Fique sabendo o que é o Maoismo e qual é a singularidade que essa corrente política apresenta dentro do comunismo.
Você sabe que, no século XX, a ideologia comunista alastrou-se pelo mundo por meio de revoluções políticas e promoção de guerras civis. A Revolução Russa de 1917, executada pelo partido bolchevique, foi a primeira a ser realizada nesse sentido por meio de lideranças como Lenin e Trotski. Entretanto, dentro do comunismo revolucionário, as táticas definidas pela Revolução Russa – que ficaram conhecidas como marxismo-leninismo – não foram as únicas a serem aplicadas. Entre os muitos modelos que as sucederam, está o maoismo.
O termo maoismo deriva do nome de Mao Tsé-Tung (1893-1976), um político e revolucionário chinês responsável pela consolidação do sistema comunista na China. Mao, assim como outros líderes comunistas, como Stalin e Pol Pot, foi um ditador sanguinário que levou milhões de pessoas à morte para que seu método de aplicação do socialismo tivesse o “êxito” esperado. A participação de Mao no movimento comunista chinês remonta aos anos 1920, época em que os chineses insurgiam-se contra o imperialismo japonês. Todavia, foi só após a Segunda Guerra Mundial que o comunismo foi de fato implementado na China.
Mao é considerado o “arquiteto” da república comunista que se formou na China em 1949, cujo nome oficial foi dado por ele: “República Popular da China”. O modo como foi executada a tomada do poder pelo exército revolucionário de Mao Tsé-Tung é o que define o conceito de maoismo e o que o torna singular em meio às outras vertentes do comunismo, sobretudo com relação àquela que executou a revolução na Rússia, isto é, o “bolchevismo (referência ao partido bolchevique)” ou marxismo-leninismo.
O método revolucionário teorizado e levado a cabo por Mao para conseguir o poder foi o inverso daquele usado na Revolução Russa. Enquanto os bolcheviques partiram dos centros urbanos, organizando as massas de soldados e operários e, a partir disso, expandindo a revolução em direção ao campo, os chineses privilegiaram o campo como o centro irradiador da revolução. Do campo, organizaram suas táticas de avanço em direção às cidades, mesclando técnicas militares tradicionais com técnicas de guerrilha. Eles usaram esse procedimento para conseguir sitiar as cidades e dominá-las.
Esse método maoista teve grande repercussão em movimentos revolucionários de todo o mundo durante a Guerra Fria. As revoluções feitas no sudeste asiático, em países como Camboja e Vietnã, foram influenciadas pelo maoismo. Pode-se dizer que a tática do foco revolucionário, de Che Guevara, também recebeu influência das táticas de Mao. Mas apesar de o conceito de maoismo estar intimamente associado à estratégia de tomar o poder pela luta armada, há ainda outra associação que se faz com esse conceito e que precisa ser esclarecida: é a questão da Revolução Cultural.
A chamada Revolução Cultural chinesa foi desencadeada na década de 1960 a partir da juventude comunista daquele país, que se valia das leituras do “Livro Vermelho”, atribuído a Mao-Tsé Tung, quando este ainda estava no poder naquele país. Esses jovens perseguiam, censuravam e eliminavam qualquer indivíduo que se opusesse (principalmente no meio intelectual) às diretrizes do comunismo chinês instituído por Mao. O “Livro vermelho” tornou-se, nos anos 1960, um fenômeno editorial em todo o mundo. Propagado por partidos e intelectuais comunistas da Europa, esse livro foi intensamente lido, nas décadas de 1960 e 1970, fora da Ásia, o que possibilitou que estudantes, trabalhadores, militares e camponeses de todo o mundo formassem grupos de guerrilha usando as táticas do maoismo.
Por Me. Cláudio Fernandes