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Revolução Cultural

Revolução Cultural chinesa foi uma campanha político-ideológica realizada por Mao Tsé-Tung, líder do Partido Comunista Chinês (PCCh), a partir de 1966. Essa campanha foi voltada contra os opositores de Mao e realizada durante 10 anos, disseminando violência e resultando na morte de milhões de pessoas, segundo levantamento dos historiadores.

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Contexto histórico

A Revolução Cultural foi iniciada na China em 1966, e o contexto em que o país encontrava-se era marcado por disputas internas dentro do PCCh. Para entendermos essas disputas, precisamos retornar à década de 1950 e entendermos uma das medidas mais conhecidas de Mao: o Grande Salto à Frente.

Mao Tsé-Tung foi o líder da Revolução Chinesa, fundou a República Popular da China e esteve na presidência do país até 1959. Mao tentou realizar uma série de transformações no território, tais como: reforma agrária, expurgos de burgueses e capitalistas, além da modernização da economia chinesa. Baseado no desejo de modernização da China é que nasceu o Grande Salto à Frente.

Mao foi o grande líder da Revolução Chinesa e enfrentava críticas por conta de sua reforma fracassada para a economia.

Esse plano econômico defendia a necessidade de promover a industrialização do país. Para que isso fosse alcançado, Mao criou comunas e deslocou par estas milhões de trabalhadores, com o intuito de que eles trabalhassem produzindo todo o aço necessário para viabilizar a industrialização do país.

O Grande Salto acabou sendo um grande fracasso porque desregulou a produção da economia do país. Os milhões de trabalhadores que foram deslocados da agricultura para a metalurgia fizeram com que a produção agrícola do país diminuísse de maneira drástica. Isso resultou em falta de alimentos e gerou, consequentemente, a fome.

Com isso, os historiadores falam que, pelo menos, 20 milhões de pessoas morreram de fome na China. O fracasso desse plano fez com que Mao perdesse popularidade e trouxe-lhe críticas, principalmente no interior do PCCh. Além disso, tal fiasco fez com que uma ala mais moderada do partido ganhasse força. Essa ala era representada por dois nomes: Liu Chao-Chi e Deng Xiaoping.

Por que Mao lançou a Revolução Cultural?

O fator que explica Mao Tsé-Tung ter lançado a Revolução Cultural foi a ambição de recuperar o poder, tanto no interior do partido quanto no país (Mao, na década de 1960, não era mais presidente chinês). O desejo de centralizar o poder em si próprio fê-lo lançar essa perseguição aos seus opositores.

A justificativa de Mao para lançar a revolução foi a de acusar seus opositores de serem burgueses e capitalistas que estavam tirando a China do caminho que estava sendo trilhado desde a Revolução Chinesa de 1949. Mao queria, portanto, retirar os moderados dos postos de poder e governar a China de acordo com suas vontades.

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O que aconteceu durante a Revolução Cultural?

Mao Tsé-Tung formulou a Revolução Cultural em parceria com sua esposa, uma atriz que se chamava Jiang Qing. Junto dela ele formulou os princípios dessa campanha e inaugurou-a oficialmente com a publicação da Circular 16 de Maio, lançada em 1966. A ideia central da revolução (perseguir os divergentes) já era uma prática rotineira de Mao.

Um exemplo claro foi a Campanha Antidireitista, lançada em 1957. Essa foi uma reação ao Desabrochar de Cem Flores, movimento lançado pelo PCCh para incentivar a liberdade de expressão na China. Como as críticas nascidas daí foram duras demais, Mao ordenou a repressão contra os que divergiam do regime por meio da campanha referida.

Com o lançamento da Revolução Cultural, Mao tornou pública toda a disputa que existia no interior do partido e convocou as massas para juntar-se a ele contra os que “destruíam” a revolução. Esse chamado mobilizou um gigantesco número de pessoas, principalmente de estudantes que acreditavam atuar na defesa da China.

Outro grupo de destaque nos 10 anos da Revolução Cultural foi a Gangue dos Quatro, grupo de maior radicalização que teve protagonismo na perseguição aos opositores do líder chinês. Junto a esse estava a esposa de Mao, como mencionamos, uma das idealizadoras da Revolução Cultural.

As massas que aderiram ao chamado fizeram parte da Guarda Vermelha, milícia popular que atuava na difusão do maoismo e na perseguição dos que pensavam diferente do líder do PCCh. A Guarda Vermelha contribuiu para espalhar violência na China, pois os que eram acusados por seus membros eram julgados em sessões caracterizadas pela humilhação pública e pela violência.

Mao lançou a Revolução Cultural com o intuito de recuperar o poder da China e do PCCh e de silenciar seus opositores.[1]

Muitos dos consideradores traidores do país foram enviados para “campos de reeducação”, isto é, campos de trabalho forçado, onde eram obrigados a realizar trabalho braçal e a passar por reeducação ideológica. Os membros da Guarda Vermelha eram orientados a denunciar todos, inclusive seus pais, e implantaram o culto ao líder na China.

Os grandes alvos na Revolução Cultural foram os intelectuais e os artistas, sobretudo os professores. Pessoas que defendessem o capitalismo, não concordassem com o maoismo, praticassem hábitos considerados ocidentais etc. eram alvos da Guarda Vermelha. O medo era a grande marca dos 10 anos dessa revolução.

A cultura tradicional chinesa baseada em preceitos milenares, como o confucionismo, foi atacada, e templos e textos religiosos foram destruídos, assim como diversos artefatos históricos. A perseguição aos professores foi tamanha que, durante essa década, o sistema de Ensino Superior chinês praticamente não existiu.

Em 1969, quando Mao já tinha alcançado seus objetivos e percebeu que a espiral de violência estava saindo do seu controle, a Revolução Cultural foi finalizada, e a Guarda Vermelha, dissolvida. Os hábitos da Revolução Cultural, como a perseguição e a censura, porém, só acabaram quando Mao morreu, no ano de 1976.

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Consequências

As consequências da Revolução Cultural foram graves para a China. Vejamos algumas:

  • Os historiadores estipulam entre um e dois milhões de mortos;

  • A economia do país ficou desorganizada por conta do caos que se espalhou;

  • O país ficou praticamente sem Ensino Superior;

  • Destruição de artefatos históricos;

  • Perseguição da arte e cultura.

O assunto continua um tabu atualmente na China, e o estudo dos acontecimentos desse período não é incentivado pelo governo. A visão da Revolução Cultural, no entanto, é negativa, e os chineses compreendem os 10 anos pelos quais ela se estendeu como “década perdida”.

Créditos da imagem

[1] imranahmedsg e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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