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Civilização Fenícia

Conheça a Civilização Fenícia, que se destacou pela notável habilidade comercial e na navegação.

Ruínas fenícias de Motia, um centro comercial construído pelos fenícios no Sul da Itália Ruínas fenícias de Motia, um centro comercial construído pelos fenícios no Sul da Itália

Os fenícios foram um povo da Antiguidade que habitou o território conhecido como Levante e concentrou-se, principalmente, na região que atualmente corresponde ao Líbano. A palavra “Fenícia” tem origem no idioma grego e corresponde ao termo “phoinikes”, que era utilizado pelos gregos para fazer menção à tinta púrpura produzida pelos antigos fenícios. Os fenícios também ficaram conhecidos como sidônios, em referência à cidade fenícia de Sidon.

Eles ficaram famosos na Antiguidade por terem sido excelentes navegadores, e seus navios eram considerados os melhores de seu tempo. Os fenícios utilizaram sua habilidade em navegação para aumentar a influência de sua principal atividade econômica, o comércio. O alcance e a fama do comércio fenício foram gigantescos para a época.

Características da Civilização Fenícia

Os fenícios não formaram uma civilização com fronteiras definidas e poder centralizado, e isso aconteceu porque suas cidades desenvolveram-se como cidades-estado. Isso significa que cada cidade existente na Fenícia possuía uma administração independente, e a influência de seu poder estendia-se até os limites da própria cidade.

Os historiadores não sabem precisar se os fenícios consideravam a si próprios como pertencentes de um mesmo povo ou se essa identificação resumia-se apenas aos limites da cidade. Mesmo assim, sabe-se que as cidades fenícias partilhavam inúmeros aspectos em comum, como as tradições culturais, as crenças religiosas, o idioma etc.

As principais cidades existentes na Fenícia eram Sidon e Tiro, importantes centros econômicos e de poder da região, e a cidade de Biblos (os fenícios chamavam-na de Gebal) era também muito influente por causa do seu caráter de centro religioso, que ainda ocupava uma importância econômica na região.

Biblos recebeu esse nome dos gregos como referência ao papiro, que era um dos principais produtos vendidos naquela cidade. Por causa disso, os gregos pegaram a palavra “biblos”, usada para referir-se a livros, e passaram a usá-la para chamar a cidade fenícia, até então conhecida como Gebal. Biblos surgiu por volta de 4000 a.C. e, por volta de 1100 a.C., iniciou um processo de decadência muito relacionado com o crescimento de Tiro.

A cidade de Tiro surgiu em aproximadamente 2800 a.C., nas proximidades de outra importante cidade, Ushu. Com o crescimento de Tiro, Ushu transformou-se em parte de Tiro. Essa cidade fenícia foi um importante centro comercial e possuía um porto extremamente movimentado. O principal produto produzido em Tiro era a tinta púrpura, cuja produção ocorreu em algum momento a partir do século XIV a.C.

Por fim, o surgimento de Sidon aconteceu por volta de 4000 a.C., cidade que teve como principais produtos a tinta púrpura e a produção de vidros. Essa foi a maior cidade existente na Fenícia e, durante muito tempo, disputou a hegemonia na região com Tiro. O auge de Sidon deu-se no período de 1200 a.C. a 800 a.C.

Comércio dos fenícios

Os fenícios tornaram-se extremamente conhecidos por terem desenvolvido habilidades para a navegação marítima e para as atividades comerciais. A priorização dessas atividades por esse povo decorreu da condição geográfica da região, caracterizada pela existência de uma cadeia montanhosa que dificultava o desenvolvimento da agricultura em larga escala.

Atualmente, os historiadores sabem que o alcance dos navios fenícios foi grande e que conseguiu chegar à região da Britânia, a qual corresponde atualmente à Inglaterra. Esses navios utilizavam tanto os remos quanto a força dos ventos, a partir das velas. Os fenícios adornavam essas embarcações com uma cabeça de cavalo em homenagem ao deus fenício dos mares, conhecido como Yam.

Com o desenvolvimento comercial, as mercadorias produzidas pelos fenícios tornaram-se apreciadas e caras. O principal produto fenício, a tinta púrpura, era obtida a partir de um molusco típico do litoral da região, chamado múrice. Essa tinta fenícia era uma mercadoria tão apreciada e cara que a cor púrpura transformou-se em sinônimo de nobreza. Outras mercadorias fenícias apreciadas eram os vidros, a cerâmica, joias etc.

O largo alcance das embarcações e do comércio dos fenícios fez com que eles mantivessem contatos comerciais constantes com regiões distantes como Mesopotâmia, Egito, Chipre, Creta e outras regiões do litoral do Mar Mediterrâneo. Essa expansão comercial possibilitou que os fenícios fundassem diversas colônias em diferentes regiões litorâneas.

As colônias fenícias serviam como entrepostos comerciais permanentes que armazenavam mercadorias para serem comercializadas. Fundadas primordialmente visando à expansão da influência comercial dos fenícios, essas colônias não faziam parte de um projeto de expansão territorial (naturalmente, isso acabou acontecendo como consequência da instalação dessas colônias). A maior colônia fenícia foi Cartago, famosa por ter rivalizado com a cidade de Roma entre os séculos III e II a.C.

O grande fluxo do comércio dos fenícios levou-os a produzirem mecanismos de organização de entrada e saída de mercadorias. Para que os registros das vendas e compras pudessem ser mantidos, os fenícios criaram a primeira forma de escrita alfabética da humanidade. O alfabeto dos fenícios foi criado por volta de 1100 a.C. e foi legado aos gregos que, tempos depois, adicionaram as vogais a ele.

Decadência dos fenícios

A fase comercial dos fenícios iniciou-se a partir de 1500 a.C. e, no período de 1200 a.C. e 800 a.C., alcançou o seu auge. A prosperidade da Fenícia atraiu a ambição de povos estrangeiros que atacaram e dominaram a região, como os caldeus liderados por Nabucodonosor. A região da Fenícia foi integrada ao domínio do Império Macedônio a partir de conquista de seu território, em 332 a.C. A cidade de Tiro ofereceu resistência aos exércitos de Alexandre, o Grande e, por isso, a foi saqueada e teve seus cidadãos vendidos como escravos.

Por Daniel Neves Silva

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