O Egito Antigo foi uma das primeiras e mais duradouras civilizações da história. Os egípcios desenvolveram sistemas de escrita e construíram grandes obras, como as pirâmides.
O Egito Antigo é uma das mais importantes civilizações da Antiguidade. A história do Egito Antigo se iniciou há mais de 7 mil anos, quando populações do Norte da África se sedentarizaram, passando a viver no vale do Rio Nilo. Essas primeiras populações cultivavam diferentes alimentos, criavam animais e desenvolveram diversos sistemas de irrigação que possibilitaram a agricultura na região.
Há cerca de 5 mil anos se iniciou o período dinástico, quando os faraós passaram a governar todo o Egito. Esses faraós eram considerados deuses e, quando faleciam, eram mumificados e sepultados nas pirâmides. No Antigo Egito foram desenvolvidos os hieróglifos, sistema de escrita que foi utilizado por milhares de anos. Esse tipo de escrita era mais comum em lugares sagrados, como túmulos e templos.
Os egípcios também desenvolveram sistemas de escrita mais simples: a hierática e a demótica, as quais eram utilizadas no cotidiano. A religião do Antigo Egito era politeísta, e seus deuses se relacionavam com animais e elementos da natureza. Osíris, Isis, Hórus, Set, Hathor, Anúbis e Thot são alguns dos deuses do Antigo Egito.
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O Egito Antigo foi uma civilização que habitou a região às margens do Rio Nilo do IV milênio a.C. até 332 a.C.
Os egípcios viviam em uma monarquia teocrática, em que o faraó era visto como uma divindade. Narmer foi o primeiro faraó do Egito.
Trigo e cevada eram os principais alimentos cultivados pelos antigos egípcios.
As terras férteis e as águas do Nilo e de seus afluentes eram responsáveis por grandes colheitas.
A sociedade egípcia era altamente hierarquizada, com o faraó ocupando o topo da pirâmide social.
A religiosidade tinha grande importância no cotidiano do Egito Antigo.
Os egípcios mumificavam seus mortos pois acreditavam que, dessa forma, garantiriam a sua existência no pós-vida.
Para os egípcios todos, após a morte, seriam julgados no Tribunal de Osíris.
A civilização egípcia manteve sua independência até 332 a.C., quando o Egito foi conquistado pelas tropas de Alexandre, o Grande.
Parte da cultura egípcia sobreviveu por séculos após a conquista grega. Muitos costumes egípcios foram adotados por macedônios, gregos e romanos.
A história do Egito é muito antiga e se inicia há cerca de 7 mil anos. Nessa época os egípcios passaram a viver nas margens do Rio Nilo e praticar a agricultura, cultivando trigo, cevada e uvas. Com estes eram produzidos o pão, a cerveja e o vinho. Inicialmente os egípcios estavam organizados em dois reinos, o Alto e o Baixo Egito, e cada reino possuía um governante.
Os historiadores acreditam que Narmer, também chamado de Nemés, foi o primeiro faraó, ou seja, o primeiro governante que comandou todo o Egito, o Alto e o Baixo. Existem poucas fontes históricas relacionadas a Narmer e as datações por radiocarbono apontam que seu governo ocorreu em algum momento entre 3200 a.C. e 3000 a.C.
Narmer deu origem à primeira dinastia a governar o Egito, ou seja, a primeira família que governou o Egito. O poder era hereditário, quando o faraó falecia seu filho mais velho se tornava o novo faraó. Diversas dinastias governaram o Egito Antigo nos seus quase 3 mil anos de história.
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Mapa do Egito Antigo
A história do Antigo Egito pode ser dividida em duas partes, Período Pré-Dinástico e Período Dinástico. O Período Pré-Dinástico se inicou por volta de 5000 a.C., quando os egípcios passaram a praticar a agricultura nas margens do Nilo. Também criavam, no período, bovinos e caprinos.
O Período Dinástico egípcio, ou seja, a história do Egito após Narmer se tornar faraó, é dividido, geralmente, em três períodos:
Antigo Império;
Médio Império;
Novo Império.
No Antigo Império os faraós eram inicialmente sepultados em fossos subterrâneos, em mastabas, uma espécie de tronco de pirâmide feita de tijolos ou pedras. O corpo do faraó era sepultado em um fosso subterrâneo, localizado abaixo da mastaba. Esse fosso era preenchido com areia e entulho.
O arquiteto Imhotep, trabalhando para o faraó Djoser, construiu a primeira pirâmide, sobrepondo diversas mastabas, umas sobre as outras, edificando o que os egiptólogos chamam de pirâmide de degraus. Djoser ficou insatisfeito e exigiu uma pirâmide perfeita. Imhotep e seus construtores construíram uma pirâmide lisa, mas que ficou torta. Iniciaram então a construção de uma terceira pirâmide, que ficou pronta antes da morte do faraó Djoser, a Pirâmide Vermelha, a primeira pirâmide de face lisa.
Vale lembrar que na época na qual foram construídas as pirâmides elas eram revestidas com calcário, sendo brancas. O topo delas era revestido de ouro. O que vemos hoje são as ruínas das pirâmides.
No Médio Império, que se estende do século XX a.C. até o século XVI a.C., é um momento em que o poder dos faraós novamente se fortaleceu. Durante esse período o território egípcio cresceu, conquistando regiões da Núbia e do Levante. Os principais inimigos dos egípcios no período foram os hicsos. Para reprimir as tentativas de invasão hicsas, diversas fortalezas foram construídas na região do Delta do Nilo.
Novo Império é o último período da história do Egito Antigo. Nesse período os faraós foram sepultados no Vale dos Reis. O mais famoso faraó sepultado nesse local é Tutancâmon. Esse faraó ficou famoso em 1922, quando o arqueólogo Haward Carter encontrou seu túmulo, no qual estavam mais de 4 mil objetos do faraó, muito deles de ouro.
Nesse período ocorreu ainda a Batalha de Cades, chamada também de Batalha de Kadesh. Nessa batalha egípcios e hititas travaram o que é considerada a maior batalha de bigas da história. A batalha terminou sem um lado vitorioso, e hititas e egípcios assinaram o Tratado de Kadesh, considerado o primeiro tratado de paz da história.
A partir do ano XI a.C. diversos povos conquistaram o Egito, como assírios, persas, macedônios, romanos, entre diversos outros. Gradativamente a cultura do Egito Antigo foi desaparecendo.
O faraó era considerado um representante dos deuses aqui na Terra. Os egípcios viviam em uma “teocracia”, sendo “teo” = deus e “cracia” = poder, ou seja, “poder de Deus”. O faraó era considerado o dono de todas as terras e, por isso, todos os camponeses deviam impostos para ele.
Além de arrecadar os impostos o faraó era responsável pelo comando do exército e pela construção de obras públicas, como açudes, canais de irrigação, fortalezas, monumentos, estradas, portos, entre outras. Abaixo do faraó estava o vizir, uma espécie de primeiro-ministro do faraó. O vizir era nomeado pelo próprio faraó. Em alguns períodos do Médio Império, dois vizires dividiram o poder.
O faraó, a família real e o vizir ocupavam o topo da pirâmide social do Antigo Egito e eram seguidos por outros nobres e sacerdotes. Esses últimos eram responsáveis pelos rituais que, para os antigos egípcios, garantiam a ordem do mundo, como as chuvas regulares. Os sacerdotes recebiam impostos em seus templos.
Os escribas, as pessoas que liam e escreviam no Antigo Egito, tinham grande importância social. Muitos deles trabalhavam para o Estado, registrando recursos arrecadados, utilizados na guerra, na construção das pirâmides e diversos outros. Escribas também escreviam os “Livros dos Mortos”, que geralmente eram sepultados junto à múmia do falecido. Esses livros tinham grande valor econômico.
Os militares ocupavam uma posição intermediária na sociedade do Antigo Egito, assim como os comerciantes e artesãos. O Egito mantinha relações econômicas com diversas regiões da África, Ásia e Europa. A maior parte da sociedade do Antigo Egito era composta por camponeses, chamados de felás. Muitos felás trabalhavam durante uma época do ano na construção de obras públicas, como as pirâmides.
Quando trabalhavam nas obras eles eram pagos pelo Estado. Vale lembrar que o pagamento nessa época era em produtos, como carne, cerveja, pão, maquiagem, entre diversos outros produtos. Na base da pirâmide social estavam os escravos, geralmente inimigos conquistados nas guerras. Os escravos trabalhavam em diversas atividades nas áreas rurais e urbanas.
A civilização egípcia foi uma das mais importantes da Antiguidade e perdurou por quase três milênios. O Antigo Egito despertou o interesse de diversos povos, desde a Antiguidade, passando pelo Renascimento, Período Vitoriano e chegando ao mundo contemporâneo, onde o tema é recorrente no cinema e jogos eletrônicos.
Em 334 a.C., Alexandre, imperador da Macedônia, conquistou o Egito. Após a morte de Alexandre, um de seus generais, Ptolomeu, passou a governar o Egito, dando origem à dinastia ptolomaica. Os egípcios foram ainda conquistados pelos romanos e depois por muçulmanos, no século VII d.C.
A base da economia egípcia era a agricultura e os principais alimentos cultivados eram o trigo e a cevada, com os quais eram produzidos o pão e a cerveja. Os egípcios aproveitavam o ciclo das águas do Rio Nilo para cultivar. Em uma época do ano ocorria a cheia do rio, que trazia nutrientes das partes altas do rio. Quando as águas baixavam uma lama nutritiva ficava depositada nas margens do rio, sendo semeada pelos egípcios.
A abundância de água e de sol permitia que a produção fosse colhida antes da próxima cheia. Na época das cheias, quando não era possível praticar a agricultura, os felás eram empregados na construção de obras públicas e recebiam alimentos como salário.
Os egípcios também eram comerciantes, fazendo transações com diversos povos, como núbios, fenícios, hebreus, gregos, romanos e indianos. Pelo Egito passavam diversos produtos, como a madeira do Líbano, o ouro e marfim da Núbia e a púrpura dos fenícios.
Os egípcios eram politeístas, ou seja, acreditavam em diversos deuses. Esses deuses tinham aparência antropozoomórfica, híbrida de humano e animal. Rá era o Deus Sol, responsável pela vida no Egito, um dos principais deuses cultuados no Antigo Império.
Osíris, filho de Nut e Geb, foi talvez o deus mais cultuado no Antigo Egito, principalmente no Médio e Novo Império. Ele foi assassinado e esquartejado por seu irmão, Set, e seus pedaços foram distribuídos pelo Egito. Isis, esposa-irmã de Osíris, reuniu as partes do marido, que renasceu, passando a governar o reino dos mortos.
Os antigos egípcios acreditavam que suas almas, após a morte, seriam julgadas no Tribunal de Osíris. Nesse julgamento o coração da alma seria colocado em um prato de uma balança e no outro prato, a pena da verdade. Se o coração fosse mais leve do que a pena a pessoa poderia continuar a sua existência no pós-vida, do contrário sua alma seria devorada pelo deus crocodilo, Sobek, e sua existência acabaria.
Confira a imagem abaixo, que representa o Tribunal de Osíris:
Nela são representadas duas cenas. Na da esquerda, a alma observa seu coração sendo pesado por Osíris, Thot registra o resultado e é observado por Sobek. Na direita o falecido é levado por Hórus até Osíris. Outros deuses importantes no Egito foram:
Anúbis;
Thot;
Hathor;
Hórus;
Maat;
Bastet;
Sekhmet;
Ptá.
Para saber mais sobre a religiosidade egípcia, clique aqui.
A cultura egípcia foi considerada excessivamente ligada aos mortos pelos antigos gregos, mas a cultura egípcia estava, também, muito ligada ao mundo dos vivos e aos prazeres da vida. Para os egípcios a vida terrena deveria ser aproveitada e, por isso, existiam diversos feriados no ano, quando os trabalhadores comemoravam com música, dança, comida e bebida.
Todos os anos ocorria uma cerimônia em homenagem à deusa Hathor, quando todo egípcio deveria agradecer por cinco conquistas do ano anterior. Na arquitetura os egípcios ficaram conhecidos pela realização de grandes obras, como as pirâmides, obeliscos e templos como o de Abul Simbel.
Na arte, os artistas egípcios deveriam seguir diversas regras para realizar suas pinturas. Uma pessoa representada em uma pintura deveria ter o tronco apresentado de frente, os pés virados para o mesmo lado, a cabeça virada para o lado e um dos olhos sendo representado de frente para o espectador. Por causa das regras, a arte egípcia pouco evoluiu durante seus milênios de história.
Os egípcios estudaram com afinco os astros celestes, conseguindo estabelecer os pontos cardeais, e compreendendo os eclipses lunares e solares. Também desenvolveram o relógio solar e um calendário semelhante ao nosso. O calendário egípcio organizava a vida cotidiana, definindo a época do plantio e da colheita, por exemplo.
As cheias e as vazantes do Nilo eram fundamentais para a sobrevivência da população egípcia e, por isso, eles estudaram esse ciclo de “vida e morte do Nilo”. Em diversos lugares do Nilo foram criados “nilômetros”, construções que tinham por finalidade registrar o nível das águas do rio todos os dias. Com os registros os escribas conseguiam estabelecer o início das cheias e do recuo das águas.
A medicina foi outra área do conhecimento em que os egípcios se destacaram. Graças ao processo de mumificação, na qual os órgãos internos eram extraídos do falecido, os egípcios passaram a conhecer bastante a anatomia humana, entendendo como diversos órgãos funcionavam.
As guerras causavam traumatismos nos soldados, e muitas cirurgias ortopédicas foram feitas no Antigo Egito. O texto de um antigo papiro, chamado de Papiro de Edwin Smith, mostra que os egípcios entendiam o sistema cardíaco. O mesmo papiro associa a higiene pessoal à boa saúde.
Saiba mais: Anúbis — o deus egípcio dos mortos e da mumificação
Os egípcios tinham o dia do Festival da Bebedeira. Nessa data, que ocorria perto do ano novo egípcio, as pessoas realizavam festas e se embebedavam de cerveja e vinho. A comemoração ocorria em reverência à deusa Hathor.
Os principais deuses egípcios podiam ser representados por animais do Egito, como Hórus, o falcão; Anúbis, o chacal; Thot, o ibis; e Tuéris, deusa hipopótamo.
Os egípcios levavam o politeísmo a sério, possuindo mais de 3 mil deuses. Alguns deles só eram cultuados em poucas aldeias e não em todo o Egito.
Os egípcios faziam múmias de animais, como crocodilos, babuínos, falcões, gatos e leões.
O único tesouro intacto de faraó descoberto até hoje foi o de Tutancâmon, o faraó menino.
No túmulo de Tutancâmon foi encontrada a adega que foi produzida com o metal de um meteorito.
Homens e mulheres no Antigo Egito utilizavam maquiagem. A maquiagem podia ser utilizada como pagamento para os operários das pirâmides.
Os egípcios jogavam um jogo de tabuleiro chamado Senet. No túmulo de Tutancâmon foram descobertos diversos tabuleiros de Senet.
1 - O principal rio que cruza o Egito, sendo fundamental para a manutenção da vida naquele local, é conhecido como:
a) Ganges
b) Amazonas
c) Danúbio
d) Nilo
e) Amarelo
Resposta: Alternativa D
O Nilo é o principal rio do Egito ainda hoje. Foi nas suas margens que populações de caçadores-coletores passaram a praticar a agricultura há mais de 7 mil anos.
2 - “Para os egípcios, o outro mundo encerrava os mesmos prazeres desfrutados na terra, como a caça, pesca, lazer em família, boa comida e músicas. Mas, para ter acesso a tudo isso, o morto precisava ser absolvido num julgamento final.”
BRAICK. P.R.; MOTA, M. B. História: das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna, 2007. p. 53.
Qual era o deus responsável pelo julgamento dos mortos na religião do Antigo Egito?
a) Aton.
b) Isis.
c) Set.
d) Osíris.
e) Anúbis.
Resposta: Alternativa D
Os egípcios acreditavam que após a morte seriam julgados no Tribunal de Osíris.
Créditos das imagens
[2] Jon Bodsworth/ Wikimedia Commons
Fontes
BLANC, Claudio. O grande livro da mitologia egípcia. Editora Camelot, Teutônia, 2021.
SHAW, Garry J. Os mitos egípcios: um guia aos Antigos deuses e lendas. Editora Vozes, São Paulo, 2023.