O fim da União Soviética ocorreu em um contexto de estagnação econômica e instabilidade política nos anos 1980, intensificado pelas reformas de Mikhail Gorbachev.
O fim da União Soviética ocorreu em um contexto de estagnação econômica e instabilidade política nos anos 1980, intensificado pelas reformas de Mikhail Gorbachev, como a Perestroika e a Glasnost, que, ao invés de fortalecerem o regime, aceleraram sua dissolução. A dissolução foi formalmente declarada por Gorbachev em 25 de dezembro de 1991, após a assinatura do Tratado de Belaveja.
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O fim da União Soviética foi um processo complexo que envolveu uma série de fatores políticos, econômicos e sociais, culminando em 1991, após quase sete décadas de existência. A União Soviética foi formada em 1922, após a Revolução Russa de 1917 e a subsequente guerra civil, e consolidou-se como uma das duas superpotências globais durante a Guerra Fria, junto dos Estados Unidos. No entanto, a partir da década de 1970, começou a enfrentar sérias dificuldades econômicas e sociais.
Durante os anos 1980, sob a liderança de Mikhail Gorbachev, reformas como a Perestroika (reestruturação econômica) e a Glasnost (transparência política) foram implementadas para modernizar o sistema soviético. No entanto, essas reformas acabaram por acelerar a desintegração do Estado, pois expuseram as fragilidades do regime, permitiram maior liberdade de expressão e reduziram o controle central sobre as repúblicas soviéticas.
A União Soviética também enfrentava pressões externas, como a intensificação da corrida armamentista com os EUA e a crescente insatisfação das repúblicas com o domínio russo. Esse contexto de fragilidade política e econômica criou o cenário para o colapso do bloco soviético.
O fim formal da União Soviética foi declarado por Mikhail Gorbachev, o último presidente soviético, em 25 de dezembro de 1991. Gorbachev anunciou sua renúncia em um discurso televisionado, durante o qual afirmou que o cargo de presidente da URSS deixaria de existir. A renúncia de Gorbachev foi o passo final de um processo de colapso que já estava em curso.
No entanto, o papel de Boris Yeltsin, então presidente da Federação Russa, também foi central para o desmantelamento da União Soviética. Antes mesmo da declaração formal de Gorbachev, Yeltsin havia trabalhado para enfraquecer o poder central da União Soviética ao assinar, em 8 de dezembro de 1991, o Tratado de Belaveja com os líderes da Ucrânia e da Bielorrússia, declarando que a URSS deixaria de existir e que seria substituída pela Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Esse tratado efetivamente dissolveu a URSS, sendo posteriormente ratificado por outras repúblicas soviéticas.
O fim da União Soviética foi causado por uma combinação de fatores econômicos, políticos e sociais, que se desenvolveram ao longo de várias décadas. Uma das principais causas foi a estagnação econômica que assolou o país a partir dos anos 1970.
A economia planificada, que havia sido eficaz nas primeiras décadas do regime, já não conseguia atender às demandas de uma sociedade cada vez mais complexa. A produção industrial e agrícola era ineficiente, e a qualidade de vida da população soviética estava em declínio, com a falta de bens de consumo e serviços básicos.
Além disso, as reformas de Gorbachev, embora bem-intencionadas, geraram resultados imprevistos. A Glasnost permitiu maior liberdade de expressão e crítica ao governo, o que incentivou movimentos de independência nas repúblicas soviéticas e aumentou as tensões étnicas. A Perestroika, por sua vez, trouxe pouca melhoria econômica imediata e, em muitos casos, desorganizou ainda mais a economia.
No campo político, a crescente perda de controle sobre as repúblicas soviéticas foi um fator decisivo. Países como a Lituânia, Estônia e Letônia já haviam declarado independência em 1990, e outras repúblicas seguiram o mesmo caminho ao longo de 1991.
A tentativa fracassada de um golpe de Estado contra Gorbachev, em agosto de 1991, por membros do governo soviético, mostrou a fraqueza do sistema e acelerou o processo de dissolução.
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O marco definitivo do fim da União Soviética foi a assinatura do Tratado de Belaveja, em 8 de dezembro de 1991. Esse acordo foi assinado pelos presidentes da Rússia (Boris Yeltsin), da Ucrânia (Leonid Kravchuk) e da Bielorrússia (Stanislav Shushkevich), declarando que a União Soviética estava dissolvida e que, em seu lugar, seria criada a Comunidade dos Estados Independentes (CEI).
O tratado de Belaveja foi o golpe final no que restava da URSS, pois as três repúblicas signatárias representavam uma parte substancial do território soviético. A criação da CEI, com a participação voluntária das ex-repúblicas soviéticas, consolidou o colapso da estrutura centralizada que mantinha o país unido.
Posteriormente, em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou oficialmente, encerrando a existência da União Soviética e marcando o início de uma nova era para as repúblicas ex-soviéticas.
O fim da União Soviética teve profundas consequências globais e regionais, que continuam a influenciar a geopolítica até os dias de hoje. Uma das principais consequências foi o fim da Guerra Fria. Com o colapso da URSS, os Estados Unidos emergiram como a única superpotência global, dando início a uma nova ordem mundial, marcada pela expansão do capitalismo e da globalização.
No plano interno, o fim da União Soviética resultou no surgimento de 15 novos países independentes, com a Rússia herdando o lugar da URSS no Conselho de Segurança da ONU.
As novas repúblicas enfrentaram desafios significativos de transição para economias de mercado e sistemas políticos democráticos, com muitas delas passando por crises econômicas severas e conflitos étnicos. A Rússia, em particular, sofreu uma grande instabilidade econômica nos anos 1990, com a hiperinflação e o aumento da pobreza.
Em termos de segurança global, o colapso da União Soviética também trouxe preocupações sobre o destino de seu vasto arsenal nuclear. Um acordo foi eventualmente firmado para que a Rússia herdasse o controle das armas nucleares, mas o desmantelamento e a segurança desse arsenal foram temas críticos na década de 1990.
Ademais, o colapso soviético trouxe à tona conflitos latentes em diversas regiões, incluindo as guerras na Chechênia e na Geórgia, e disputas territoriais entre as novas repúblicas. A expansão da Otan para o leste da Europa, incorporando antigos países do Pacto de Varsóvia, também aumentou as tensões entre a Rússia e o Ocidente, uma questão que persiste até os dias atuais.
O fim da União Soviética resultou na independência de 15 repúblicas que anteriormente compunham o bloco soviético. Essas repúblicas se tornaram países soberanos, cada um com seus próprios desafios políticos e econômicos. São elas:
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1. O colapso da União Soviética, em 1991, marcou o fim de uma era de quase 70 anos de influência socialista no mundo e, mais especificamente, do sistema bipolar que definiu as relações internacionais durante a Guerra Fria. Com base nesse contexto, qual das seguintes afirmações sobre as consequências do fim da União Soviética está correta?
a) O colapso da União Soviética levou ao imediato fortalecimento econômico de todas as repúblicas ex-soviéticas, especialmente na Ásia Central.
b) A criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) garantiu a continuidade de uma cooperação econômica e política integrada, similar à que existia durante a URSS, sem tensões ou conflitos entre as repúblicas.
c) A Rússia herdou o lugar da União Soviética no Conselho de Segurança da ONU e o controle do arsenal nuclear, enquanto algumas ex-repúblicas enfrentaram crises políticas e conflitos territoriais.
d) Todas as ex-repúblicas soviéticas integraram-se rapidamente à União Europeia e à Otan após o colapso da URSS, garantindo estabilidade e crescimento econômico.
e) O fim da União Soviética resultou no completo isolamento internacional da Rússia, que perdeu influência geopolítica nas antigas repúblicas soviéticas.
Resposta: c)
A Rússia assumiu o papel de principal sucessora da União Soviética no cenário internacional, herdando o arsenal nuclear e a cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. Ao mesmo tempo, várias ex-repúblicas soviéticas enfrentaram crises políticas, econômicas e territoriais, como a Geórgia e a Ucrânia, que vivenciaram conflitos armados. A afirmação correta reflete essa complexa realidade.
2. A União Soviética passou por um longo período de estagnação econômica e insatisfação social durante as décadas de 1970 e 1980, cenário que levou Mikhail Gorbachev a implementar, a partir de 1985, reformas ambiciosas. Com base no papel das reformas de Gorbachev no fim da União Soviética, é correto afirmar que:
a) A Glasnost e a Perestroika fortaleceram o poder central soviético e evitaram a independência das repúblicas, consolidando a União Soviética.
b) A Perestroika foi bem-sucedida em resolver a crise econômica soviética, mas a Glasnost foi ineficaz em promover maior liberdade de expressão.
c) As reformas de Gorbachev aceleraram o colapso da União Soviética, pois enfraqueceram o controle central e não conseguiram superar as crises econômicas e sociais.
d) O golpe de 1991 foi bem-sucedido, permitindo que Gorbachev revertesse as reformas e restaurasse o controle sobre as repúblicas soviéticas.
e) As reformas de Gorbachev tiveram sucesso total, permitindo uma transição pacífica para um sistema político e econômico totalmente democrático.
Resposta: c)
Embora Gorbachev tivesse a intenção de reformar o sistema soviético para salvá-lo, as reformas acabaram por desorganizar ainda mais a economia e enfraquecer o controle central sobre as repúblicas, contribuindo para o colapso da URSS. A resposta correta reflete esse processo de desintegração causado pelas reformas.
Créditos das imagens
[1] Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Kremlin.ru / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
GORENDER, Jacob. Fim Da URSS. Origens E Fracasso Da Perestroika. São Paulo: Atual, 2000.
POTY, I. B. A Ucrânia independente após o fim da Guerra Fria: uma análise geopolítica (1991-2010). Conjuntura Austral, [S. l.], v. 10, n. 52, p. 17–37, 2019. DOI: 10.22456/2178-8839.92323. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/ConjunturaAustral/article/view/92323. Acesso em: 13 set. 2024.