Versos encantados: Conheça a beleza e a simplicidade em cinco poemas de Carlos Drummond de Andrade!
Nada como um pouco de poesia para melhorar a vida, não é verdade? Ler belos versos carregados de emoção e lirismo pode ser uma ótima opção para quem quer conhecer um pouco mais sobre a Literatura Brasileira. Pensando nisso, o Escola Kids traz para você um pouco sobre a vida e a obra de um de nossos maiores poetas: um mineiro universal chamado Carlos Drummond de Andrade.
Carlos nasceu na cidadezinha mineira de Itabira, no dia 31 de outubro de 1902. Muito cedo iniciou sua carreira como escritor e, ao longo de sua vida, conciliou a Literatura com o serviço de funcionário público no Ministério da Educação. Escreveu muitos poemas - gênero que o consagrou -, contos e crônicas em jornais do país. Sua poesia é considerada existencialista, pois reflete a condição do homem no mundo de uma maneira muito especial. Para você ficar curioso e ter vontade de conhecer um pouco mais sobre Drummond, selecionamos para você belos poemas que vão te deixar mais perto do universo lírico desse que é considerado o maior poeta brasileiro. Boa leitura!
Entre as principais características da poesia de Drummond estão a ironia, o humor e a análise metafísica do mundo
Para Sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Parêmia de cavalo
Cavalo ruano corre todo o ano
Cavalo baio mais veloz que o raio
Cavalo branco veja lá se é manco
Cavalo pedrês compro dois por mês
Cavalo rosilho quero com filho
Cavalo alazão a minha paixão
Cavalo inteiro amanse primeiro
Cavalo de sela mas não pra donzela
Cavalo preto chave de soneto
Cavalo de tiro não rincho, suspiro
Cavalo de circo não corre uma vírgula
Cavalo de raça rolo de fumaça
Cavalo de pobre é vintém de cobre
Cavalo baiano eu dou pra fulano
Cavalo paulista não abaixa a crista
Cavalo mineiro dizem que é matreiro
Cavalo do sul chispa até no azul
Cavalo inglês fica pra outra vez.
A Palavra Mágica
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procure sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
Lagoa
Eu não vi o mar.
Não sei se o mar é bonito,
não sei se ele é bravo.
O mar não me importa.
Eu vi a lagoa.
A lagoa, sim.
A lagoa é grande
e calma também.
Na chuva de cores
da tarde que explode
a lagoa brilha
a lagoa se pinta
de todas as cores.
Eu não vi o mar.
Eu vi a lagoa...
Por Luana Castro
Graduada em Letras
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