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História

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Mao Tsé-Tung

Mao Tsé-Tung foi um dos grandes nomes do século XX e tem uma história de vida marcada pela polêmica. Foi o líder da Revolução Chinesa, que transformou o país em uma nação socialista a partir de 1949. Da revolução até o fim de sua vida, foi uma das pessoas mais influentes e poderosas dentro da China e esteve por trás de acontecimentos marcantes desse país. Acredita-se que, durante seu governo, de 40 a 70 milhões de pessoas tenham morrido.

Acesse também: Guerra da Coreia: conflito que teve ampla participação de soldados chineses

Vida privada

Mao Tsé-Tung (conhecido em outra transliteração como Mao Zedong) nasceu no dia 26 de novembro de 1893, na cidade de Shaoshan, província de Hunan, China. Era filho de um fazendeiro bem-sucedido dessa região chamado Mao Yichang, e sua mãe chamava-se Wen Qimei.

Por influência dessa, estudou em uma instituição confucionista até os 13 anos de idade, e então retornou para a sua casa a fim de auxiliar no trabalho da fazenda. Logo seu pai arranjou uma moça para casar-se com Mao, aos 14 anos de idade. O futuro líder da revolução chinesa casou-se contra a sua vontade, e os biógrafos contam que Mao abandonou sua esposa, Luo Yixiu, na casa de seus pais.

Em 1911, Mao iniciou os seus estudos no correspondente ao Ensino Médio chinês, na cidade de Changsha. Naquele ano, acontecimentos políticos importantes marcaram a China e aproximaram-no da política. Em 1911, a monarquia chinesa foi deposta e a república foi instaurada no país por meio da Revolução Xinhai.

Mao Tsé-Tung (1893-1976) foi o líder da Revolução Chinesa e um dos grandes nomes da história desse país asiático no século XX.[1]

Depois do Ensino Médio, Mao estudou para tornar-se professor e arranjou um emprego em Pequim como assistente de biblioteca. Lá ele permaneceu entre 1917 e 1919 e teve contato direto com o marxismo. Uma das grandes influências sobre Mao foi Li Dazhao, nome importante do Partido Comunista Chinês (PCCh) anos depois. Quando o PCCh foi fundado, em 1921, Mao filiou-se ao partido.

  • Casamentos

Mao Tsé-Tung casou-se quatro vezes ao longo de sua vida, e seus casamentos proporcionaram-lhe 10 filhos. Suas quatro esposas foram: Luo Yixiu (1907-1910), Yang Kaihui (1921-1927), He Zizhen (1928-1939) e Jiang Qing (1939-1976).

Trajetória política de Mao

Depois que Mao passou a estudar o marxismo, envolveu-se cada vez mais com questões políticas e, como mencionamos, filiou-se ao PCCh na década de 1920. Os acontecimentos políticos da China e a perseguição aos comunistas nessa década fizeram com que ele fosse ganhando importância dentro dos quadros do PCCh.

No começo da década de 1920, existia uma parceria entre o Kuomintang, também chamado de Partido Nacionalista, e o PCCh. Essa parceria seguia uma orientação expressa pela União Soviética, mas também era parte da estratégia desses dois partidos para lutar contra os senhores feudais que dominavam parte considerável do território chinês.

Mao tinha suas funções no PCCh e, com o tempo, acabou sendo eleito para assumir o comitê do partido em Xangai. Envolveu-se com ações de treinamento militar dos camponeses para que esses se defendessem dos senhores feudais, e então acabou percebendo que mobilizá-los em prol da revolução era fundamental.

Saiba mais: Revoltas camponesas no século XIV

  • Guerra Civil Chinesa

O bom convívio entre o Kuomintang e o PCCh mudou radicalmente quando o líder dos nacionalistas, Sun Yat-sen, morreu em 1925. O novo líder, Chiang Kai-shek, acabou iniciando uma intensa perseguição aos comunistas porque enxergava que o crescimento desses era um risco ao seu projeto de poder.

Essa perseguição iniciou a Guerra Civil Chinesa e levou à eliminação dos comunistas de cidades importantes da China. Mao acabou assumindo papel importante na luta contra os nacionalistas e foi nomeado comandante-chefe de tropas comunistas em Hunan e Jiangxi.

  • Grande Marcha

Em 1934, Mao era um grande nome do PCCh e esteve envolvido com um importante episódio da história desse partido: a Grande Marcha. Esse acontecimento deu-se quando as tropas comunistas lideradas por Mao foram cercadas pelas tropas nacionalistas em Jiangxi. Para evitar a aniquilação, foi iniciada uma fuga que mobilizou 100 mil soldados comunistas.

Os soldados comunistas marcharam por mais de 10 mil quilômetros e passaram por diversas regiões do interior chinês. Praticamente 90% deles morreram em decorrência do cansaço, da fome e das batalhas no decorrer da fuga, que se passou entre 1934 e 1935. Em outubro de 1935, a marcha teve fim, os comunistas estabeleceram um governo em Yan’an, e Mao tornou-se líder do PCCh.

Veja mais: Revolução Cubana: liderada por Fidel Castro e Che Guevara, tornou Cuba socialista em 1961

Segunda Guerra Sino-Japonesa

Enquanto os chineses nacionalistas e comunistas lutavam entre si, um novo opositor (mas não tão novo assim) surgiu: os japoneses. Desde o final do século XIX, esses tinham ambições imperialistas na China, e, a partir da década de 1930, a situação agravou-se quando os chineses estabeleceram um Estado-fantoche em território chinês: o Manchukuo.

A situação agravou-se até o ponto de uma guerra ser iniciada a partir de 1937. Os japoneses invadiram a China com milhares de soldados, conquistaram grandes cidades e realizaram inúmeros massacres, como o que aconteceu em Nanquim. A brutalidade deles foi um dos pontos marcantes dessa guerra.

A ameaça japonesa fez a animosidade entre nacionalistas e comunistas diminuir, mas não deixar de existir. Mesmo na Segunda Guerra Sino-Japonesa houve combates entre nacionalistas e comunistas. Mao atuou diretamente na luta contra os japoneses ao mesmo tempo que lutava contra os nacionalistas.

O então líder do PCCh teve sucesso em mobilizar camponeses no interior da China, tornando o partido bastante influente nessa classe, e conseguiu modernizar e organizar as tropas do partido. Após a guerra, os comunistas eram um força claramente superior aos nacionalistas.

Saiba mais: Nacionalismo e imperialismo – conceituação e importância para a contemporaneidade

Revolução Chinesa

Os japoneses foram derrotados e expulsos da China em 1945. Após isso, a guerra civil foi reiniciada no território chinês, e a disputa entre Chiang Kai-shek e Mao Tsé-Tung estava em uma situação bem diferente da que existia na década de 1930. O exército comunista passou a ser chamado de Exército Popular de Libertação e contava com o apoio soviético.

Os comunistas eram mais poderosos, mais organizados e tinham maior apoio popular do que os nacionalistas. Assim, eles foram conquistando pontos importantes do território chinês até que, em outubro de 1949, Mao oficializou a criação da República Popular da China, transformando o país em uma nação socialista.

Chiang Kai-shek, líderes do Kuomintang e parte da classe alta chinesa contrária aos comunistas acabaram fugindo do país e estabeleceram-se na ilha de Formosa, formando um governo capitalista que existe até hoje.

Mao como governante

Em 1949, iniciou-se o período em que Mao era a grande figura política da China. De 1949 até o ano de sua morte, 1976, ele figurou como presidente da China e/ou presidente do PCCh. Realizou transformações profundas no país e medidas que geraram a morte de milhões.

Primeiramente, Mao realizou campanhas para perseguir seus opositores. Por meio das campanhas Três Anti, Cinco Anti e Antidireitista, ele procurou perseguir opositores, membros da elite econômica, conservadores, defensores do Kuomintang etc. Esses acontecimentos resultaram na prisão, espancamento e morte de milhões de chineses. Muitos, para evitar a perseguição, cometeram suicídio.

Mao procurou recuperar a economia do país arrasada por décadas de guerra. Realizou a reforma agrária, tomando as terras dos antigos senhores feudais e distribuindo-as aos camponeses mortos. Milhões de senhores feudais foram mortos pelo governo nesse processo durante a década de 1950.

Na mesma década, lançou o Grande Salto à Frente, plano para impulsionar a industrialização da China. Os camponeses foram instigados a abandonar seus trabalhos nas lavouras e passaram a ser usados para produzir aço. O resultado foi catastrófico, pois o remanejamento de trabalhadores para a metalurgia fez com que a produção agrícola do país diminuísse e a fome tornasse-se um problema.

Especula-se que cerca de 30 milhões de pessoas morreram de fome em consequência desse plano. Além disso, o aço produzido pelos trabalhadores ficou conhecido por ser de péssima qualidade. O fracasso do plano deu início a uma fase de questionamentos da influência de Mao e resultou no seu afastamento temporário do poder chinês.

Acesse também: Entenda o contexto dos acontecimentos da Revolução Chinesa

  • Revolução Cultural

Durante a Revolução Cultural, Mao instigou estudantes a perseguirem os opositores.

O fracasso do Grande Salto à Frente isolou Mao no partido e fortaleceu as críticas que eram feitas a ele. Visando recuperar seu poder no interior do PCCh, Mao formulou, junto a sua esposa, Jiang Qing, a Revolução Cultural.

Em 1966, o líder chinês convocou estudantes e trabalhadores a unirem-se contra aqueles que ele definia como burgueses e contra aqueles que ele acusava de estarem “traindo” a revolução. A ideia de Mao, como abordado, era unicamente reassumir o poder político do PCCh e conduzir a China de acordo com seus próprios interesses.

Assim Mao formou as Guardas Vermelhas e instigou seus membros a denunciarem todos aqueles que não seguiam as ideias do maoismo. A situação saiu do controle e tornou-se uma grande perseguição contra a cultura chinesa, o conhecimento e aqueles que se manifestavam contra Mao. Os grandes alvos foram os intelectuais e os artistas.

Milhões de pessoas foram enviadas a “campos de reeducação”, onde eram sujeitas a trabalho forçado e “reeducação política”. O Ensino Básico e, principalmente, o Ensino Superior praticamente deixaram de existir na China, e a violência contra os que não seguiam o maoismo espalhou-se pelo país. Acredita-se que a Revolução Cultural tenha causado a morte de até 2 milhões de pessoas e só acabou quando Mao faleceu, em 1976. Tem interesse nesse tema? Leia nosso texto: Revolução Cultural.

Créditos da imagem

[1] Songquan Deng e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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