Urbanização é o processo de crescimento da população e do espaço físico das cidades, tendo como principais causadores a industrialização e o êxodo rural.
Urbanização é o nome dado ao processo de crescimento da população e do espaço físico das cidades, tendo como principais causadores a industrialização e o êxodo rural. No caso da urbanização brasileira, além da ampliação do setor secundário, a modernização do campo foi um fator que condicionou uma forte corrente migratória para os centros urbanos. Com isso, na década de 1970, mais da metade da população do país estava vivendo em cidades. A urbanização, quando acontece sem planejamento, tem consequências que vão desde problemas ambientais até o aprofundamento das desigualdades socioeconômicas e espaciais.
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A urbanização é o fenômeno de crescimento de uma cidade tanto em termos populacionais quanto espaciais. Junto do aumento do número absoluto de pessoas que habitam em uma determinada cidade, observa-se, também, a expansão da sua área física, que podemos chamar de tecido urbano. Por isso, a urbanização é entendida como um fenômeno demográfico e espacial.
A urbanização representa uma transformação no ordenamento espacial de uma dada localidade, motivo pelo qual ela possui inúmeras causas. Os principais fatores que produzem o crescimento do espaço urbano são aqueles relacionados com o desenvolvimento econômico e industrial do território. Confira, a seguir, uma lista com as principais causas da urbanização:
O processo de urbanização acontece de maneira diferente nos países desenvolvidos, que passaram pela industrialização e pela mudança produtiva em seu território entre o final do século XVIII e o início do século XIX, e nos países emergentes. No segundo grupo, as transformações econômicas e espaciais processaram-se a partir do século XX e condicionaram um tipo distinto de urbanização. Com base nisso, podemos falar na existência de dois tipos de urbanização.
O surgimento das primeiras cidades aconteceu há milhares de anos, ainda na Antiguidade, mas a urbanização teve início propriamente dita a partir da Primeira Revolução Industrial, que data do século XVIII, quando o modo de produção das cidades foi alterado em conjunto com o ambiente em que a atividade econômica se desenvolvia. Além disso, o campo havia se tornado, nesse momento, um espaço destinado à produção de alimentos e de matérias-primas para a recém-formada indústria.
As atividades industriais e, consequentemente, as oportunidades de trabalho, concentravam-se nos centros urbanos, que passaram a receber um contingente cada vez maior de pessoas. Esse movimento migratório do campo para a cidade é conhecido como êxodo rural. A partir disso, a população e o tecido urbano cresceram, embora a infraestrutura das cidades fosse precária. O processo de urbanização, portanto, tem início com a clara divisão entre as atividades urbanas e as atividades rurais. Hoje em dia, entretanto, essa separação não é mais tão evidente.
Nota-se que, mesmo nos países desenvolvidos, o processo de urbanização iniciou-se de forma desordenada. O advento do planejamento urbano, entretanto, acabou por resolver uma parte significativa dos problemas que vinham surgindo nas cidades, tornando-se ferramenta importante para as zonas urbanas em expansão. Por isso, diz-se que a urbanização que aconteceu nos países desenvolvidos foi lenta e ordenada quando comparada aos demais territórios.
Em países emergentes, como é o caso do Brasil, o processo de urbanização aconteceu de maneira rápida e desordenada, impulsionado pela modernização do campo e pelo intenso êxodo rural. Sem planejamento, o tecido urbano expandiu-se, mas não consegue, ainda hoje, atender a toda a população que vive nos limites urbanos, o que impacta diretamente a qualidade de vida dessas pessoas e o ordenamento espacial das cidades.
As consequências da urbanização dependem de como esse processo aconteceu. No geral, áreas que são urbanizadas através de processos desordenados apresentam impactos negativos que são observados no ordenamento espacial, no meio ambiente urbano e no cotidiano de sua população. Diante disso, são consequências da urbanização sem planejamento e feita de maneira desordenada:
A urbanização no Brasil é um processo que aconteceu tardiamente com relação aos países desenvolvidos. Existiam, sim, cidades no território brasileiro antes mesmo da implementação da indústria, com destaque para São Vicente, no litoral de São Paulo, que foi a primeira cidade do Brasil. Entretanto, foi somente a partir da década de 1930 que se observou o gradual declínio da população que vivia no campo e, por conseguinte, a expansão dos núcleos urbanos brasileiros. A ampliação do parque industrial e a diversificação do setor secundário no país contribuiu para que essa mudança continuasse acontecendo nas décadas seguintes, principalmente entre os anos 1950 e 1960.
Pode-se dizer que o que acentuou a urbanização no Brasil foi o processo de reestruturação produtiva no campo a partir da década de 1960. Em meio à Revolução Verde, que acontecia em diferentes partes do mundo, a incorporação de novas tecnologias na agropecuária brasileira, destacando-se o uso de maquinários no processo produtivo, obrigou muitas pessoas a deixarem suas casas no meio rural em busca de trabalho nas cidades. Houve, então, um intenso processo de êxodo rural. De aproximadamente 45% da população brasileira do período, o meio urbano brasileiro passou a contar com mais de 55%. Com isso, o Brasil havia se tornado um país urbanizado.
A urbanização do Brasil não foi planejada, e a expansão das cidades aconteceu de forma espontânea e muito rápida. Principalmente em centros como aqueles localizados no eixo Rio-São Paulo e nas capitais, são notórias as consequências desse fenômeno. A macrocefalia urbana, a poluição do ar e da água e as desigualdades socioeconômicas estão entre os principais problemas observados nas grandes cidades brasileiras.
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Tóquio é, hoje, a cidade mais populosa do mundo. Incluindo a sua área metropolitana, a capital japonesa reúne mais de 37 milhões de habitantes, o que corresponde a quase um terço da população do Japão. Na tabela abaixo, apresentamos as 10 maiores aglomerações urbanas do mundo. Note que os países da Ásia são aqueles mais presentes na lista, destacando-se Índia, China e Japão.
Cidades mais populosas do mundo |
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Cidade |
Localização |
População |
Tóquio |
Japão |
37,4 milhões |
Déli |
Índia |
28,5 milhões |
Xangai |
China |
25,5 milhões |
São Paulo |
Brasil |
21,6 milhões |
Cidade do México |
México |
21,5 milhões |
Cairo |
Egito |
20 milhões |
Mumbai |
Índia |
19,9 milhões |
Pequim |
China |
19,6 milhões |
Daca |
Bangladesh |
19,5 milhões |
Osaka |
Japão |
19,2 milhões |
As cidades são arranjos importantes de um território, sendo nelas que se concentram infraestruturas, ofertas de trabalho, estabelecimentos comerciais, hospitais, instituições de ensino, centros culturais e outros diferentes serviços que fazem parte da vida cotidiana das pessoas. Ao mesmo tempo em que os centros urbanos expandem-se e modernizam-se, perpetuam-se problemas que são desafios a serem encarados e superados de maneira a assegurar a qualidade de vida da população urbana e a melhor gestão do território. Nesse sentido, são alguns desafios da urbanização:
Questão 1
(UFRN)
“[...] Há algumas décadas, a pobreza no Brasil se concentrava no campo e em pequenas e médias cidades desprovidas de iniciativas empresariais. Atualmente, ela se concentra em grandes cidades, onde se acentuaram os contrastes sociais.”
O texto apresenta uma das faces do processo de urbanização brasileiro. Sobre esse processo, é correto afirmar que:
A) promoveu a redução do comércio e dos serviços devido à absorção de mão de obra no setor industrial.
B) iniciou a partir de núcleos urbanos localizados nas áreas interioranas do país.
C) acentuou a elevação das taxas de natalidade ao favorecer a concentração de pessoas nas cidades.
D) decorreu da industrialização e modernização do campo que acelerou a migração rural urbana.
Resolução:
Alternativa D.
A urbanização brasileira foi o resultado da industrialização e da modernização do campo, que promoveu o êxodo rural e ampliou, por isso, a população das cidades.
Questão 2
(Unicentro) O processo de urbanização no Brasil, fruto de uma industrialização tardia, realizada em um país de capitalismo dependente, trouxe uma série de problemas urbanos que não surgiram (ou que existiram com intensidade bem menor) nas cidades dos países desenvolvidos. Sobre os problemas e outros aspectos técnicos associados ao processo de urbanização no Brasil, assinale a alternativa correta.
A) O processo de urbanização brasileiro reflete o tipo de desenvolvimento que vem ocorrendo no país há várias décadas, no qual a distribuição de rendas é igualitária.
B) A organização habitacional encontrada nas cidades brasileiras, de pequeno, médio ou grande porte, devido à sua organização, não segrega socialmente.
C) O transporte coletivo (ônibus, trens ou metrô) atende plenamente as necessidades de locomoção da população trabalhadora e de baixa renda.
D) Água encanada e tratada, pavimentação de ruas, iluminação e eletricidade, rede de esgotos e telefonia constituem a infraestrutura urbana, que deve acompanhar o processo, mas que nem sempre atende a toda a população urbana.
E) A maioria expressiva das cidades brasileiras são servidas por redes de esgoto extensiva a toda a população urbana.
Resolução:
Alternativa D.
Os principais serviços de saneamento básico, a pavimentação das ruas e comunicações são elementos característicos do processo de urbanização, mas que, no Brasil, ainda não atendem a toda a população que vive nas cidades.
Fontes
IBGE. População rural e população urbana. IBGE Educa – Jovens, [S.I.]. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18313-populacao-rural-e-urbana.html.
LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: ensino médio, 3. São Paulo: Saraiva, 2016.
NERY, Carmen. Campinas, Florianópolis e Vitória são as novas metrópoles brasileiras. Agência IBGE Notícias, 25 jun. 2020. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/28043-campinas-florianopolis-e-vitoria-sao-as-novas-metropoles-brasileiras.
SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. São Paulo: Editora Hucitec, 1993.
SCARLATO, Francisco Capuano. População e urbanização brasileira. In: ROSS, Jurandyr L. Sanches. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2019. 6 ed. 3 reimpr.549p.