Saiba o que foi o Domingo Sangrento, acontecido em 9 de janeiro de 1905, na cidade de São Petersburgo, na Rússia.
“Domingo Sangrento” é o nome que se deu a um fatídico evento ocorrido em 9 de janeiro de 1905, na cidade de São Petersburgo, no então Império Russo. Na manhã de inverno desse domingo, uma massa de milhares de pessoas marchou, pacificamente, em direção ao Palácio de Inverno, situado na cidade referida, onde residia o czar Nicolau II e sua família. Essa marcha foi liderada pelo padre da Igreja Ortodoxa, George Gapon, e tinha o objetivo de entregar uma petição ao czar, na qual constava a reivindicação de melhores condições de vida para os operários das fábricas da cidade.
O padre Gapon tomou essa iniciativa após a demissão de quatro operários da maior fábrica de São Petersburgo, a Putilov, em dezembro de 1904. Essa demissão ocorreu em razão da reclamação que tais operários fizeram a respeito dos maus-tratos por eles sofridos nas mãos do capataz da fábrica. A demissão dos operários provocou a revolta de operários de outras fábricas da cidade, que, por sua vez, tiveram o apoio dos sindicatos. No mês seguinte, a grande massa de trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho foi organizada pelo padre Gapon e marchou, em procissão, rumo ao Palácio de Inverno, mas o czar não mais se encontrava no Palácio.
Os guardas do Palácio foram autorizados a abrir fogo contra a multidão desarmada. Estima-se que cerca de 1000 pessoas foram atingidas e que quase a metade morreu no local.
O massacre de 9 de janeiro de 1905 desencadeou uma onda de revoltas que tomou as ruas de São Petersburgo e de outras cidades russas. Como diz o historiador Robert Service em seu livro Camaradas: uma história do comunismo mundial, seguiram-se “meses de distúrbios, greves foram organizadas e houve a criação de conselhos operários (ou “sovietes”). O mais famoso deles foi o Soviete de Petersburgo, liderado pelo brilhante jovem orador marxista Leon Trotsky.”
Não apenas Trotsky, mas outros personagens que viriam a compor a frente revolucionária bolchevique em 1917, como Vladimir Lenin, acabaram por se juntar às revoltas de 1905 e ensaiar uma revolução operária russa já naquele ano. Entretanto, o czar, articulando-se com lideranças socialistas moderadas, acabou por fazer algumas concessões aos trabalhadores a fim de apaziguar a situação, retardando, assim, o fim do seu regime.