Conheça as características da Conjuração Baiana, uma revolta que ocorreu nos fins do século XVIII, na Bahia.
A Conjuração Baiana, ou Conjuração dos Alfaiates, foi uma revolta que ocorreu na Bahia, no ano de 1798. Para entender essa revolta, que aconteceu na época em que o Brasil ainda era colônia de Portugal, faz-se necessário compreender os acontecimentos mundiais que a influenciaram.
As ideias liberais e iluministas que moldaram a Revolução Francesa (1789) foram as mesmas que influenciaram uma gama de movimentos e insurgências no continente americano nos fins do século XVIII. A Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, no Brasil, foram as que se destacaram.
Pois bem, o próprio termo “conjuração”, que significa ajuntamento conspiratório, já identifica esse movimento como algo que tinha o objetivo de interpor-se ao poder vigente da coroa portuguesa. Os revoltosos da Bahia colocaram-se frontalmente contra os problemas que essa província enfrentava na época, como escassez de alimentos, e também levantavam bandeiras a favor da abolição da escravidão, da proclamação da República na região da Bahia e do livre mercado também naquela região. Todos esses temas alinhavam-se ao pensamento liberal vindo, sobretudo, da França revolucionária.
Os integrantes dessa conspiração eram, em geral, homens de profissões liberais, negros livres e mulatos que sobreviviam através do exercício de profissões urbanas, como o artesanato, o policiamento e, sobretudo, a alfaiataria. Daí veio a denominação da revolta como “Revolta dos Alfaiates”.
Entretanto, as propostas da Conjuração não chegaram a se realizar. Segundo o historiador Boris Fausto, em sua História do Brasil, “após uma tentativa de se obter apoio do governo da Bahia, começaram as prisões e delações. Quatro dos principais acusados foram enforcados e esquartejados. Outros receberam penas de prisão ou banimento” (p. 104) [1].
A crueldade das sentenças era típica para esse tipo de conspiração. Na Inconfidência Mineira, um dos principais representantes, Joaquim José da Silva Xavier, também foi enforcado e esquartejado.
Além da inspiração na Revolução Francesa, a Conjuração Baiana também se situava no contexto da das revoltas dos escravos do Haiti, de 1791, que culminariam na independência daquele país. Todo esse contexto preocupava a corte portuguesa, que procurou retaliar qualquer tipo de insurgência semelhante em suas colônias.
*Créditos da imagem: Commons
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