Agrotóxicos são produtos químicos utilizados em lavouras para garantir a produtividade, evitando doenças e possíveis pragas. São também conhecidos como defensivos agrícolas.
Agrotóxicos são produtos químicos largamente utilizados no setor de produção agrícola, garantindo a produtividade das lavouras, pois seu uso preserva as espécies cultivadas. São também conhecidos como pesticidas ou defensivos agrícolas. No entanto, seu uso é comumente associado, por diversos órgãos, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a impactos ambientais negativos, bem como a riscos à saúde.
O uso de agrotóxicos está associado ao combate às pragas e doenças que atacam as lavouras.
Os agrotóxicos são utilizados em diversos ambientes, como florestas nativas, ambientes hídricos e ambientes urbanos, mas é nas lavouras e pastagens que esses produtos químicos são mais utilizados.
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Os agropecuaristas utilizam os agrotóxicos a fim de controlar e combater possíveis pragas e doenças que atacam as plantações, pois esses possuem a capacidade de agir sobre a atividade biológica dos seres vivos. Esse controle garante, de certo modo, a produtividade das produções agrícolas, evitando prejuízos.
Os agrotóxicos são classificados segundo a natureza da praga que irão combater. Podem também ser classificados de acordo com o grupo químico ao qual pertencem e também segundo os prejuízos que causam à saúde e ao meio ambiente. Veja aqui a classificação que recebem, de acordo com a praga combatida:
Tipos de agrotóxicos segundo a praga a ser combatida.
Já em relação aos danos à saúde humana, os agrotóxicos são classificados segundo a sua toxicidade. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classifica-os em quatro classes, diferenciadas por cores e pela dose de letalidade de cada um. No Brasil, os agrotóxicos apresentam em seus rótulos a classificação toxicológica, que aponta o potencial de risco à saúde. Confira:
Classificação de agrotóxicos pela Anvisa de acordo com a toxicidade.
O uso de agrotóxicos na agricultura remonta a períodos da Antiguidade clássica, em que agricultores precisavam desenvolver maneiras de conter pragas, insetos e ervas daninhas que prejudicavam suas plantações. O uso desses produtos agroquímicos intensificou-se na agricultura há cerca de 60 anos.
Foi a partir do século XX — com a Revolução Verde (introdução de novas tecnologias que modificaram as práticas agrícolas) e as promessas de aumento da produtividade e da expansão dos setores agroindustriais — que os agrotóxicos ganharam destaque.
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A modernização da agricultura, associada aos latifúndios (grandes extensões de terra) e às monoculturas, fez com que os agrotóxicos passassem a ser intensamente utilizados nas lavouras. As monoculturas, plantio de uma única espécie, favorecem o ciclo de pragas e doenças, fazendo com que haja, então, necessidade de se utilizar os defensivos agrícolas, a fim de garantir a produtividade, evitando riscos e danos à plantação.
É na agricultura que os agrotóxicos são muito utilizados a fim de garantir a produtividade e preservar as espécies plantadas.
Segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), em 2017, as principais produções agrícolas campeãs no uso de agrotóxicos foram a soja, a cana-de-açúcar, o milho e o algodão.
Certamente, os agrotóxicos possuem papel fundamental na expansão do agronegócio e, consequentemente, no favorecimento da economia e também na oferta de alimentos no mundo. Contudo, o uso excessivo ou incorreto desses produtos químicos pode trazer diversos prejuízos ao meio ambiente, como, por exemplo, a contaminação do solo e dos recursos hídricos, a intoxicação de animais, bem como o desaparecimento de espécies de insetos, segundo o Ministério do Meio Ambiente.
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Outro problema relacionado com o mau uso dos agrotóxicos tem a ver com a saúde humana. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde associam a exposição aos agrotóxicos a intoxicações que podem causar arritmias cardíacas, alergias respiratórias, entre outras doenças. Representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) acreditam que evitar que as pessoas se exponham aos agrotóxicos, seja por alimentos, seja por ambientes contaminados, possivelmente reduziria casos de doenças do coração e acidentes vasculares|1|.
A Anvisa divulgou um relatório sobre os resíduos de agrotóxicos em alimentos, por meio do PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos). A pesquisa foi realizada, entre os anos de 2013 e 2015, utilizando cerca de 12 mil amostras de alimentos, e nelas foi constatada a presença de agroquímicos que trazem risco à saúde|2|.
O órgão avaliou cereais, frutas, leguminosas, hortaliças e raízes. O alimento com mais amostras contaminadas foi a laranja. Dentre as 744 amostras, 90 apresentavam potencial de risco agudo de contaminação.
Outros alimentos — como pimentão, abobrinha e morango — encontram-se com risco considerado aceitável. Contudo, apesar de as irregularidades não apontarem risco, do ponto de vista agudo, à saúde do consumidor, na maioria das amostras analisadas, foi apontado que os agricultores que utilizarem os agrotóxicos fora das recomendações podem expor sua saúde.
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O tomate é um alimento que apresenta alta concentração de agrotóxicos. Cerca de 16,3% apresentam contaminação segundo Anvisa.
A Anvisa também liberou uma lista, em 2010, que aponta os alimentos que apresentam alto nível de contaminação por agrotóxicos. Tal lista levou em consideração, para a análise, os teores de resíduos de agrotóxicos acima do permitido e também a presença de agrotóxicos que não são permitidos em alimentos. Os alimentos mais contaminados são:
- Pimentão: 91,8% das amostras contaminadas;
- Morango: 63,4% das amostras contaminadas;
- Pepino: 57,4% das amostras contaminadas;
- Alface: 54,2% das amostras contaminadas.
A Anvisa faz algumas recomendações, como:
- Optar por alimentos com rótulos que identifiquem o produtor;
- Optar por alimentos orgânicos;
- Procedimentos de lavagem em água corrente e a retirada de folhas e cascas contribuem para reduzir os resíduos de agrotóxicos existentes.
O Brasil é o país que mais utiliza agrotóxicos no mundo, desde 2016, segundo dados divulgados pela Anvisa, e é considerado uma das maiores potências do setor agropecuário. São movimentados, por ano, no país, cerca de US$ 10 bilhões na comercialização de produtos agroquímicos, de acordo com dados da Revista Pesquisa Fapesp.
Dados do IBGE revelam também que o uso de agrotóxicos no país aumentou cerca de 21,2% em 11 anos (entre os períodos de 2006 e 2017)|3|. Foram usados, no Brasil, em 2017, aproximadamente 540 mil toneladas de agrotóxicos, o dobro do que foi usado no ano de 2010, segundo pesquisas do Ibama|4|.
O que leva ao uso intenso de agrotóxicos no Brasil está ligado a fatores climáticos, bem como às características da produção agrícola no país. O Brasil é um país tropical, não havendo, em boa parte do seu território, períodos de baixa temperatura. Isso acaba favorecendo o ciclo de pragas e doenças, já que esse não é quebrado com a mudança de temperatura.
Outro fator é a questão da produção agrícola no país. A monocultura prevalece e essa prática também favorece o ciclo pragas e doenças que atacam as lavouras, necessitando, então, que sejam utilizados agrotóxicos que as combatam.
No Brasil, o uso de agrotóxicos é regulado pela Lei de Agrotóxicos nº 7.802, de 1989, regulamentada pelo Decreto Nº 4.074, 2002|6|. Essa lei contém restrições a esse uso, bem como define quais, quanto e por quem ele pode ser feito. No início do ano de 2019, essa lei sofreu uma alteração mediante um projeto apresentado e aprovado pela Câmara. O projeto é de autoria do deputado federal Luiz Nishimori e prevê a liberação de agrotóxicos pelo Ministério da Agricultura, impedindo que órgãos como Ibama e Anvisa interfiram. Houve, então, uma flexibilização das regras de produção, comercialização e distribuição de agrotóxicos. Nesse mesmo ano, o Ministério da Agricultura aprovou o registro de agrotóxicos de elevada toxicidade no país. A Anvisa declarou que agrotóxicos que foram banidos de países — como China, Estados Unidos e países da União Europeia — têm sido utilizados em território nacional.
A flexibilização da lei de agrotóxicos tem sido bastante questionada por ambientalistas e órgãos da saúde e do meio ambiente. Esses criticam a permissividade do Governo Federal e apontam diversos problemas associados ao uso dos defensivos agrícolas. Em contraponto, os produtores rurais dizem ser inevitável seu uso, considerando que o agronegócio depende da produtividade das lavouras.
Segundo o Ibama|5|, os principais agrotóxicos comercializados no Brasil, no ano de 2016, foram:
Glifosato |
2,4-D |
Mancozebe |
Atrazina |
1. Vantagens
- A utilização correta e em dosagens recomendadas de agrotóxicos garante o controle de pragas e doenças que prejudicam as plantações;
- O controle de pragas e doenças garante a produtividade das lavouras;
- O uso de agrotóxicos melhora a qualidade visual dos produtos cultivados;
- Geralmente, os preços dos produtos nos quais foram utilizados agrotóxicos são menores em relação aos preços de produtos orgânicos.
2. Desvantagens
- Agrotóxicos armazenados em ambientes inadequados podem oferecer riscos à saúde;
- O uso incorreto e em doses não recomendadas de agrotóxicos está associado, por órgãos da saúde, a diversos problemas de saúde;
- O uso incorreto dos agrotóxicos também está associado a problemas ambientais, como contaminação do solo, dos recursos hídricos e também da fauna e flora;
- Doses em excesso de agrotóxicos podem contaminar alimentos e colocar em risco a saúde.
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Notas:
1Agrotóxicos e outras substâncias químicas matam 193 mil pessoas no mundo por ano, diz ONU. Para acessar, clique aqui.
2Relatório sobre resíduos de agrotóxicos em alimentos. Para acessar, clique aqui.
3Uso de agrotóxicos aumenta em 21% em 11 anos no Brasil. Para acessar, clique aqui.
4-5 Agrotóxicos na berlinda. Para acessar, clique aqui.
6 Decreto 4.074 - 2002 Agrotóxicos. Para acessar, clique aqui.