Pré-História
A Pré-História, dividida em três fases, acompanha o surgimento dos primeiros hominídeos, bem como o desenvolvimento humano e sua evolução, ao longo do tempo.
A Pré-História é o período que acompanha a evolução da Terra, do homem e todos os seres vivos. O estudo da Pré-História permite-nos acompanhar o desenvolvimento e a evolução dos primeiros hominídeos até o surgimento de ferramentas que possibilitaram o aperfeiçoamento no estilo de vida dos seres humanos.
A Pré-História tem como ponto de partida o surgimento dos primeiros hominídeos e encerra-se quando é desenvolvida a primeira forma de escrita pela humanidade — marco que aconteceu entre 3500 a.C. e 3000 a.C. Esse período é dividido, basicamente, em Paleolítico, Mesolítico e Neolítico.
Um dos grandes marcos da Pré-História é o surgimento do homo sapiens sapiens, a nossa espécie humana, que apareceu há 300 mil anos AP (Antes do Presente — unidade temporal definida pela Arqueologia tendo como base o ano de 1950 d.C.).
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Divisão da história
A Pré-História é um período de tempo consideravelmente extenso e sua nomenclatura teve origem no século XIX. Nessa última época, os estudiosos das ciências humanas tinham uma visão de que só era possível existir História, enquanto ciência, caso houvesse escrita. E como esse século acompanha o desenvolvimento humano em um momento que não havia escrita, tal momento foi nomeado de Pré-História, isto é, foi considerado um período anterior à existência da História humana.
A Pré-História concentra um período que vai de 3 milhões de anos AP a 6500 anos AP (ou 3500 a.C.). Os períodos da Pré-História são os seguintes:
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Paleolítico
O Paleolítico é conhecido também como Idade da Pedra Lascada porque os objetos utilizados pelos grupos humanos desse período, para sua sobrevivência cotidiana, eram produzidos desse material. O Paleolítico é um período que se estendeu de 3 milhões de anos atrás até 10000 a.C., sendo dividido em três fases, que são: Paleolítico Inferior, Médio e Superior.
Obviamente, cada um desses períodos possui sua particularidade, e acompanharemos um resumo de cada uma dessas fases:
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O Paleolítico Inferior tem como ponto de partida o momento em que os hominídeos desenvolveram a habilidade de produzir ferramentas para sua sobrevivência. Os primeiros hominídeos a desenvolverem tais habilidades foram o homo habilis e o homo erectus (este conhecido também por ser o primeiro a ficar em postura ereta). Essa fase teve extensão de 3 milhões de anos AP a 250 mil anos AP.
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O Paleolítico Médio, por sua vez, estendeu-se de 250 mil anos AP até 40 mil anos AP, aproximadamente. A grande marca desse período é a presença do homem de neandertal (homo neanderthalensis), hominídeo que viveu na Eurásia ainda no período do Paleolítico Inferior. O Neandertal ficou muito conhecido por ser uma espécie de hominídeo com tamanho inferior a 1,70 m, por ter um corpo mais robusto e uma capacidade maior de reter calor nele. Ele viveu no mesmo período que o homo sapiens, já que este surgiu há 300 mil anos.
No Paleolítico Médio, os estudos arqueológicos apontam que o estilo de vida dos hominídeos tornou-se mais sofisticado, pois novos tipos de ferramentas haviam sido desenvolvidos e o uso do fogo havia sido amplamente difundido. Os especialistas apontam que o uso do fogo tornou-se comum no período entre 100 mil e 50 mil anos atrás.
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O Paleolítico Superior é a última fase do período Paleolítico e estendeu-se de 50000 a.C. até 10000 a.C. A quantidade de ferramentas utilizadas pelo ser humano era vasta, e foram encontrados machados, anzóis, agulhas, arpões, dardos etc. Além disso, a variedade de alimentos consumidos pelo homem aumentou e os grupamentos humanos foram tornando-se mais complexos.
Essa época também ficou marcada pelo desenvolvimento das primeiras formas de arte dos seres humanos. A arte pré-histórica mais conhecida é a pintura rupestre, aquela realizada nas paredes de cavernas.
De uma forma geral, podemos considerar, então, que o Paleolítico foi um período em que o ser humano sobrevivia exclusivamente da coleta e da caça e, portanto, para garantir seu sustento, principalmente no que se relaciona com a caça, era necessário a elaboração de ferramentas (armas) para ajudar na obtenção do alimento.
O ser humano, portanto, era nômade, pois, uma vez esgotados os recursos de determinada área, mudava-se para outra, a fim de poder coletar e caçar. As ferramentas produzidas eram feitas de ossos, pedra lascada e também marfim. A temperatura da terra era mais fria e isso forçava o homem a morar em cavernas para proteger-se do frio.
Na fase final do Paleolítico, os especialistas apontam que as primeiras experiências religiosas começaram a ser desenvolvidas, e essa sofisticação da vida humana, aliada à possibilidade desse “senso religioso”, levou o homem a desenvolver ritos funerários para enterrar seus mortos.
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Mesolítico
O Mesolítico é uma fase intermediária e entendida pelos especialistas como uma fase de transição entre Paleolítico e Neolítico. O Mesolítico, conforme apontam os especialistas da área, foi um período reservado apenas às regiões nas quais aconteceram ciclos intensos de glaciação. Sendo assim, aponta-se que a Eurásia foi um local no qual o Mesolítico aconteceu e estendeu-se, aproximadamente, de 13000 a.C. a 9000 a.C.
Os grupos humanos que sobreviviam somente da caça entraram em decadência, uma vez que aqueles que sobreviviam também da coleta começaram a sobressair-se. O fim desse período aconteceu com o desenvolvimento da agricultura.
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Neolítico
O Neolítico ou Idade da Pedra Polida é o último período pré-histórico e estendeu-se de 10000 a.C. até 3000 a.C. Os marcos importantes do Neolítico são o desenvolvimento da agricultura e o desenvolvimento da primeira forma de escrita. Lembrando que essas datas são aproximativas e o desenvolvimento humano nunca foi uniforme, ou seja, existem grupos que só foram desenvolver uma forma escrita, por exemplo, séculos depois da primeira escrita que surgiu.
O desenvolvimento da agricultura permitiu que o estilo de vida da humanidade fosse transformado radicalmente, pois, com ela, o ser humano era capaz de produzir seu próprio alimento e não era mais dependente daquilo que caçava e do que coletava da natureza. O impacto disso foi que o ser humano passou a desmatar florestas para criar seus campos de cultivo e tornou-se sedentário.
A sedentarização do homem proporcionada pelo desenvolvimento da agricultura também possibilitou-lhe domesticar animais que poderiam, principalmente, servir de alimento, caso o cultivo agrícola não fornecesse o sustento necessário. A domesticação dos animais também esteve relacionada com o trabalho agrícola e com a locomoção e transporte de carga.
Com essa sedentarização, os grupos humanos foram reunindo-se em número cada vez maior, e o crescimento desses grupamentos resultou no surgimento das primeiras cidades do mundo. O desenvolvimento das cidades causou também o desenvolvimento da arquitetura, que permitiu a construção de casas mais bem elaboradas e outras construções.
A olaria também surgiu durante esse período e, assim, começaram a ser desenvolvidos utensílios de cerâmica. Durante o final do Neolítico, desenvolveu-se a metalurgia, e assim o ser humano tornou-se capaz de produzir ferramentas de metal. Nesse período, na medida em que os grupos de seres humanos cresceram, tornavam-se mais complexos e mais desiguais, já que pessoas que ocupavam cargos de relevância na administração dos recursos foram tornando-se mais influentes e poderosas.
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Divisão do trabalho na Pré-História
Os grupamentos humanos foram sofisticando-se e, como consequência, a divisão do trabalho foi sendo definida. Com isso, a convenção foi de que os homens foram responsabilizados pela caça, e as mulheres, pela coleta e pelo trabalho agrícola, quando esse surgiu no Neolítico.
A respeito dessa divisão, a socióloga alemã Maria Mies afirma que a sobrevivência humana durante o período pré-histórico era, em grande parte, responsabilidade do trabalho feminino. Isso porque estudos realizados na área indicam que a porcentagem de alimentos consumidos por meio da coleta e da agricultura (realizadas pela mulher) era superior à quantidade de alimentos oriundos da caça.|1|
Arte na Pré-História
O estudo da Pré-História também inclui a análise das formas de arte que foram realizadas nesse período. Os especialistas ainda não têm certeza dos motivos pelos quais os homens pré-históricos fizeram tais registros, mas sugerem que eles poderiam ser apenas um registro da “arte pela arte”, bem como poderiam ser um registro que realizasse uma conexão do homem com a natureza em um plano espiritual.
A principal forma de arte desse período são as pinturas rupestres, que eram realizadas nas paredes das cavernas. Essas pinturas remontam a 40 mil anos atrás e representavam grupos de animais ou o ser humano em meio a atividades cotidianas. Eram usados materiais como terra, carvão, sangue, entre outros, nessas pinturas.
No período pré-histórico, também eram realizadas esculturas pequenas. As mais famosas são as estatuetas de Vênus, isto é, pequenas estátuas de mulheres com formas corporais voluptuosas. A mais famosa dessas estatuetas é a Vênus de Willendorf, que foi localizada na Áustria e remonta a 25 mil anos atrás.
Por fim, vale destacar as construções megalíticas, que eram basicamente grandes construções feitas em pedra. Os especialistas não sabem ao certo a razão pela qual esses monumentos eram construídos. O monumento megalítico mais conhecido é o de Stonehenge, localizado na Inglaterra.
Pré-História brasileira
O que é referido aqui no texto como Pré-História brasileira é nomeado pelos especialistas como História pré-cabralina do Brasil, isto é, a história dos povos indígenas que habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses com a expedição de Pedro Álvares Cabral. Até a divisão dos períodos no estudo da Pré-História brasileira é diferente porque aquela divisão tradicional em Paleolítico, Mesolítico e Neolítico não é utilizada no país.
A divisão no estudo da história pré-cabralina utiliza as épocas geológicas como marco. Assim, a divisão está em pleistoceno (mais de 12 mil anos atrás) e holoceno (de 12 mil anos atrás até a chegada dos portugueses em 1500).
O grande debate que envolve a história pré-cabralina é o momento em que os primeiros grupos humanos chegaram à América e penetraram o território brasileiro. Grande parte das evidências apontam que o homem chegou à América por volta de 22000 anos atrás. No entanto, pesquisas recentes encontraram sinais de presença humana que remontam a 43000 anos atrás. Isso tem gerado muito debate entre os especialistas.
Outra questão importante, como aponta o geógrafo Aziz Nacib Ab’Sáber|2|, é a inexistência de resquícios de habitação humana no litoral em períodos anteriores a 6000 anos AP. De 6000 AP em diante, os principais registros são os sambaquis, depósitos de materiais orgânicos feitos pelo ser humano. Para isso, os especialistas apontam que, provavelmente, a ausência desses registros está relacionada com o aumento do nível do mar que aconteceu por volta de 13000 AP.
Notas
|1| MIES, Maria. Origens sociais da divisão sexual do trabalho. A busca pelas origens sob uma perspectiva feminista. Para acessar, clique aqui.
|2| AB’SABER, Aziz Nacib. Incursões à pré-história da América tropical. In.: MOTA, Carlos Guilherme. Viagem incompleta: a experiência brasileira. São Paulo: Editora Senac, 1999, p. 38.
Créditos de imagem
[1] IR Stone e Shutterstock
[2] EQRoy e Shutterstock