Os assírios foram um povo mesopotâmico que habitava o norte dessa região, sendo muito conhecidos por serem grandes comerciantes. A partir do século XIII a.C., eles iniciaram sua expansão pela Mesopotâmia por meio de um grande exército. Entraram em decadência no século VII a.C., logo após o término do reinado de Assurbanípal.
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Os assírios eram um dos povos que habitavam a Mesopotâmia, residindo especificamente ao norte dessa região. O historiador Paul Kriwaczek afirma que eles provavelmente surgiram da mescla de povos que habitavam o sul da Mesopotâmia (próximo da Babilônia) e de povos originários dos vales do norte |1|.
O poderoso Império Assírio se desenvolveu a partir da cidade de Assur, que começou a ganhar proeminência por volta de 1900 a.C. Acredita-se que a cidade tenha surgido em algum momento do terceiro milênio. A conquista de importância da Assíria está relacionada com os laços comerciais que esse povo desenvolveu na Anatólia (região da atual Turquia).
Os historiadores sabem que, por volta dos séculos XX a.C. a XVIII a.C., os assírios desenvolveram espécies de colônias comerciais nessa região, destaque para a de Karum Kanesh. Eles tinham recebido autorização das autoridades locais para se estabelecer nessas terras e comerciar localmente. Isso contribuiu para o enriquecimento assírio.
Ainda assim, nessa época, os assírios não eram a potência militar pela qual ficaram conhecidos historicamente. Nesse contexto, mesmo prosperando, eles não eram poderosos suficientes para garantir sua autonomia e isso fez com que eles se tornassem vassalos de um dos impérios existentes na Anatólia. Os hurritas fizeram dos assírios seus vassalos por volta do século XVI a.C.
Isso causou uma grande mudança na ideologia de Estado dos assírios e levou ao desenvolvimento de um forte militarismo na região. Acredita-se que o domínio estrangeiro tenha sido fundamental nessa mudança, mas fala-se também no fato de que a Assíria era uma região vulnerável a ataques de todas as direções possíveis. Assim, para sobreviver, era necessário se fortalecer.
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O ponto de partida para o estabelecimento do Império Assírio ocorreu no final do século XIV a.C., quando o reino dos hurritas, Mitani, foi invadido pelos hititas. O rei hurrita foi morto e sua capital foi saqueada pelo hititas. Então, os assírios reagiram aos acontecimentos e, juntos dos hititas, partilharam as terras que pertenciam a Mitani.
O rei assírio na ocasião era Assur-Ubalit e logo ele começou a se impor como um dos grandes reis da Mesopotâmia. Ele estabeleceu contatos com os egípcios, estreitando laços com esse povo, e a cidade de Assur passou a rivalizar com a Babilônia. A expansão do Império Assírio, no entanto, foi marcada por avanços e recuos.
Os contatos com os hurritas e com os hititas forneceram conhecimentos importantes aos assírios. A metalurgia e o uso de bigas nos campos de batalhas foram fundamentais para os assírios formarem seu império. Até o século X a.C., os avanços assírios foram irregulares, mas a partir daí viveram seu auge.
No século VIII a.C., por exemplo, as tropas assírias podem ter alcançado o total de 50 mil soldados, um número muito elevado para os padrões da época. Esse século foi também o momento do auge territorial desse povo. Segundo Paul Kriwaczek, os domínios incorporavam quase todo o Oriente Próximo e seguiam a Crescente Fértil, estendendo-se de Elam (atual Irã) até a costa do Mediterrâneo no Egito|2|.
Também no século VIII a.C., a capital do Império Assírio foi transferida de Assur para Nínive. Essa cidade ficou marcada na história por ser o local onde foi construída uma das mais famosas construções da Antiguidade: a Biblioteca de Nínive. Esse edifício foi construído por ordem de Assurbanípal II, um dos reis assírios mais conhecidos.
Os assírios foram um dos povos mais militarizados da Antiguidade e que mais tinham uma postura expansionista. Entretanto, como vimos, foi somente após o século X a.C. que eles conseguiram se impor sobre os povos vizinhos.
Seu exército era bem equipado e bastante organizado, sendo um dos primeiros exércitos profissionais da história. Eles possuíam:
formações de infantaria muito bem equipadas, com armamentos de metal;
lanceiros;
divisões de artilharia formadas por arqueiros e fundeiros;
tropas de elite formadas por cavaleiros que montavam em bigas e eram puxados por cavalos. Os soldados presentes nas bigas tinham armamentos suficientes para tornar-se infantaria, caso fosse necessário.
Em batalha os assírios eram ferozes e os povos conquistados sofriam com a violência e a crueldade assíria. Para garantir a fidelidade desses locais e promover a assimilação da população com os costumes assírios, as autoridades da Assíria promoviam deportações da população, levando povos conquistados para o interior da Assíria e levando populações assírias para as terras conquistadas.
Isso, do ponto de vista assírio, não era um castigo, mas apenas uma forma de cumprir com as obrigações para com o rei. Os povos conquistados eram considerados cidadãos assírios da mesma forma que aqueles que haviam nascido na Assíria e, portanto, cumpriam com as mesmas obrigações e tinham os mesmos direitos.
Inclusive, Paul Kriwaczek sugere que nenhum povo mesopotâmico procurou garantir o bem-estar de sua população tal qual os imperadores assírios|3|. A Assíria, por exemplo, foi o primeiro local da região a garantir um dia de descanso aos trabalhadores por semana. Além disso, os assírios possuíram uma ciência e literatura bastante desenvolvidas.
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A decadência assíria se iniciou com a morte de Assurbanípal II. O reinado desse imperador se estendeu por mais de quatro décadas e ele teve um controle muito grande sobre seu império. Os seguintes reis da Assíria foram considerados fracos e contribuíram para o enfraquecimento desse povo. Isso permitiu que outros povos avançassem sobre as terras assírias.
Em 612 a.C., tropas medas lideradas por Ciaxares invadiram a Assíria e, com apoio dos babilônios, conquistaram a região. As terras assírias foram divididas entre os medos e os babilônios (caldeus). O último imperador assírio, Sinsariscum, foi morto e uma nova força hegemônica surgiu na Babilônia. Era a vez dos caldeus.
Notas
|1| KRIWACZEK, Paul. Babilônia: a Mesopotâmia e o nascimento da civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2018, p. 268.
|2| Idem, p. 303-304.
|3| Idem, p. 267.