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Revolução Chinesa

Revolução Chinesa foi a transformação da China em uma nação socialista a partir de 1949. Esse acontecimento deu-se quando os comunistas conseguiram derrotar os nacionalistas na guerra civil que se estendeu de 1927 a 1949. Essa revolução deu origem à República Popular da China e fez com que Mao Tsé-Tung se tornasse o governante desse país.

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Antecedentes: a Revolução de 1911

O século XX foi extremamente agitado na história chinesa, e, para entendermos todo o caminho que levou a China a tornar-se uma nação socialista, é preciso começar por 1911. Nesse ano, aconteceu nela a Revolução de 1911, também conhecida como Revolução Xinhai. Esse movimento foi responsável por derrubar a milenar dinastia Qing e instaurou a república no país.

Com essa revolução, foi estabelecida a República da China, que passou a ser governada por um governo provisório, ocupado primeiramente por Sun Yat-sen e depois por Yuan Shikai. A situação na China, porém, permaneceu caótica, e, politicamente, o país era instável, a governabilidade não existia e guerras civis espalhavam-se pelo território.

A guerra espalhou-se no interior do território chinês, sobretudo a partir de 1916, quando Yuan Shikai morreu e o poder do país fragmentou-se entre os senhores da guerra, grandes chefes militares que existiam e que passaram a controlar terras. A unificação do território chinês aconteceu como parte de um grande esforço do Partido Nacionalista, o Kuomintang (KMT).

Foi nesse contexto de luta contra os senhores da guerra que dominavam parte do território chinês que surgiu também o Partido Comunista Chinês (PCCh), em julho de 1921. O surgimento do PCCh foi resultado da influência da vitória dos bolcheviques na Rússia e também de movimentos sociais e nacionalistas que surgiram no país no final da década de 1910.

Em 1923, o PCCh e o KMT atuavam juntos na luta contra os senhores da guerra e em defesa da reunificação política da China. Essa cooperação foi resultado de um acordo do KMT com a União Soviética. O acordo entre nacionalistas e comunistas seguiu plenamente até 1925, mas a morte de Sun Yat-sen, líder do KMT, mudou tudo.

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Guerra Civil Chinesa

Durante a Guerra Civil Chinesa, Mao Tsé-Tung despontou como grande liderança no interior do PCCh.[1]

Depois que Sun Yat-sen morreu, a liderança do Kuomintang foi transmitida a Chiang Kai-shek. O novo líder do KMT havia estudado táticas militares na União Soviética, mas, quando assumiu o comando do partido, temendo o crescimento dos comunistas nos quadros desse, passou a persegui-los na China.

Em 1927, quando a reunificação chinesa estava em curso e os senhores da guerra estavam sendo derrotados, Chiang Kai-shek passou a perseguir oficialmente os comunistas. Em abril desse ano, ele desarmou milícias de operários e iniciou um grande expurgo dos comunistas nas grandes cidades chinesas. Em Xangai, por exemplo, milhares de comunistas foram mortos.

Outros ataques contra comunistas por forças nacionalistas aconteceram em diferentes regiões da China, como Wuhan, Cantão, Xiamen, Nanquim e Changsha. Em resposta à perseguição imposta pelo KMT, os comunistas organizaram um Exército Vermelho e rebelaram-se contra os nacionalistas a partir de Nanchang. Com isso, iniciou-se a Guerra Civil Chinesa.

A primeira fase da Guerra Civil Chinesa estendeu-se por 10 anos, e nela o KMT organizou diversas ofensivas contra as forças comunistas espalhadas pelo interior do território chinês. Os comunistas, expulsos das grandes cidades, foram obrigados a instalar bases no campo, em locais habitados por camponeses.

Quando os comunistas fundam um soviete em Jiangxi, liderado por Mao, o KMT iniciou uma grande ofensiva que os forçou a fugirem e marchar por 10 mil quilômetros, durante um ano, para conseguirem sobreviver. Esse acontecimento recebeu o nome de Grande Marcha, ou Longa Marcha, e transformou Mao no grande nome do PCCh.

Depois da Grande Marcha, os comunistas estabeleceram-se em Yan’an, e lá foi desenvolvida a base que sediou a força deles ao longo das décadas de 1930 e 1940. No entanto, a partir de 1931, um novo personagem apareceu e tornou o contexto chinês consideravelmente mais tenso: os japoneses.

A princípio, Chiang Kai-shek “ignorou” a presença japonesa e chegou até a fazer um acordo com eles na luta contra os comunistas. Na medida em que os japoneses demonstraram sua hostilidade aos chineses, Chiang Kai-shek passou a ser pressionado, por membros do próprio KMT, a aliar-se aos comunistas e lutar com esses contra os japoneses.

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Segunda Guerra Sino-Japonesa

Quando os japoneses declaram guerra contra os chineses após o Incidente da Ponte Marco Polo, o líder do KMT, Chiang Kai-shek, precisou rever sua posição de não se unir aos comunistas. Um acordo acabou sendo realizado entre KMT e PCCh, para que ambos pausassem a briga entre eles e pudessem concentrar-se na luta contra os invasores japoneses.

A guerra contra o Japão iniciou-se em 1937 e durou até 1945, e, nesse período, comunistas e nacionalistas nunca deixaram de lutar entre si, apesar do foco de ambos ser a luta contra os japoneses. Os comunistas protagonizaram os esforços contra os japoneses, e isso resultou no seu avanço pelo território chinês.

O historiador Osvaldo Coggiola aponta que o avanço dos comunistas na China fez com que, em 1944, eles tivessem conquistado 19 regiões que, anteriormente, estavam nas mãos de nacionalistas ou japoneses, e possuíssem um exército que englobava o total de 2,2 milhões de soldados|1|.

Retorno da Guerra Civil

Com a retomada da Guerra Civil, o apoio dos camponeses foi crucial para a vitória do PCCh.

Os japoneses acabaram sendo derrotados na Segunda Guerra Mundial, em grande parte por esforço dos Estados Unidos, mas é importante contar também com a resistência chinesa contra a invasão japonesa. Quando os japoneses foram derrotados, a Guerra Civil Chinesa foi reiniciada, mas, agora, os comunistas estavam muito mais poderosos que antes.

O KMT passou a contar com apoio financeiro e militar maciço dos Estados Unidos, e o objetivo principal era recuperar a Manchúria, região invadida pela URSS em agosto de 1945 e ocupada pelo PCCh posteriormente. Com isso, Chiang Kai-shek partiu para o ataque com o objetivo de destruir os comunistas definitivamente.

O Exército Vermelho do PCCh foi renomeado para Exército Popular de Libertação (EPL), e, após iniciado o ataque do KMT, as forças comunistas trataram de defender-se. A presença do PCCh no interior da China trouxe-lhe muita simpatia de um grupo que formava o grosso da população do país: os camponeses.

A partir de 1946, a situação da economia chinesa deteriorou-se consideravelmente, e isso deixou o KMT extremamente impopular entre a população chinesa. A inflação do país era galopante. Na guerra, os exércitos do KMT, apesar de apoiados pelos EUA, foram sendo derrotados pelas forças do EPL.

O interior do território chinês passou a ser dominado pelo PCCh, e, nas cidades sob domínio do KMT, estouraram greves e manifestações em apoio aos comunistas. Enfraquecido, o KMT acabou sendo derrotado. Os comunistas entraram vitoriosos em Pequim, em janeiro de 1949, e Chiang Kai-shek fugiu para Formosa (atual Taiwan).

Em 1º de outubro de 1949, foi proclamada a República Popular da China. Mao Tsé-Tung, líder do PCCh, tornou-se presidente do país e deu início a inúmeras transformações que fizeram a transição da China de uma nação capitalista para uma nação socialista. Mao esteve direta ou indiretamente no poder da China de 1949 a 1976, o ano de sua morte.

Nota

|1| COGGIOLA, Osvaldo. Revolução Chinesa. Para acessar, clique aqui.

Crédito das imagens

[1] wen mingming e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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