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Causas da Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial foi o maior conflito da história da humanidade e estendeu-se de 1939 a 1945, deixando o tenebroso saldo de, aproximadamente, 60 milhões de mortos. Esse conflito é entendido como consequência direta da Primeira Guerra Mundial e é explicado de acordo com a tensão geopolítica existente na Europa da década de 1930.

Essa tensão no continente europeu foi quase inteiramente causada pelos alemães nazistas, liderados por Hitler. Os nazistas não aceitavam o desfecho da Primeira Guerra Mundial e procuravam vingança contra as nações que haviam lutado nela. Os historiadores consideram que o expansionismo germânico foi a causa direta que deu início à Segunda Guerra Mundial.

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Período entreguerras

A Segunda Guerra Mundial é resultado do que ficou mal resolvido da Primeira Guerra Mundial, conflito que aconteceu entre 1914 e 1918. A relação é tão direta que existem historiadores que consideram os dois conflitos como uma grande guerra que teve apenas um intervalo de 30 anos, embora essa visão não seja compartilhada pela maioria desses profissionais.

A crise econômica e política pós-Primeira Guerra contribuiu para o surgimento de regimes autoritários na Europa.[1]

O entreguerras é o período ocorrido entre o fim da Primeira Guerra e o início da Segunda Guerra. Esse período ficou marcado por transformações geopolíticas profundas, por uma forte crise econômica, pelo enfraquecimento da democracia liberal e pelo fortalecimento de regimes autoritários.

Depois da Primeira Guerra, o mapa europeu foi redefinido e uma série de nações, como a Polônia, surgiram. O caso da Polônia era simbólico porque essa surgiu em territórios que anteriormente eram dos russos e dos alemães. O ódio por esse país fez as duas nações cooperarem entre si na invasão e divisão dele posteriormente. Essa invasão ainda foi o estopim da Segunda Guerra, como veremos mais adiante.

O fortalecimento de movimentos de autodeterminação na Europa também começou a aumentar a ameaça para grupos minoritários, como os judeus e os ciganos. A destruição causada pela Primeira Guerra impulsionou o número de miseráveis no conflito e trouxe crise econômica para muitos países, sobretudo a Alemanha.

Esse cenário de pobreza e destruição fez com que os movimentos socialistas fortalecessem-se consideravelmente pelo continente europeu. O temor a respeito do socialismo fez com que várias pessoas apoiassem movimentos autoritários em diversos países. Com isso, progressivamente nações europeias caíram em regimes autoritários: Polônia, Alemanha, Itália, Espanha, Portugal, Áustria etc.

Esses movimentos autoritários tiveram seu crescimento reforçado quando a Crise de 1929 estourou e fez milhares de pessoas irem à falência e o desemprego disparar. Na Alemanha, por exemplo, o desemprego, no auge da crise econômica, alcançou alarmantes 44% da classe trabalhadora do país, segundo levantamento do historiador Eric Hobsbawm|1|.

Foi nesse cenário caótico que nasceu a Segunda Guerra Mundial, mas, para entendermos completamente as razões que levaram ao início do conflito, é fundamental acompanhar o processo político que a Alemanha viveu nesse período e que levou os nazistas ao poder.

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Ascensão do nazismo

O nazismo é fruto da derrota alemã na Primeira Guerra Mundial. Em 1918, a Alemanha estava à beira do colapso, e então os social-democratas tomaram o poder do país e negociaram a rendição alemã. Parte considerável da nação nunca aceitou a derrota e, depois da guerra, passou a adotar teorias conspiratórias para justificar a rendição.

Essas teorias, que circulavam fortemente em grupos da extrema-direita, defendiam que a rendição alemã foi parte de um complô de bolcheviques e judeus para humilhar o país. Os termos duros impostos pelo Tratado de Versalhes e toda a desorganização do país no período 1919-1933 contribuíram para que discursos autoritários, como o nazista, ganhassem força no país.

Após a Primeira Guerra, a alemã enfrentou uma terrível crise de hiperinflação, que desvalorizou a moeda do país.

Quando os nazistas assumiram o poder da Alemanha, em 1933, imediatamente começaram a realizar medidas para silenciar seus opositores. Uma vez estabelecidos com poderes absolutos, passaram a fortalecer o país para então começarem a impor os seus objetivos pela Europa. O primeiro passo era desafiar o Tratado de Versalhes.

Esse tratado era chamado pelos nazistas de diktat, expressão que passava a ideia de algo que era imposto à força. O primeiro passo dos nazistas em desafio a esse tratado foi reorganizar o exército alemão. Até então os alemães não podiam ter mais de 100 mil soldados e eram proibidos de ter marinha e aviação de guerra.

Os alemães deram a segunda demonstração de que não respeitariam o tratado quando remilitarizaram a Renânia, em 1936. Essa era uma região de fronteira entre França e Alemanha que deveria permanecer desmilitarizada, mas os alemães desafiaram britânicos e franceses ao enviaram tropas para lá.

A conivência de britânicos e franceses nessas situações incentivou Hitler a dar outro passo importante para seus objetivos: a expansão territorial. Esse foi o fator direto que deu início ao conflito mundial, no entanto, para entendermos como esse passo levou a Europa à guerra, é necessário vermos o contexto da década de 1930.

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  • Expansionismo germânico

O expansionismo e a guerra eram elementos centrais da ideologia nazista. Uma vez que o país estava militarmente fortalecido, os alemães partiram para a conquista de territórios, e os dois primeiros alvos foram Áustria e Checoslováquia. A primeira foi anexada à nação alemã, em 1938, em um episódio conhecido como Anschluss.

A situação da Checoslováquia, por sua vez, criou certa tensão entre alemães, britânicos e franceses. O recorrente expansionismo dos germânicos incomodou os dois últimos quando ambos demonstraram interesse em uma região da Checoslováquia chamada Sudetos. Para resolver isso, foi organizada a Conferência de Munique, em 1938.

Mulher chora ao presenciar a chegada dos alemães na Checoslováquia. Não sabemos até hoje se foi um choro de tristeza ou de alegria.[1]

Nessa conferência, Chamberlain e Daladier, primeiros-ministros do Reino Unido e da França, respectivamente, impuseram a chamada política de apaziguamento. Nela, eles permitiram a anexação da Checoslováquia pelos alemães em troca de um compromisso assinado por Adolf Hitler de que ele não teria novas exigências territoriais.

Por que britânicos e franceses mantinham essa postura ponderada e conivente com Adolf Hitler, mesmo ele tendo desafiado as duas nações diversas vezes? Isso se explica pelo fato de que a experiência da Primeira Guerra tinha sido muito traumática para essas duas nações, que passaram a realizar o que fosse preciso para evitar um novo conflito contra os alemães.

Hitler blefou na Conferência de Munique, e, já em 1939, a Polônia tornou-se o alvo da vez. A ideia do ditador alemão era formar o “espaço vital” — território que julgava ser necessário para que os alemães (chamados de arianos por ele) pudessem viver. Esse espaço, em geral, localizava-se em territórios da Europa Central e do leste europeu.

  • Início da Segunda Guerra Mundial

A invasão da Polônia, em 1939, marcou o início da Segunda Guerra Mundial.[1]

Em 1939, a bola da vez dos nazistas era a Polônia. A retórica alemã contra os poloneses endureceu-se e deixou claro os objetivos nazistas. Para resguardar-se, os poloneses conseguiram acordos com britânicos e franceses para que seu país fosse defendido por ambos, caso a Alemanha atacasse-os.

Hitler, porém, não esperava que britânicos e franceses cumprissem suas promessas de declarar guerra caso a Polônia fosse invadida. Os alemães então forjaram um ataque polonês em uma rádio alemã na região fronteiriça e, em 1º de setembro de 1939, invadiram a Polônia. No dia 3, britânicos e franceses declaravam guerra contra a Alemanha e, assim, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial.

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Outros conflitos

Apesar da Segunda Guerra Mundial ser, em grande parte, consequência do expansionismo germânico, outros acontecimentos da época deixam bem claro que o clima no mundo era de tensão e que a possibilidade de uma guerra era real. Somente na década de 1930, aconteceram, em diferentes partes do mundo:

  • Invasão da Etiópia por tropas italianas, em 1935;

  • Invasão da China pelo Japão, em 1931;

  • Segunda Guerra Sino-Japonesa, a partir de 1937;

  • Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939;

  • Invasão da Albânia pelos italianos, em 1939;

  • Conflitos entre soviéticos e japoneses na Mongólia, em 1939.

Nota

|1| HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 97.

Créditos das imagens

[1] Everett Historical e Shutterstock

Aproveite para conferir as nossas videoaulas relacionadas ao assunto:

Por Daniel Neves Silva

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