A literatura é uma arte. Os textos literários são subjetivos, plurissignificativos e não utilitários. As obras literárias ocidentais mais antigas são Ilíada e Odisseia.
O que é literatura? Literatura é uma arte. As obras literárias podem ser líricas, narrativas ou dramáticas. Elas apresentam linguagem literária. Esse tipo de linguagem é caracterizada pela subjetividade, plurissignificação e ficcionalidade. Dizemos que a literatura possui uma função estética, ou seja, uma função artística, pois não apresenta a utilidade e objetividade dos textos não literários.
Leia também: Qual a diferença entre um texto literário e um não literário?
O que caracteriza o texto literário é a sua linguagem. Então, um conto, um romance, um poema, por exemplo, apresentam linguagem literária. Você sabe quais são as características dessa linguagem? Se não sabe, vou te dizer agora. A linguagem literária é subjetiva, ou seja, de caráter mais emotivo e particular.
Ela também apresenta “plurissignificação”. Essa palavra é grande e parece difícil de entender. Mas é muito fácil. “Pluri-” quer dizer “vários”. Portanto, o texto literário pode apresentar vários significados. Daí vem a ideia de interpretar um texto, ou seja, descobrir os sentidos do texto. Além disso, a literatura não é funcional ou utilitária (você vai entender isso melhor no próximo tópico).
Por fim, existem três gêneros literários distintos, com características próprias:
A literatura é uma arte e, por isso, ela não é funcional, ou seja, não apresenta utilidade prática. Para você entender melhor, responda a esta pergunta:
Qual a função de uma notícia?
Você deve ter respondido que a função da notícia é informar. E você tem razão!
Agora, responda à próxima pergunta:
Qual a função de uma poesia?
Tenho certeza de que você parou para pensar no assunto. Isso porque a poesia não tem uma função. Lembre que poesia é um texto literário. Então, quando falamos de poesia, estamos falando também de literatura. Portanto, a literatura não tem uma função.
É claro que você pode atribuir uma função à literatura, como, por exemplo, fazer sonhar, desenvolver a imaginação, estimular a reflexão, divertir etc. Mas tudo isso é muito pessoal. Afinal, você pode ler uma poesia e não se divertir nem refletir sobre algo. Mas seu amigo pode ler a mesma poesia e se divertir ou refletir sobre algo.
É porque o sentido de uma obra literária, assim como qualquer obra de arte, depende de quem a lê. Então, um poema ou um romance pode ter um significado para você e um significado diferente para o seu amigo. Isso porque vocês são pessoas diferentes, com histórias de vida diferentes e conhecimentos diferentes.
Já a notícia (por ser um texto não literário e, portanto, ser funcional ou utilitária) diz a mesma coisa para qualquer pessoa. Então, se você e seu amigo lerem a notícia de que a boneca Barbie está em promoção em determinada loja, os dois vão entender a mesma coisa. Pois a notícia deve cumprir a sua função de informar.
Por fim, apesar de a literatura não ter uma função específica, leitores e leitoras atribuem funções sociais a ela, tais como:
Veja também: Quem é o eu lírico em um poema?
Como dissemos há pouco, a literatura não tem utilidade prática. Afinal, textos artísticos não têm uma função específica. Assim, são os leitores e as leitoras que determinam a utilidade da literatura, de acordo com seus interesses pessoais. Por ser artístico, um texto literário é mais complexo do que um texto não literário.
Afinal, a produção de uma obra de arte é mais complexa do que a produção de um texto funcional. Escrever um conto ou um romance exige muito mais habilidade do que escrever uma bula de remédio. E ler um conto ou um romance exige mais do que a leitura de uma bula de remédio.
Todas as pessoas que leem uma bula de remédio ficam informadas sobre as características do remédio. Mas se essas mesmas pessoas lessem um determinado conto, cada uma delas teria uma percepção particular da história. Se a literatura existisse em função de uma serventia, o conto estaria em pé de igualdade com a bula de remédio e teria uma função óbvia, como a bula tem a função de informar. Mas isso não acontece.
Você já percebeu que a literatura é algo especial, não é mesmo? Ela, assim como outros tipos de arte, faz parte da tradição ou da identidade de um povo. Então ela serve para manter e fortalecer a tradição de um país? Essa é apenas uma possibilidade e não uma função predeterminada.
Existem diversos tipos de literatura. Por isso, vamos apontar somente alguns:
Vale lembrar que cada país tem sua própria literatura, com características específicas, que estão de acordo com a história do país.
Estes são os assuntos que você estuda na disciplina de Literatura:
Os elementos da linguagem literária são:
Além disso, os gêneros lírico, narrativo e dramático possuem elementos próprios:
As rubricas são as orientações do autor ou da autora da peça, a qual é escrita para ser encenada.
É difícil dizer, exatamente, qual é a origem da literatura. Afinal, antes de as pessoas escreverem histórias, elas já contavam histórias, além de cantar cantigas, que passavam de geração a geração. Então, em um passado remoto, a humanidade tinha uma literatura apenas oral.
Porém, é possível dizer quais são as obras literárias mais antigas de que se tem notícia. Você já ouviu falar da Ilíada e da Odisseia, não é mesmo? Elas são dois poemas épicos, isto é, histórias com heróis, escritas em verso. Elas são as obras mais antigas da literatura ocidental. E seu autor é o poeta grego Homero, que nasceu aproximadamente no ano 928 antes de Cristo.
A Grécia antiga é o berço da civilização ocidental, pois certos conhecimentos e obras produzidos ali perduram até hoje. Além das obras de Homero, sobreviveram algumas peças de teatro, pois os gregos amavam o teatro. E também chegaram até nós as fábulas de Esopo. Ele nasceu aproximadamente no ano 620 antes de Cristo e é autor de fábulas como A cigarra e a formiga.
Saiba mais: O que é um conto fantástico?
Questão 1
A casa
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Rua dos Bobos
Número zero.
Vinicius de Moraes.
O poema A casa, do poeta brasileiro Vinicius de Moraes, é uma obra literária porque:
A) tem a função de informar.
B) tem caráter conotativo.
C) possui linguagem objetiva.
D) tem caráter denotativo.
E) é do gênero dramático.
Resolução:
Alternativa B.
A poesia faz parte do gênero lírico e tem uma função estética, ou seja, não tem utilidade prática, como informar, por exemplo. A linguagem é subjetiva, pois expressa a visão particular do eu lírico (a voz que fala no poema). Portanto, o texto não é denotativo, pois apresenta linguagem conotativa: personifica a casa ao dizer que ela é engraçada, além de dizer que a casa não tem teto, chão nem parede. Isso sugere que a casa mencionada é uma metáfora, já que a casa, enquanto objeto físico, parece não existir. Portanto, como obra literária, o poema precisa ser interpretado.
Questão 2
Todos os elementos abaixo estão relacionados à literatura, exceto:
A) Conotação e subjetividade.
B) Narrador e personagens.
C) Versos e rimas.
D) Ficcionalidade.
E) Função de instruir.
Resolução:
Alternativa E.
O texto literário é conotativo e subjetivo. A narrativa apresenta narrador e personagens. Os poemas possuem versos e rimas. A literatura tem caráter ficcional. E, portanto, não tem a função de instruir, pois tal função é típica de textos não literários, como, por exemplo, receita de bolo e manual de instrução.
Créditos da imagem
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
CLAVER, Ronald. Uma pitada de poesia em cada dedo de prosa. Belo Horizonte: RHJ, 2009.
GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.
MORAES, Vinicius de. A casa. In: MORAES, Vinicius de. A arca de Noé. Rio de Janeiro: Sabiá, 1970.
OLIVEIRA, Gustavo Junqueira Duarte. Os poemas homéricos nos manuais de História Antiga: autoria, autoridade sobre o passado e o mito das origens da sociedade grega antiga. Revista de História, São Paulo, v. 181, 2022.
SARTRE, Jean-Paul. ¿Qué es la literatura? 7. ed. Traducción de Aurora Bernárdez. Buenos Aires: Editorial Losada, 1981.