A suástica é conhecida no Ocidente como o símbolo do Partido Nazista, mas sua origem é milenar e está relacionada com diversas religiões, como o hinduísmo e o budismo.
A suástica ou cruz gamada é um símbolo milenar que foi encontrado em diversos povos da Antiguidade. É caracterizada com uma cruz com pontas que se dobram à direita ou à esquerda. No Ocidente, esse símbolo ficou fortemente relacionado com o Partido Nazista, que se apropriou da suástica a partir de 1920.
Encontrada em diversos povos antigos da Europa, Ásia, África e América, é, ainda, um símbolo tradicional de religiões como o hinduísmo, budismo, jainismo e odinismo. Atualmente, portar uma suástica como apologia ao nazismo é crime no Brasil.
A suástica é um símbolo milenar que, na Antiguidade e em algumas culturas orientais, tem uma conotação religiosa. A suástica ou cruz gamada, como também pode ser chamada, é um símbolo com forte relação com a espiritualidade budista, hinduísta e janista. A palavra suástica, inclusive, deriva de svastica, termo no sânscrito que significa “boa sorte” ou “bem-estar”.
No Ocidente, a suástica passou a ser associada ao nazismo e ao extremismo conservador e genocida dessa ideologia e partido alemão. Isso aconteceu porque o nazismo se apropriou da suástica, transformando-a em um símbolo que passou a ser relacionado com a ideia de pureza racial dos arianos.
A suástica é um símbolo milenar que já foi encontrado em diversas culturas da Antiguidade na Ásia e na Europa. Existem evidências de 12 mil anos atrás que apresentam a suástica esculpida em pedras ou em pedaços de marfim, por exemplo. Além disso, já foram identificadas suásticas em artefatos encontrados no Irã que remontam há sete mil anos.
Os historiadores acreditam que o símbolo se difundiu no território indiano por volta de cinco mil anos atrás. Outros artefatos com a suástica foram encontrados em diferentes partes do Leste Europeu, nos Bálcãs, na Escandinávia, na Europa Central etc. Houve diferentes povos que fizeram uso desse símbolo, como indianos, eslavos, celtas, gregos e egípcios.
Existem também evidências de suásticas nas ruínas da cidade de Troia; na tribo ashanti, na atual Gana; e até no continente americano, entre os navajo, povo da América do Norte. Em todos esses casos, a suástica era um símbolo com uma conotação positiva, representando boa sorte, força, vida etc.
Arqueólogos e historiadores encontraram inúmeros artefatos que demonstram o uso da suástica em artigos de arte. Foram identificadas suásticas como artigos de decoração em diversas peças de cerâmica encontradas em locais na Europa e Ásia. Além disso, foram encontradas suásticas em colares, selos, moedas e petróglifos.
Em muitos casos, a suástica era um amuleto de sorte e também poderia se associar com a natureza ou com diferentes deuses. No caso da arquitetura, a suástica é muito encontrada em construções budistas, sendo um símbolo auspicioso.
A suástica é um símbolo muito tradicional no budismo, no hinduísmo, no jainismo e no odinismo. No hinduísmo, está vinculada com o deus Brama, simbolizando a evolução do Universo e o Sol, se em sentido horário, e a involução do Universo e a noite, se relacionada com Shiva. O símbolo também tem forte relação com um festival hindu Diwali.
No budismo, a suástica tem relação direta com Buda, sendo um símbolo de paz e prosperidade nessa religião. As representações budistas da suástica podem ser nos dois sentidos, mas, devido à associação com o nazismo, prefere-se atualmente sua representação à esquerda. No jainismo, a suástica também é um símbolo auspicioso, constando nos templos e livros sagrados.
O nazismo se apropriou da suástica, transformando-a em seu principal símbolo na década de 1920. Na verdade, o símbolo era bastante usado na Europa como um todo até a década de 1920, sendo tomado pelo nazismo. Antes do nazismo, a suástica simbolizava boa sorte, sendo um símbolo positivo, apesar de ter sido usada por outros grupos políticos extremistas e ultraconservadores.
O primeiro grupo alemão a usar o símbolo foi a Ordem dos Novos Templários, de 1907. A popularização desse símbolo na Alemanha teve relação com uma série de estudos arqueológicos realizados no século XIX e que demonstraram alguma proximidade histórica e cultural entre o alemão e o sânscrito e os germânicos e os arianos (indianos).
Assim, popularizou-se a ideia da superioridade ariana, o povo ariano era tido como de bons guerreiros na Antiguidade. Além disso, a suástica se estabeleceu como símbolo da ideia da superioridade ariana enquanto pureza étnica e um dos pontos centrais da ideologia nazista. A suástica era conhecida na Alemanha como Hakenkreuz (cruz de gancho), sendo introduzida no símbolo do Partido Nazista em 1920.
Hitler decidiu girar a suástica 45º graus à direita, pintá-la de preto e colocá-la dentro de um círculo branco com fundo vermelho. Estava formado o símbolo do nazismo, e as cores usadas eram as mesmas da bandeira do Império Alemão. O símbolo passou a ser largamente utilizado pelos nazistas.
Quando os nazistas ascenderam ao poder, em 1933, foi emitido um decreto determinando que a bandeira imperial alemã deveria ser hasteada junto da bandeira nazista, que tinha a suástica. Além disso, o Partido Nazista proibiu que a suástica se tornasse um símbolo comercial.
Em 1935, a bandeira nazista com a suástica tornou-se a bandeira oficial da Alemanha. Essa mudança foi anunciada pelas Leis de Nuremberg, de 15 de setembro de 1935. As Leis de Nuremberg eram formadas por três dispositivos, dos quais um era a Reichsflaggengesetz, a Lei da Bandeira do Reich. Por meio dela, determinou-se a transformação da suástica num símbolo nacional da Alemanha.
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O uso da suástica no Brasil para fins de apologia ao nazismo é proibido pela nossa legislação. A lei brasileira que fala disso é a de nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Ela define, com pena de reclusão de dois a cinco anos e multa, o crime de “fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo”. No uso religioso, como para hinduístas e budistas, não há proibição no uso da suástica.
O uso da suástica é uma questão polêmica em diferentes partes do planeta. Na Alemanha, por exemplo, o símbolo é terminantemente proibido por causa de sua associação com o passado nazista do país. Nos Estados Unidos, não há proibição para o uso da suástica, mesmo por defensores do nazismo, por conta das leis do país que concedem liberdade de expressão irrestrita para a sua população.
Em diferentes partes da Ásia, o símbolo é visto com normalidade por conta de sua associação com a religiosidade hinduísta e budista. É bastante comum que o uso asiático da suástica cause certo estranhamento em pessoas ocidentais, que têm no nazismo a maior referência de uso da suástica.
A suástica também é proibida em países como Letônia, Lituânia e Polônia e segue sendo bastante utilizada por grupos neonazistas.
Créditos da imagem
Fontes
BALAGUER, Esperanza. Por que teremos que nos acostumar a ver suásticas na próxima Olimpíada. Disponível em: https://brasil.elpais.com/icon_design/2020-01-24/por-que-teremos-que-nos-acostumar-a-ver-suasticas-na-proxima-olimpiada.html
CAMPION, Mukti Jain. Como o mundo amava a suástica, até os nazistas se apropriarem do símbolo. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-41793032
ENCICLOPÉDIA DO HOLOCAUSTO. A história da suástica. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/history-of-the-swastika
EVANS, Richard. J. O Terceiro Reich no poder. São Paulo: Planeta, 2014.
THOUGHTCO. The history of the swastika. Disponível: https://www.thoughtco.com/the-history-of-the-swastika-1778288
PLANALTO. Lei 7716. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7716.htm