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Negrinho do Pastoreio

Negrinho do pastoreio é uma lenda do folclore brasileiro. Fala de um garoto escravizado que foi torturado por um estancieiro e que ajuda no encontro de objetos perdidos.

Ilustração do negrinho do pastoreio, o personagem de uma das lendas do folclore brasileiro. O negrinho do pastoreio é uma lenda bastante popular no estado do Rio Grande do Sul.[1]

A lenda do negrinho do pastoreio fala de um menino escravizado que era órfão e devoto da Virgem Maria. Ele era propriedade de um estancieiro gaúcho, e, certa feita, estava responsável pelos cavalos do seu senhor, quando um deles fugiu. Esse menino foi punido violentamente e deixado para morrer em cima de um formigueiro.

Quando o estancieiro retornou para ver o garoto, deixado no formigueiro, viu que ele estava montado no cavalo perdido, com o corpo intacto e acompanhado da Virgem Maria. Na tradição popular, as pessoas que acendiam velas ao negrinho do pastoreio contavam com a ajuda dele para encontrar objetos perdidos.

Leia também: Curupira — uma das lendas mais conhecidas do folclore brasileiro

Resumo sobre o negrinho do pastoreio

  • Negrinho do pastoreio é uma lenda tradicional do folclore brasileiro.

  • Os historiadores apontam que essa lenda surgiu no Rio Grande do Sul.

  • A primeira menção a ela foi feita por um português no século XIX.

  • A lenda fala de um garoto escravizado que foi espancado e deixado para morrer, em cima de um formigueiro, por ter perdido um cavalo do seu senhor.

  • Foi salvo pela Virgem Maria.

  • É conhecido por ajudar as pessoas a encontrarem objetos perdidos.

Qual a história da lenda do negrinho do pastoreio?

A lenda do negrinho do pastoreio fala de um jovem negro escravizado na província do Rio Grande do Sul. Ele era cristão e órfão, e, por não ter mãe e pai, era chamado de negrinho apenas. Ele tinha a Virgem Maria como sua protetora.

A lenda do negrinho do pastoreio se inicia com uma corrida que ele apostou com o estancieiro que era seu “dono”, uma vez que o garoto estava escravizado. Depois de perder a disputa, o jovem ficou responsável por cuidar de alguns cavalos do seu senhor; mas, enquanto o fazia, adormeceu e um dos cavalos fugiu.

O cavalo que fugiu era um dos preferidos do dono, e, por conta disso, negrinho foi obrigado a ir para o campo procurá-lo. Apesar de tê-lo visto, não conseguiu capturá-lo. Enfurecido, o patrão espancou o negrinho até quase matá-lo e o colocou desacordado em cima de um formigueiro para que as formigas o matassem.

O patrão retornou ao formigueiro onde o havia deixado, e, chegando lá, encontrou o negrinho são e montado no cavalo que havia desaparecido; ao lado dele, estava a Virgem Maria. A visão fez com que o patrão se arrependesse de suas ações, pedindo perdão.

Depois disso, o negrinho seguiu pelo campo, conduzindo o seu pastoreio, além disso, passou a dedicar seus dias a ajudar as pessoas no encontro de coisas que elas perderam.

Outra versão da lenda fala que o filho do patrão havia perdido um cavalo, obrigando o negrinho do pastoreio a encontrá-lo. Quando o garoto retornou sem o animal, foi punido violentamente.

O negrinho do pastoreio aparece quando?

A vela é um elemento associado ao negrinho do pastoreio.

Na lenda, o negrinho do pastoreio ajuda as pessoas a encontrarem objetos perdidos. Para isso, basta acender uma vela para ele, que ele ajuda na busca pelo objeto perdido. Alguns dizem que a vela tem que ser acesa e colocada ao lado de um formigueiro; outros, que a vela deve ser colocada em um campo ou debaixo de uma árvore, devendo ser recitado “foi aí que eu perdi”. A partir de então, o negrinho do pastoreio se mobiliza em auxílio da pessoa.

Veja também: Mula sem cabeça — outro conhecido personagem do folclore brasileiro

Oração do negrinho do pastoreio

Existe uma canção composta por Barbosa Lessa, em 1957, que se chama “Oração ao negrinho do pastoreio”. Ela se tornou um dos símbolos da lenda, sobretudo na Região Sul, onde é mais popular. Vejamos a letra da canção:

Negrinho do pastoreio,
Acendo esta vela pra ti.
E peço que me devolvas,
A querência que perdi.
Negrinho do pastoreio,
Traze a mim o meu rincão.
Eu te acendo esta vela,
Nela está meu coração.
Quero ver meu lindo pago.
Coloreado de pitanga.
Quero ver a gaúchinha,
A brincar n’água da sanga.
Quero trotear pelas coxilhas,
Respirando a liberdade,
Que eu perdi naquele dia.
Que me embretei na cidade.
Negrinho do pastoreio,
Acendo esta vela pra ti
E peço que me devolvas
A querência que perdi.
Negrinho do pastoreio,
Traze a mim o meu rincão.
A velinha está queimando,
E aquecendo a tradição.

Qual a origem da lenda do negrinho do pastoreio?

A lenda do negrinho do pastoreio é tida como legitimamente gaúcha, sendo, muito provavelmente, originária do século XIX. O primeiro relato dessa lenda de que temos conhecimento é de 1857, realizado por um português chamado Antônio Maria do Amaral Ribeiro. O português, que atuava como cônsul, presenciou algumas cenas em que as pessoas demonstravam sua crença no negrinho do pastoreio.

Pouco tempo depois, em 1875, foi publicada uma obra pelo folclorista Apolinário Porto Alegre que recebeu o nome de O crioulo do pastoreio, em que a lenda foi abordada. Outros autores, como Simões Lopes Neto, em 1913, e Olavo Bilac, em 1924, publicaram livros que também abordam essa história.

A lenda do negrinho do pastoreio é considerada gaúcha, tendo vários elementos que reforçam sua associação com o Rio Grande do Sul do século XIX. O patrão é um estancieiro, o negrinho do pastoreio é um escravizado, os cavalos são figuras importantes etc.

Curiosidades sobre o negrinho do pastoreio

  • A influência da lenda do negrinho do pastoreio foi tão grande que até na Argentina era encontrada na figura do El Quemadito.

  • Alguns folcloristas chegaram a relacionar a lenda do negrinho do pastoreio com o saci-pererê, mas a associação foi rejeitada.

  • A lenda do negrinho do pastoreio é considerada cristã.

Outras lendas do folclore brasileiro

O folclore brasileiro é rico em lendas. Vejamos alguns exemplos:

Fontes

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Ediouro, s/d.

CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012. 

Por Daniel Neves Silva

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