereia. Na sua forma de sereia, iara passou a seduzir e atacar homens que navegam pelos rios. Em algumas versões, ela ataca barcos de pescadores que pescam mais do que precisam. Conheça mais sobre a lenda da iara clicado aqui.
A mula sem cabeça, em todas as versões, cometeu um grave pecado, e, por isso, foi transformada em uma mula sem cabeça da qual, do seu pescoço, sai uma labareda. Na versão mais popular da lenda, ela foi amante de um padre e, por isso, foi transformada em mula.
A mula sem cabeça vaga pelas florestas e estradas, assustando os viajantes com seus cascos estridentes que estremecem o solo. Segundo a tradição oral, existem diversas formas de acabar com sua maldição. Em uma delas, é preciso retirar um pouco de sangue dela, e, em outra, deve-se puxar seus arreios. Saiba mais sobre essa lenda clicando aqui.
A lenda do negrinho do pastoreio é uma das mais populares do folclore do Rio Grande do Sul, e sua origem recebeu influência da cultura africana e da religião católica. Na lenda, um menino escravizado e órfão foi severamente punido por seu senhor, ficando muito machucado e abandonado sobre um formigueiro.
Tempos depois, o patrão retornou ao local onde abandonou o corpo e encontrou o menino sem qualquer ferimento, sobre um cavalo, com uma vela nas mãos e com a Virgem Maria ao seu lado. O patrão se arrependeu das violências praticadas, e o menino passou a perambular montado em um cavalo por campos e estradas riograndenses.
A lenda, de provável origem no século XIX, mostra muitos aspectos importantes presentes na sociedade do período, como a importância da pecuária, a violência da escravidão e a forte religiosidade popular. Ainda hoje, nas áreas rurais, as pessoas acendem velas próximo a formigueiros quando perdem algo, pois acreditam que o negrinho do pastoreio as ajudará a encontrar. Saiba mais sobre essa lenda clicando aqui.
O boitatá é um dos principais personagens do folclore brasileiro, sendo representado como uma serpente de fogo. Sua origem é indígena, anterior ao início da colonização brasileira no século XVI, e é associada ao fogo fátuo, fenômeno natural pelo qual ocorre a combustão de gases exalados pela decomposição de matéria orgânica.
Por se tratar de uma lenda, existem diversas variações regionais sobre o boitatá, assim como sua história se modificou com o tempo. Segundo cronistas do século XVI, o boitatá inicialmente era um faixo de fogo que perseguia os indígenas, e, atualmente, é um ser que pune aqueles que atacam a floresta, principalmente os incendiários. Saiba mais sobre a lenda do boitatá clicando aqui.
Matinta perera é um dos principais personagens do folclore brasileiro, muito popular na região amazônica. Por se tratar de uma lenda, contada há muito tempo, a história de matinta tem variações. Normalmente, ela é representada como um ser que passa por metamorfose, tendo, de dia, o aspecto de uma mulher, geralmente uma idosa semelhante a uma bruxa, e, à noite, assume a forma de uma ave.
Em algumas regiões, matinta é associada ao tapera naevia, pássaro conhecido como martin-pererê, comum em quase todo o território nacional. Em outras regiões, ela é associada à coruja-rasga-mortalha, considerada um animal de mal agouro. A coruja recebe o nome popular de rasga-mortalha porque seu assobio se assemelha a um tecido sendo rasgado. Em diversas regiões do Brasil, as pessoas acreditam que a rasga-mortalha anuncia a morte de um membro da família.
Para alguns, existem diversas matintas, não apenas uma. Uma das versões afirma que a pessoa se torna matinta por transmissão genética, ou seja, que a condição passa de mãe para filha. Em algumas regiões, a pessoa é transformada em matinta por punição a algum crime ou pecado cometido por ela ou uma ancestral.
O Dia do Folclore é comemorado no Brasil no dia 22 de agosto. Foi no dia 22 de agosto de 1846 que o arqueólogo inglês William John Thoms utilizou a palavra folclore pela primeira vez em um artigo publicado por ele. O termo deriva das palavras folk, que significa “povo”, e lore, que significa “saber”. A partir da publicação, diversos países passaram a adotar o 22 de agosto como o Dia do Folclore. No Brasil, o Dia do Folclore foi oficializado em um decreto presidencial de 1965.
Festas: o Carnaval e as Festas Juninas.
Danças e músicas: o frevo, o samba de roda e o cateretê.
Brincadeiras infantis: o pega-pega e o esconde-esconde; músicas como o “Marcha soldado” ou “Pombinha branca”.
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Em 5 de fevereiro de 2021, estreou na Netflix a série Cidade Invisível, que apresenta diversos personagens do folclore brasileiro, como o saci, a cuca, a matinta perera e o curupira. Devido à grande audiência da primeira temporada, a segunda estreou em março de 2023. A série conta com artistas como Alessandra Negrini, Marco Pigossi e Letícia Spiller.
Nas regiões que anteriormente foram povoadas pelos guarani, existe a lenda do boiguaçu, a “cobra grande”. A lenda é semelhante à do boitatá, sendo assim, boiguaçu é uma grande serpente que devora aqueles que fazem mal à natureza.
Nas antigas regiões mineradoras, como em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, o fogo fátuo é associado também à mãe do ouro, personagem do folclore que indica para os garimpeiros os locais das jazidas de ouro e que pune as pessoas más, sobretudo maridos que agridem suas esposas.
A palavra boi, com o significado indígena de “cobra”, está presente no nome de diversas cidades e bairros do Brasil, como Boituva (muitas cobras) e Boiçucanga (cobra de cabeça grande).
Câmara Cascudo, folclorista brasileiro, defendeu que a origem do boitatá se relaciona ao fogo fátuo e à anaconda, maior espécie de cobra da América do Sul e a segunda maior do mundo.
Uma cidade do interior de São Paulo chamada Joanópolis é considerada a capital do lobisomem. Muitos turistas são atraídos para a cidade atrás de histórias de lobisomem e das lojas que vendem artigos sobre o personagem.
Em 1913, foi lançado o primeiro filme sobre o lobisomem, chamado O lobisomem. No curta-metragem, uma mulher navajo se transformava em um lobo selvagem. Em 1935, a Universal Pictures lançou O lobisomem de Londres, filme de terror que fez sucesso em diversos países.
Atualmente a licantropia, como antigamente era chamado o processo pelo qual as pessoas se transformavam em lobos, é uma síndrome psiquiátrica na qual a pessoa acredita se transformar ou ser um animal. Ela é considerada uma síndrome rara. A hipertricose é um distúrbio no qual muitos pelos crescem no corpo da pessoa, inclusive no rosto. Pessoas com hipertricose eram associadas aos lobisomens no passado.
No Palácio do Piratini, a sede do governo estadual do Rio Grande do Sul e residência oficial do governador desse estado, há um salão principal, com o nome Salão Negrinho do Pastoreio. O salão é decorado com 18 obras, produzidas por Aldo Locatelli, que retratam a lenda.
Em 1973, foi laçado um filme sobre a lenda do negrinho do pastoreio. O filme contou com grande elenco, composto por Grande Otelo, Breno Mello e Darcy Fagundes, sendo dirigido por Nico Fagundes. A lenda do negrinho do pastoreio, ainda no século XIX, extrapolou as fronteiras do Rio Grande do Sul, sendo contada nos pampas da Argentina e do Uruguai, regiões que também tinham na pecuária a principal atividade econômica.
Créditos da imagem
Fontes
CASCUDO, L. da C. Folclore do Brasil. Editora Global, Rio de Janeiro, 2017.
MAGALHÃES, B. de. O folclore do Brasil. Edições do Senado Federal, Brasília, 2006.
NETO, S. L. Contos gauchescos e lendas do Sul. Editora L&PM, Porto Alegre, 1998.