A Al-Qaeda surgiu no final da década de 1980 e ficou conhecida como a responsável pelos atentados de 11 de setembro, que mataram quase três mil pessoas.
A Al-Qaeda é uma conhecida organização fundamentalista que surgiu na fronteira do Paquistão com o Afeganistão no final da década de 1980. Esse grupo teve Osama bin Laden como um de seus fundadores e tornou-se inimigo dos Estados Unidos no começo da década de 1990. Foi responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001.
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A Al-Qaeda surgiu no final da década de 1980, durante o fim da Guerra do Afeganistão de 1979.
Durante a Guerra do Afeganistão de 1979, funcionava como local de recrutamento de soldados para lutar contra os soviéticos.
Um de seus fundadores foi Osama bin Laden, um milionário da Arábia Saudita.
Tornou-se inimiga dos Estados Unidos depois da Guerra do Golfo.
Organizou os atentados de 11 de setembro, resultando em 2996 mortes nos Estados Unidos.
Organização fundamentalista islâmica, a Al-Qaeda se coloca no papel de atuar na defesa internacional do islamismo contra aqueles que ela considera serem inimigos dessa fé. Esse grupo é de orientação sunita e defende a aplicação de uma interpretação radical dos princípios do islamismo e da Lei Islâmica. O surgimento da Al-Qaeda remonta à década de 1980.
A Al-Qaeda rejeita absolutamente todo o tipo de influência da cultura ocidental, principalmente se essa influência vier da cultura norte-americana. A atuação da Al-Qaeda é transnacional, assim, seus membros acreditam que seu papel é levar a jihad, uma guerra em defesa do islamismo contra os soviéticos, por todo o planeta. É exatamente por isso que a Al-Qaeda está presente em diferentes países.
Até os dias de hoje, a Al-Qaeda é entendida como um dos grupos terroristas mais bem-sucedidos da história recente, sendo responsável por atentados terroristas em diferentes continentes. Apesar de enfraquecida, a Al-Qaeda é enxergada como um risco, e sua ideologia ainda mobiliza radicais no mundo.
Seu surgimento se relaciona diretamente com a Guerra do Afeganistão de 1979, e a radicalização islâmica que aconteceu naquele conflito. Essa batalha foi resultado da disputa travada no Afeganistão entre o governo socialista que comandava o país desde 1978 e grupos de rebeldes conservadores.
Esses rebeldes eram parte de classes tradicionais do Afeganistão que se opunham às reformas promovidas pelo governo socialista que estava no poder. As revoltas colocaram o governo em risco, e a União Soviética, para proteger seu aliado, decidiu invadir o Afeganistão em dezembro de 1979.
Os rebeldes afegãos ficaram conhecidos como mujahidin. Eles compunham um grupo heterogêneo, que se unia pelo conservadorismo religioso. Esses rebeldes lutaram sob a convocação de uma jihad (guerra santa muçulmana) contra os soviéticos, considerados ateus, portanto infiéis, e eram financiados por países como Arábia Saudita, Estados Unidos e Paquistão.
Convocada no Afeganistão, a jihad atraiu muçulmanos de diferentes partes do planeta. Eles aderiram ao esforço de guerra contra os soviéticos durante os dez anos do conflito. Um dos grupos que faziam parte dessa resistência dos mujahidin contra os soviéticos era o Maktab al Khidmat lil Mujahidin al-Arab, grupo também conhecido como MAK.
O grupo MAK foi fundado por Abdullah Azzam e Osama bin Laden, muçulmanos que atenderam a convocação de jihad e juntaram-se ao esforço de guerra contra os soviéticos no Afeganistão. O primeiro era um professor universitário palestino, enquanto Osama bin Laden era um milionário saudita.
Com o fim do conflito, bin Laden e Azzam mantiveram o desejo de atuar na luta travada em defesa do islamismo. Assim, entre 1988 e 1989, o MAK se converteu na Al-Qaeda, termo em árabe que significa “a base”. A ideia deles era transformar a Al-Qaeda em uma base para defender os muçulmanos no mundo.
É importante mencionar que o MAK atuava como um local de recrutamento de jovens para lutar no Afeganistão, e a sua base se localizava na fronteira do Paquistão com o Afeganistão. Esse grupo era financiado por norte-americanos e sauditas, além de contar com investimentos da fortuna de Osama bin Laden.
Como vimos, a inserção de Osama bin Laden na luta jihadista contou com o apoio norte-americano. Entretanto, essa boa relação entre as duas partes foi destruída durante a Guerra do Golfo, conflito iniciado em 1990, quando o Iraque invadiu o Kuwait, país vizinho.
A invasão iraquiana parecia ser um grande risco para a Arábia Saudita. Osama bin Laden ofereceu sua milícia para, junto das tropas sauditas, lutar contra o Iraque e Saddam Hussein. Os sauditas não aceitaram a ideia e permitiram que os Estados Unidos estabelecessem soldados em seu território para então atacarem os soldados iraquianos.
Enfurecido, Osama bin Laden não concordava que infiéis estivessem presentes em terras sagradas, como Meca. A partir daí, dedicou-se a lutar contra os Estados Unidos, até que os norte-americanos abandonassem definitivamente as terras habitadas pelos muçulmanos.
Esse princípio territorialista da Al-Qaeda, isto é, almejar que norte-americanos abandonem as terras muçulmanas, permanece até hoje. A condição dos membros dessa organização terrorista para encerrarem a guerra contra os Estados Unidos é que todos os países muçulmanos sejam abandonados pelos norte-americanos. A oposição de Osama bin Laden aos Estados Unidos pode ser percebida por duas fatwas (pronunciamentos legais emitidos por autoridade religiosa do islamismo) proferidas por ele:
em 1996, em que declarava guerra aos Estados Unidos;
em 1998, em que dava liberdade para que os muçulmanos matassem indiscriminadamente cidadãos norte-americanos.
A partir daí, a organização passou a planejar atentados tendo como alvo os Estados Unidos. Assim, a Al-Qaeda organizou atentados no Quênia e Tanzânia, contra embaixadas norte-americanas e contra uma embarcação da marinha dos Estados Unidos que estava no Iêmen. Por fim, organizou o maior atentado de sua trajetória, como veremos a seguir.
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Em 11 de setembro de 2001, 19 terroristas da Al-Qaeda sequestraram aviões comerciais e os lançaram contra as duas torres do World Trade Center, prédio comercial localizado em Nova York, e contra o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, localizado na capital do país, Washington.
Descobriu-se posteriormente que um quarto avião seria lançado contra o Capitólio, sede do Legislativo norte-americano, mas o avião caiu antes disso. Esse avião teria caído em uma mata na Pensilvânia, e isso se deve ao fato de os passageiros terem se rebelado contra os terroristas que sequestraram o avião.
Estima-se que, ao todo 2996, pessoas morreram, e as investigações conduzidas pela CIA levaram ao nome da Al-Qaeda. Tempos depois, a própria Al-Qaeda reconheceu a autoria do atentado. Essas ofensivas fizeram com que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, desse início a uma “guerra ao terror”, e iniciou-se uma caçada a Osama bin Laden. Para saber mais sobre os ataques, acesse: Atentado de 11 de setembro.
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A reação norte-americana ao 11 de setembro deu início à decadência da Al-Qaeda. Essa organização terrorista estava instalada em território afegão desde 1996, ano em que o Talibã tomou o poder do Afeganistão. Como o Talibã se recusou a expulsar a Al-Qaeda do país, os Estados Unidos iniciaram a invasão daquele território.
As forças norte-americanas começaram a atacar instalações da Al-Qaeda, forçando os seus membros a fugirem. Muitos foram para o Paquistão, e outros se esconderam na região montanhosa do Afeganistão. A caçada ao líder seguiu, mas Osama bin Laden só foi encontrado dez anos depois. Em maio de 2011, foi confirmado que ele vivia em uma casa em Abbottabad, no Paquistão.
Uma operação ilegal foi realizada pelos Estados Unidos e, por meio dela, Osama bin Laden foi morto. Depois de análises, foi confirmado que realmente se tratava do líder da Al-Qaeda, sendo que a própria organização reconheceu a morte de seu mandante. Hoje, o grupo supostamente é liderado por Ayman al-Zawahiri, mas desde 2020 especula-se que ele esteja morto, sem que haja nenhuma comprovação desse fato.
A Al-Qaeda, apesar de enfraquecida desde 2001, ainda está presente em diferentes países e segue sendo considerada uma grande ameaça aos Estados Unidos.
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