Atenas era uma das principais cidades da Grécia Antiga e foi onde a democracia surgiu, no século VI a.C., depois das reformas realizadas por Clístenes. A região de Atenas é habitada desde o Neolítico, e acredita-se que a cidade já existia durante a Civilização Micênica. Seu nome foi escolhido como homenagem à deusa Atena.
Atenas cresceu consideravelmente durante o Período Arcaico, e, durante o Período Clássico, tornou-se uma das maiores cidades gregas, rivalizando com Esparta. Os modelos dessas duas cidades eram distintos, mas, mesmo rivais, elas se uniram contra os persas durante as Guerras Médicas. Depois disso, Atenas e Esparta entraram em guerra, com Atenas sendo derrotada em 304 a.C.
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Estudos realizados pela arqueologia demonstram que a presença humana na região de Atenas é de, mais ou menos, oito mil anos atrás. Sendo assim, existem vestígios que apontam que seres humanos estabeleceram-se nessa região ainda no Período Neolítico.
A presença humana em Atenas resultou no surgimento de uma comunidade organizada por volta do segundo milênio a.C. Acredita-se que lá existia uma comunidade estabelecida que poderia ainda ter feito parte da Civilização Micênica. Inclusive, vestígios arqueológicos demonstram que existiam fortificações na região da Acrópole e que, possivelmente, havia um palácio por lá.
Acredita-se que a comunidade que existia em Atenas nesse período tenha entrado em decadência quando a Grécia foi invadida pelos povos do mar (de origem geográfica desconhecida) e pelos dórios. Esse fim foi acompanhado pelo de toda a região habitada pelos micênicos.
A partir do Período Arcaico da história grega, a região começou a reorganizar-se e a comunidade começou a crescer. A população aumentou, o comércio tornou-se mais próspero e a organização social foi se tornando mais complexa. Foi por meio dessa organização que se estabeleceu a democracia em Atenas.
Na mitologia grega, o nome da cidade teria sido uma homenagem à deusa Atena após um concurso do qual a população local participou.
A cidade de Atenas ficou marcada na história por ter sido um ambiente propenso ao desenvolvimento intelectual e artístico, e muitos atribuem isso ao desenvolvimento da democracia, um sistema que estabeleceu na cidade uma cultura que permitia aos cidadãos manifestarem-se livremente.
Vimos que o crescimento de Atenas durante o Período Arcaico foi acompanhado de medidas que visavam a organização institucional da cidade. O pontapé inicial para essa organização institucional e o estabelecimento de normas que regiam a vida da comunidade foram dados pelo legislador Drácon, em meados do século VII a.C.
À medida que Atenas foi crescendo, houve uma grande concentração de riquezas que fazia com que camponeses empobrecidos precisassem tornar-se escravos para pagar as dívidas que possuíam. Essa situação criou um cenário em que parte da população ateniense começou a abandonar a cidade para estabelecer-se em outras regiões a fim de sobreviver.
Essa foi a colonização grega, momento em que os gregos começaram a fundar colônias em outros locais. Além da colonização, houve revoltas sociais em Atenas, e a continuidade dessa situação deixou claro que eram necessárias medidas que pudessem estabilizar a cidade. Foi então que Drácon elaborou uma série de leis para Atenas por volta de 621 a.C.
As leis de Drácon foram consideradas muito rígidas e, em 594 a.C., foram reformadas pelo legislador Sólon. A reforma de Sólon deu o pontapé para que a democracia em Atenas surgisse no final do século VI a.C. Ele aboliu a escravidão por dívidas e dividiu a cidade em quatro tribos, sendo que, quando mais rica a tribo, maiores os direitos políticos de que ela gozaria.
Entre 510 a.C. e 507 a.C., o legislador Clístenes promoveu novas reformas em Atenas, e o que foi estabelecido por ele é considerado pelos historiadores como o marco para o surgimento do sistema democrático. Por meio dessas reformas, estabeleceu-se o seguinte:
A cidade seria dividida em 10 tribos de acordo com a localização de cada cidadão;
A Bulé, conselho que propunha a leis, foi expandida para 500 membros;
Todos os cidadãos atenienses poderiam reunir-se na Eclésia, a assembleia onde as decisões eram tomadas.
O modelo de Clístenes consolidou-se em Atenas e foi expandido para todas as cidades da Ática, região onde foi fundada Atenas. A democracia ateniense foi um marco para a Grécia, pois estabeleceu uma alternativa ao modelo de pólis aristocrática. No entanto, ela ainda era um modelo bastante limitado, pois excluía mulheres e estrangeiros, por exemplo. Caso queira saber mais sobre o início do sistema político que está ainda presente em boa parte do mundo, leia: Democracia ateniense.
Quando falamos em Atenas, é quase inevitável que nos lembremos de Esparta, sua grande rival. A cidade de Esparta ficava ao sul da Grécia, em uma região chamada Lacônia, localizada na Península do Peloponeso. Os espartanos descendiam dos dórios e tinham uma organização social totalmente distinta da que existia em Atenas.
Esparta era uma uma pólis aristocrática, em que uma minoria de aristocratas gozava dos direitos políticos e de uma série de outros privilégios. Esses eram os esparciatas e detinham a cidadania. Além deles havia os hilotas, classe de semiescravos explorados e constantemente vítimas da violência dos esparciatas. Por fim, havia os periecos, homens livres que se dedicavam a funções que os esparciatas não poderiam assumir, como o comércio. Também não participavam da política.
À medida que a Grécia foi se desenvolvendo, Atenas e Esparta tornaram-se grandes cidades com influência na diplomacia grega. Sendo assim, ambas sempre buscaram defender os seus interesses na Grécia, conseguindo o maior número de parceiros econômicos e expandindo o seu modelo de organização por outras pólis.
Atenienses e espartanos abriram mão de sua rivalidade em parte do século V a.C., por conta de uma ameaça estrangeira: os persas. As duas cidades uniram forças para expulsar os persas em uma guerra travada em duas etapas: a primeira entre 492-490 a.C. e a segunda entre 480-479 a.C. Essas foram as Guerras Médicas, conflito em que os gregos saíram vitoriosos.
A vitória nas Guerras Médicas logo fez com que as duas cidades retomassem sua hostilidade uma com a outra. Os atenienses prosperavam rapidamente com sua liderança na Liga de Delos, liga de cidades gregas formada durante a guerra contra os persas. Os atenienses usavam os recursos da liga em benefício próprio.
Essa situação incomodava Esparta, preocupada com o enriquecimento ateniense, e isso fez com que a hostilidade aumentasse. O estopim para a guerra entre elas foram as disputas de interesse travadas entre Atenas e Corinto, que era uma das grandes aliadas de Esparta. Corinto pressionou Esparta para que guerra fosse declarada, e os espartanos, que não queriam perder o apoio de Corinto, iniciaram o confronto contra Atenas em 431 a.C.
Essa foi a Guerra do Peloponeso, que se estendeu de 431 a.C. a 404 a.C. Esse conflito teve muitas fases, mas, no final, os atenienses foram derrotados. Nos seus últimos momentos, os atenienses estavam empobrecidos e viram sua cidade ser cercada pelos espartanos por seis meses. Em 404 a.C. eles se renderam para os espartanos, que destruíram as muralhas de Atenas e desfizeram o império marítimo ateniense. A cidade, no entanto, não foi destruída e os habitantes não foram escravizados.
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A história ateniense ainda ficou marcada pela existência de uma era de ouro, ou seja, um período de grande desenvolvimento econômico e cultural. Foi esse período que marcou a cidade como a casa de grandes intelectuais gregos, como os filósofos. É considerado o momento de auge de Atenas e teve fim quando a cidade foi derrotada na Guerra do Peloponeso.
A era de ouro ateniense aconteceu durante o governo de Péricles, um dos maiores legisladores da história ateniense. Atenas atraiu artistas e intelectuais, como Heródoto, considerado o “pai da história”, Sócrates, um dos grandes nomes da filosofia, Aristófanes e Sófocles, destaques do teatro, e Píndaro, destaque na poesia, entre outros.
A decadência ateniense começou quando Péricles faleceu, em 429 a.C., vítima da misteriosa doença que atingiu Atenas entre 430 a.C. e 427 a.C. e ficou conhecida como Peste de Atenas. A derrota na guerra contra Esparta consolidou essa derrocada. No século IV a.C., Atenas passou para o domínio macedônio, e, no século II a.C., os romanos conquistaram-na.