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História

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Vladimir Lenin

Vladimir Lenin ficou marcado na história por ser um revolucionário russo, defensor de ideais marxistas e um dos líderes da Revolução de Outubro, também conhecida como Revolução Russa . Ele aderiu ao marxismo durante sua juventude, influenciado pelos debates dessa teoria nos meios universitários e por seu irmão mais velho.

Lenin tornou-se governante da Rússia após levar os bolcheviques ao poder do país. Os historiadores falam que, na figura de governante, Lenin implantou medidas de centralização do poder e desarticulou o poder dos sovietes, os comitês de trabalhadores. Ele enfrentou desafios, como as negociações de saída da Rússia da Primeira Guerra e uma guerra civil, e faleceu, em 1924, por conta de um derrame cerebral.

Primeiros anos

Vladimir Lenin nasceu em 1870, em uma família abastada, e tornou-se um dos grandes nomes do marxismo na Rússia do começo do século XX.

Vladimir Ilyich Ulyanov nasceu em Simbirsk (atual Ulyanovsk), cidade localizada no sul da Rússia, no dia 22 de abril de 1870. Durante a sua infância e juventude, Lenin (ele só assumiu esse pseudônimo na década de 1900) fazia parte de uma família de boa condição financeira e que desfrutava de uma série de privilégios por gozarem da condição de nobres.

Esse era o período czarista, a fase monárquica da Rússia, país que possuía inúmeras desigualdades sociais e era governado pela dinastia Romanov havia séculos. O pai de Lenin, Ilya Nikolayevich Ulyanov, era um inspetor de escolas públicas que prosperou bastante e obteve o status de nobre, uma condição digna da minoria da população russa.

Já sua mãe, Maria Alexandrovna Blank, era professora infantil e possuía descendência judia. Lenin teve boa educação, por conta da condição de sua família, mas viu o status dela passar por uma grande reviravolta quando seu pai faleceu, em 1886, e quando Aleksandr, seu irmão, foi executado, em 1887, por envolvimento em ações de conspiração contra o czar. Esse último acontecimento colocou sua família em descrédito perante a nobreza russa.

Durante sua juventude, Lenin não era um socialista e era um jovem religioso, adepto do cristianismo ortodoxo. A morte de seu pai e a execução de seu irmã abalaram as estruturas do jovem Lenin. O impacto do julgamento e a execução de Aleksandr levaram-no a introduzir-se nas leituras socialistas, hábito reforçado quando ele ingressou na universidade.

Primeiramente, Lenin foi aceito na Universidade de Kazan, no sul da Rússia, mas foi expulso dela. O motivo disso foi seu envolvimento com um protesto. O impacto da execução de Aleksandr prejudicou-lhe nesse sentido, pois, como mencionado, a família de Lenin havia caído em descrédito.

Tempos depois, por meio da insistência e influência de sua mãe, Lenin conseguiu o direito de fazer um teste na Universidade de São Petersburgo. Ele foi muito bem nesse texto e, por isso, conseguiu obter o diploma do curso de Direito, mesmo sem nunca ter pisado nessa universidade para assistir aulas.

Lenin trabalhou como advogado e aprofundou seu conhecimento em teoria marxista. A partir de 1893, ele se mudou para São Petersburgo, na época, a capital da Rússia, e juntou-se a grupos revolucionários chamados social-democratas. O conhecimento de Lenin a respeito de marxismo era profundo, e, em 1894, ele escreveu seu primeiro tratado.

Ele ganhou notoriedade entre os grupos revolucionários, possuindo ótima capacidade de discurso e defendendo que a mobilização dos marxistas levaria os trabalhadores a aderirem à luta contra a burguesia. Em 1897, Lenin foi preso e enviado para a Sibéria, por três anos, como forma de punição. Esse exílio forçado para a Sibéria era uma punição comum no Império Russo.

Lenin foge da Rússia

Em 1898, os marxistas da Rússia reuniram-se para fundar o Partido Operário Social-Democrata Russo, o POSDR. A perseguição contra esse grupo por parte do regime czarista fez com que Lenin optasse por fugir da Rússia. Após isso, ele organizou um jornal de orientação revolucionária — o Iskra — a partir de 1900. O termo iskra é uma palavra russa que significa “faísca”.

O alcance dos ideais marxistas estava em crescimento na Rússia da virada do século XIX para o XX, e o referido jornal estava à procura de conquistar esse público de trabalhadores, cada vez mais atentos àquilo que os marxistas tinham a dizer. Foi durante as atividades do Iskra que Lenin adotou esse pseudônimo. Acredita-se que “Lenin” seja uma referência ao Rio Lena. O pseudônimo foi utilizado por ele nas suas publicações no jornal.

A princípio, o Iskra foi estabelecido em Munique, na Alemanha, mas a repressão policial fez com que Lenin levasse o jornal para Londres, no Reino Unido, em 1902. No ano seguinte, foi realizado em Bruxelas, na Bélgica, o II Congresso do POSDR, e nele, Lenin foi o pivô de uma crise que atingiu os marxistas russos.

Nesse evento, Lenin e Julius Martov desentenderam-se, a respeito de questões relacionadas à organização do partido e à militância dos membros, e criaram um racha que, anos depois, levou à separação desse partido em dois grandes grupos: bolcheviques (do qual Lenin fazia parte) e mencheviques. Nesse contexto, Lenin era criticado pelos mencheviques por ser muito autoritário.

Em 1905, Lenin retornou brevemente à Rússia por conta da Revolução de 1905. Esse acontecimento foi motivado pelo contexto em que o país encontrava-se. A Rússia enfrentava uma crise econômica pela derrota na Guerra Russo-Japonesa, e a condição de vida dos trabalhadores estava cada vez pior.

Assim, uma série de greves estouraram no país, incluindo em São Petersburgo. Quando os trabalhadores resolveram fazer uma passeata pacífica na capital russa, em 9 de janeiro de 1905, foram atacados pelas tropas do czar, causando a morte de 200 pessoas. Esse acontecimento, conhecido como Domingo Sangrento, revoltou a população e levou as pessoas a rebelarem-se por todo o país.

Lenin retornou à Rússia para tentar, de alguma forma, aproveitar-se dessa mobilização popular, mas não tomou nenhuma ação de destaque. A Revolução de 1905 fracassou e foi chamada por Lenin como Ensaio Geral. Lenin, nesse contexto, incentivou os trabalhadores a armarem-se e rebelarem-se, e as diferenças de pensamento de bolcheviques e mencheviques levaram os dois lados a romperem definitivamente em 1906.

Acesse também: Holodomor, a crise de alimentos que resultou na morte de milhões de ucranianos

Revolução Russa

Depois do fracasso de 1905, Lenin retornou ao exílio e morou em diferentes locais na Europa. Em 1914, a Primeira Guerra Mundial foi deflagrada, e ele foi um grande crítico dela. As condições históricas e socioeconômicas que a Rússia enfrentava naquele período encaminharam o país para a revolução. Lenin aproveitou-se desse situação.

  • Revolução de Fevereiro

Após a Revolução de Fevereiro, o Governo Provisório manteve a Rússia na Primeira Guerra Mundial.

Em 23 de fevereiro (no calendário juliano, utilizado pelos russos na época), uma série de manifestantes, motivados pelo empobrecimento da Rússia durante a guerra, começaram a protestar e a ocupar locais estratégicos da cidade de Petrogrado (antiga São Petersburgo). A polícia russa foi incapaz de controlar a multidão que protestava.

Em seguida, membros do governo do czar Nicolau II foram detidos, e o imperador procurou controlar a situação, mas fracassou. Nicolau II foi convencido a abdicar, e os membros do parlamento russo, a Duma, reuniram-se e formaram um Governo Provisório, que agrupava políticos de diferentes ideologias.

Esse foi o cenário da Revolução de Fevereiro. O novo governo tinha um caráter mais conservador em relação aos bolcheviques e procurou reestruturar o país em uma situação caótica. Foi depois disso que Lenin decidiu retornar à Rússia. Ademais, a mobilização popular deu origem ao Soviete de Petrogrado, um comitê de trabalhadores e intelectuais que se reuniu para tentar formar uma alternativa de poder na Rússia.

O discurso de Lenin alinhou-se aos desejos da população russa em 1917. Ele falava da importância da organização popular dos sovietes e defendia a organização autônoma dos trabalhadores. Aqui houve uma pequena mudança de suas ideias, pois, ao longo de sua vida, ele defendia o papel do partido na mobilização popular, mas, em 1917, passou a defender a mobilização autônoma dos trabalhadores.

Lenin também defendia que os trabalhadores rebelassem-se contra o Governo Provisório, a saída imediata da Rússia da guerra (o Governo Provisório manteve o país no conflito), a nacionalização das indústrias instaladas no país, e a ideia de “Paz, pão e terra” como direitos básicos dos trabalhadores. Um lema evocado por Lenin ao longo daquele ano foi “Todo o poder aos sovietes”. A ampliação do quadro de caos e revolta na Rússia favoreceu os bolcheviques, levando-os ao poder.

  • Revolução de Outubro

O ano de 1917 foi de agitação popular, e o clima do país contribuiu para a vitória dos bolcheviques.

A atuação de Lenin ao longo de 1917 foi fundamental para que os bolcheviques ganhassem cada vez mais apoio das massas. Tanto nas cidades quanto nas zonas rurais, o apoio aos bolcheviques foi crescendo. Como o país continuou na guerra, mesmo acumulando derrotas, e como a quantidade de alimentos era cada vez menor, as manifestações seguiram-se.

O Governo Provisório era impopular, e os trabalhadores empunhavam lemas bolcheviques em seus protestos, tais como “Fora os ministros capitalistas” e “Fora a burguesia”. Em julho, uma série de insurreições populares aconteceram, o que levou o Governo Provisório a acusar Lenin de traição. A repressão do governo teve sucesso em conter, temporariamente, as manifestações do povo.

O historiador Eric Hobsbawm afirmou que, nesse contexto, o crescimento dos bolcheviques fez com que o partido alcançasse 250 mil membros|1|, conquistando apoio, até mesmo, dentro do exército russo. Esse fortalecimento acontecia em um cenário de insatisfação com o Governo Provisório. O resultado era óbvio: os bolcheviques tomariam o poder.

Em setembro, greves gigantescas aconteceram na Rússia, e o líder do Governo Provisório, Aleksandr Kerensky, tentava desesperadamente realizar medidas que garantissem a sustentação e a estabilidade de seu governo. Enquanto isso, Lenin incentivava os bolcheviques a tomarem o poder na Rússia, e o partido levou essa pauta para a discussão.

No começo de outubro, os bolcheviques debateram os meios pelos quais tomariam o poder na Rússia, até que, no dia 24 de outubro (no calendário juliano), eles começaram a tomar locais estratégicos de Petrogrado. Logo o partido soltou o informe de que estava tomado o poder e implantando um denominado “governo de camponeses e operários”. Posteriormente, Lenin tornou-se o novo governante da Rússia.

Acesse também: Saiba como a União Soviética chegou ao fim

Últimos anos de vida

Os últimos anos de vida de Lenin foram conturbados. Ele autorizou a saída da Rússia da Primeira Guerra, e o acordo obtido deu-se, por meio do Tratado de Brest-Litovsk, entre Rússia e Alemanha, que impôs duras perdas aos russos. Além disso, Lenin precisou reconstruir o Estado russo, e, como primeiras medidas, afastou os sovietes do poder. Ele demonstrava não querer dividir o poder com os sovietes.

Nos últimos anos de vida, Lenin teve de enfrentar uma contrarrevolução organizada por opositores dos bolcheviques e por nações estrangeiras que temiam o avanço do socialismo na Rússia. Isso deu início à Guerra Civil Russa, e, nesse período, Lenin foi acusado de implantar medidas autoritárias que levaram pessoas à fome e à morte. Com a vitória na Guerra Civil Russa, ele fundou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Para recuperar a economia do país, ele impôs o retorno da economia de mercado por meio da Nova Política Econômica (NEP). Sua continuidade no poder foi prejudicada pelos problemas de saúde que ele enfrentou. Entre maio de 1922 e março de 1923, Lenin sofreu três derrames cerebrais. O enfraquecimento do líder criou um vácuo de poder na URSS e deu início a uma disputa que, anos depois, levaria Josef Stalin ao poder.

Lenin faleceu em 21 de janeiro de 1924, aos 53 anos de idade, por conta da piora do seu estado de saúde. Stalin sucedeu-o e implantou um regime totalitário conhecido como stalinismo. O pensamento político de Lenin foi registrado em suas obras e ficou conhecido como leninismo.

Nota

|1| HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: o breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 68.

Créditos da imagem

[1] Everett Historical e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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