Qual matéria está procurando ?

História

História

Era Vargas: Governo Provisório e Constitucional

Neste link você terá acesso a informações relacionadas ao período em que Getúlio Vargas foi presidente do Brasil entre 1930 e 1937.

Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil em 1930 e permaneceu na função até 1945 Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil em 1930 e permaneceu na função até 1945

Era Vargas foi o período em que Getúlio Vargas ocupou o cargo de presidente do Brasil. Esse período iniciou-se com a Revolução de 1930, que colocou fim à Primeira República, e encerrou-se em 1945, quando o exército brasileiro forçou a deposição de Vargas. Durante esse período, uma série de transformações aconteceu, destacando-se a criação de leis trabalhistas que até então não existiam. Apesar disso, durante grande parte dos seus quinze anos de governo, Vargas governou o Brasil de forma autoritária e ditatorial.

A Revolução de 1930 e a ascensão de Vargas ao poder

A ascensão de Vargas ao poder do Brasil ocorreu a partir da vitória da Aliança Liberal na Revolução de 1930. Esse evento foi consequência da crise política que se iniciou a partir de 1928, quando o presidente Washington Luís apoiou Júlio Prestes (paulista) em detrimento de um candidato mineiro, o que quebrava o acordo estipulado na política do café com leite. A partir daí, as oligarquias de três estados (MG, RS e PB) uniram-se com os tenentistas, fundaram a Aliança Liberal e lançaram Getúlio Vargas como candidato para as eleições de 1930.

Júlio Prestes saiu vitorioso dessas eleições, o que desagradou fortemente aos membros da Aliança Liberal. Alguns membros da Aliança Liberal passaram a conspirar contra a posse de Júlio Prestes. Quando o vice da chapa de Getúlio Vargas – João Pessoa – foi assassinado por João Dantas, os membros da Aliança Liberal encontraram seu pretexto e iniciaram uma revolta contra o governo.

A Revolução de 1930, como ficou conhecida, foi responsável por derrubar Washington Luís do cargo de presidente, além de ter impedido a posse de Júlio Prestes. Uma vez vitoriosos, os membros da Aliança Liberal nomearam Getúlio Vargas para ser o chefe do Governo Provisório.

Governo Provisório (1930-1934)

O Governo Provisório estendeu-se durante quatro anos e, nesse período, Getúlio Vargas tomou as suas primeiras medidas centralizadoras e autoritárias. Durante os primeiros anos de seu governo, Vargas decretou o fechamento do Congresso Nacional, bem como o fechamento de todas as Assembleias estaduais e municipais.

Além disso, ele destituiu todos os presidentes de estado (correspondente ao atual cargo de governador) e substituiu por interventores nomeados de acordo com seus próprios interesses. Na questão econômica, o governo Vargas teve de dar continuidade à política de valorização artificial do valor do café como forma de contornar os efeitos da crise de 1929 na economia brasileira.

À medida que os anos do Governo Provisório passaram-se e as eleições para uma Constituinte e as eleições não eram marcadas, a insatisfação em algumas partes do país aumentou. Os maiores insatisfeitos, naturalmente, pertenciam ao estado de São Paulo – o grande perdedor com a Revolução de 1930. Assim, surgiu em São Paulo uma campanha para que uma nova Constituição fosse escrita e, assim, novas eleições presidenciais fossem marcadas.

Essa insatisfação levou o estado de São Paulo a se rebelar no dia 9 de julho de 1932. Essa foi a Revolução de 1932 ou, conforme chamavam os paulistas, Revolução Constitucionalista de 1932. Houve grande mobilização no estado de São Paulo, com civis voluntariando-se e mulheres da classe alta do estado doando suas joias para financiar os exércitos paulistas.

No entanto, como o estado de São Paulo lutou sozinho essa guerra, a derrota aconteceu em poucas semanas. Em outubro de 1932, os paulistas renderam-se ao Governo Federal, e Vargas tratou rapidamente de punir muitos dos envolvidos com prisão, exílio etc. Vargas, porém, sabia que era necessário manter o estado de São Paulo satisfeito e negociou alguns termos com os paulistas.

As negociações levaram Vargas a nomear um interventor paulista e civil para o estado de São Paulo, assumiu as dívidas feitas pelos paulistas durante o conflito e convocou eleições para a composição de uma Constituinte. Esta, por sua vez, seria responsável por elaborar uma nova Constituição. A nova Constituição ficou pronta em julho de 1934 e, após sua promulgação, Vargas foi reeleito para um mandato de quatro anos por eleições indiretas.

Governo Constitucional (1934-1937)

O Governo Constitucional de Vargas iniciou-se após eleições indiretas terem sido realizadas em 1934 e eleito Vargas para um mandato que se estenderia até 1938. Durante esse tempo, a política brasileira viveu um período de radicalização, influenciado pela radicalização política que estava acontecendo na Europa. Essa radicalização política interna deu o pretexto para que Vargas implantasse um governo ditatorial no Brasil.

Nesse período, duas grandes organizações políticas fortaleceram-se no Brasil e arrebanharam um grande número de membros. Em 1932, surgiu no Estado de São Paulo a Ação Integralista Brasileira (AIB). Esse grupo, liderado por Plínio Salgado, inspirava-se no fascismo italiano e em alguns elementos do nazismo, como o antissemitismo. A respeito do integralismo no Brasil:

Os integralistas arrebanharam apoio nos setores das classes médias urbanas, sobretudo entre funcionários públicos, padres, profissionais liberais, poetas, comerciantes, industriais, e nas áreas de colonização alemã e italiana. Recebiam assessoria e ajuda financeira da embaixada da Itália, dispunham em seus quadros de um grupo de intelectuais prontos a produzir ideologias fascistas em moldura de brasilidade – Plínio Salgado, Miguel Reale, Gustavo Barroso e contavam com militância ativa.

[…] No auge do seu crescimento, em 1937, a Ação Integralista Brasileira chegou a reunir entre 100 mil e 200 mil adeptos em todo o país|1|.

O outro grupo foi a Aliança Nacional Libertadora (ANL), surgido a partir de reuniões de intelectuais e militares de esquerda insatisfeitos com o governo. Desse grupo destacam-se alguns nomes, como Miguel Costa – tenentista que havia feito parte da Coluna Costa-Prestes. A ANL tinha como grande causa o combate ao fascismo no Brasil e a imposição de reformas profundas no governo. A ANL, no entanto, apoiava-se no regime totalitário stalinista em vigência na União Soviética.

A partir de 1935, esse grupo, por ordens vindas da Internacional Comunista de Moscou, passou a organizar uma revolução comunista no Brasil. Para que isso fosse possível, Moscou enviou Luís Carlos Prestes acompanhado de Olga Benário para que Prestes tomasse a liderança das iniciativas. O levante comunista ficou conhecido como Intentona Comunista e foi um grande fracasso.

Houve levantes de tropas do exército em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, em novembro de 1935, mas esses levantes foram rapidamente controlados pelas tropas do governo. Vargas, então, decretou Estado de Sítio e iniciou uma “caça às bruxas” contra os envolvidos. Em março de 1936, os grandes nomes do levante foram presos|2|:

  • Luís Carlos Prestes: foi mantido preso durante nove anos em isolamento;

  • Olga Benário: esposa de Prestes, foi presa e deportada grávida para a Alemanha Nazista. Por ser judia, foi morta em uma câmara de gás em 1942;

  • Arthur Ewert: enlouqueceu após ser submetido à tortura pela polícia brasileira;

  • Victor Baron: foi assassinado na Polícia Central.

A partir da Intentona Comunista, Getúlio Vargas explorou o temor que havia na população brasileira para tomar medidas autoritárias que reforçavam o seu poder. A partir de 1936, o grupo dirigente do governo ao lado de Vargas passou a conspirar as bases para que Vargas se perpetuasse no poder do Brasil.

Em 1937, o surgimento dos candidatos para as eleições presidenciais de 1938 e o risco do retorno da oligarquia paulista ao poder do Brasil fizeram com que o golpe do governo ganhasse forma. Os candidatos que se postularam para as eleições de 1938 foram Armando de Salles, José Américo e Plínio Salgado. Entre esses, Armando de Salles, representante da oligarquia paulista, tinha boas chances de vitória.

Em 30 de setembro de 1937, foi apresentado à nação o Plano Cohen, um plano no qual os comunistas pretendiam realizar a tomada do poder no Brasil a partir de uma revolução. O plano, no entanto, era falso e havia sido criado por Olympio Mourão como parte de uma simulação realizada pelos integralistas.

A veracidade do documento não importava para o governo Vargas, que explorou todo o temor da população quanto ao comunismo e utilizou isso como pretexto para a imposição de uma ditadura. Em 10 de novembro de 1937, o Congresso foi fechado, e uma nova Constituição foi apresentada à população. Esse foi o início do Estado Novo.

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 367-368.
|2| Idem, p. 373.

Aproveite para conferir as nossas videoaulas relacionadas ao assunto:

Por Daniel Neves Silva

Você pode se interessar também

História

A Cultura do Brasil no Período da República Velha

História

Construção de Brasília

História

DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo

História

Era Vargas

Últimos artigos

Eva Furnari

Eva Furnari é uma famosa escritora brasileira. Seus livros são divertidos e apresentam personagens mais complexos. O livro Felpo Filva é uma de suas obras mais conhecidas.

Reticências

As reticências são um sinal de pontuação que funciona como uma pequena pausa, usado para criar um efeito especial de hesitação ou de suspense na fala ou na narração.

Brasil Império

O Brasil Império foi o período em que o Brasil foi governado por uma monarquia constitucional. Nesse período, o Brasil teve dois imperadores: Dom Pedro I e Dom Pedro II.

7 Maravilhas do Mundo Antigo

As 7 Maravilhas do Mundo Antigo eram obras arquitetônicas e artísticas extraordinárias que representavam o ápice da engenhosidade e da cultura das civilizações antigas.