A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o século XIX. Essa revolta foi resultado da disputa entre praieiros e conservadores pelo poder na província de Pernambuco. Esse conflito estendeu-se durante dois anos e resultou no enfraquecimento dos liberais na política brasileira.
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A Revolução Praieira foi a última rebelião provincial que aconteceu no Brasil, durante o período monárquico. Essa rebelião aconteceu no Segundo Reinado, em um momento em que a política brasileira acomodava-se com a forma de governar do novo imperador. Essa revolta aconteceu em Pernambuco, historicamente, um dos lugares de maior agitação política e social no Brasil.
O país passava por grandes transformações, como o enfraquecimento do tráfico negreiro, fruto do Bill Aberdeen. A dificuldade de obter trabalhadores escravizados criava uma certa tensão nas elites pernambucanas, pois não havia escravos suficientes para as demandas dessas elites e, principalmente, porque o escravo estava cada dia mais caro.
Além disso, Pernambuco enfrentava um cenário econômico muito ruim, especialmente, porque a atividade mais importante da região – produção de açúcar – estava em decadência. Os problemas da economia local tinham maior impacto na população empobrecida da província, que, além de tudo, ainda sofria com o desabastecimento, um problema que existia em Recife desde a colonização.
Não bastassem os problemas econômicos e a falta de alimentos, a população carente de Pernambuco afligia-se também com a falta de empregos. Essa questão era resolvida de maneira paliativa por meio de obras públicas que os conservadores faziam na cidade, mas, durante a gestão praieira, as obras foram interrompidas, e o desemprego aumentou.
A situação explosiva de Pernambuco ficava completa com o cenário político que o país vivia e que lá foi reproduzido de maneira mais intensa. As disputas políticas eram uma realidade no Brasil, e liberais e conservadores faziam de tudo para continuar no poder, inclusive usavam a violência, vide o caso das eleições do cacete. Essa disputa acontecia no Rio de Janeiro, e em Pernambuco ganhou um novo elemento com o surgimento do Partido Praieiro.
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A disputa entre conservadores e liberais não era civilizada, apesar de um rodízio ser realizado entre os partidos. Na década de 1840, a província de Pernambuco viu esse revezamento acontecendo, mas os desentendimentos entre os adversários não perderam a força.
Nessa província, uma terceira via (muito ligada aos liberais) surgiu por conta das indisposições que existiam no interior das oligarquias pernambucanas. O Partido Praieiro surgiu por meio de desavenças que brotaram dentro do Partido Liberal, que envolviam a crescente influência que a família Cavalcanti tinha em Pernambuco.
Essa família tinha três irmãos eleitos senadores, sendo um deles – Holanda Cavalcanti, do Partido Liberal. Os Cavalcanti ainda tinham inúmeras alianças, o que os tornavam verdadeiramente poderosos na política de Pernambuco. Por conta disso, o Partido Liberal rachou.
O termo praieiro que constituía o nome do partido originou-se do fato de os membros dele reunirem-se e publicarem suas ideias no jornal Diário Novo, localizado, na época, na Rua da Praia, em Recife. Em 1844, o ciclo da política no Rio de Janeiro alterou-se, e os liberais assumiram o poder no gabinete. O reflexo disso foi que, em Pernambuco, os conservadores enfraqueceram-se, e Antônio Pinto Chichorro, aliado dos liberais, foi nomeado presidente da província, em 1845.
Com essa nomeação, os praieiros chegaram ao poder e começaram uma série de ações contra os seus adversários conservadores. As instituições da província, como a Guarda Nacional e a polícia civil, começaram a ser aparelhadas com pessoas que apoiavam os praieiros. Aliados dos conservadores começaram a ser demitidos para que novas pessoas fossem contratadas.
Essas centenas de demissões aconteciam com o objetivo de acabar com qualquer influência política dos Cavalcanti e dos conservadores. Os aliados dos praieiros que foram investidos nos cargos policiais e militares começaram a ser armados pelo governo, e investigações foram iniciadas na província.
Conservadores começaram a ter suas propriedades invadidas com a finalidade de desarmar aqueles que haviam sido demitidos da polícia e da Guarda Nacional. Além disso, as operações também buscavam encontrar criminosos e escravos fugidos. O propósito aqui era claro: prejudicar todos os que tinham relação com os conservadores.
Os praieiros também agiram para radicalizar a população local, incentivando o crescimento da xenofobia contra portugueses. A falta de emprego era um grave problema, e a questão do comércio a retalho (varejo) começou a ser vista como crucial para que novas vagas de trabalho surgissem. A população recifense começou a considerar como os culpados pelo desemprego os portugueses que ocupavam em peso esses empregos no comércio varejista.
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Novembro de 1848 foi quando a Revolução Praieira iniciou-se. A motivação estava ligada com a disputa política entre praieiros e conservadores. Em 1848, o ciclo dos liberais teve fim, e os conservadores tornaram-se a maioria no gabinete. Isso se refletiu em Pernambuco, e o presidente da província, Antônio Pinto Chichorro, foi destituído do cargo.
O resultado foi que a vez dos conservadores governar a província retornou e, com isso, a vingança conservadora foi iniciada. As demissões dos praieiros de instituições, como a polícia e a Guarda Nacional, começaram a ser realizadas, e logo os praieiros começaram a ser desarmados, tal como haviam feito com os conservadores.
Porém o grupo dos praieiros recusou-se a desarmar-se e a ser destituído dos cargos, e logo os desentendimentos tornaram-se pequenos conflitos armados. Esses conflitos armados espalharam-se para o interior da província e estenderam-se até 1850, quando as forças praieiras foram derrotadas definitivamente.
A cidade de Recife chegou a ser atacada por tropas praieiras. Isso aconteceu em fevereiro de 1849 e, nesse ataque, Pedro Ivo, um dos líderes praieiros, levou mais de 1500 homens para atacar a capital da província. O ataque fracassou, e centenas de praieiros foram mortos. Outro nome importante dessa revolução foi Borges da Fonseca, autor do manifesto dos praieiros, o Manifesto ao Mundo.
A derrota dos praieiros fez com que os liberais se enfraquecessem nacionalmente. O partido liberal só ganhou relevância novamente no começo da década de 1860.