História

Marcha para o oeste no Brasil

A marcha para o oeste foi um projeto estabelecido pelo governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo para incentivar o desenvolvimento e a integração do interior do Brasil.

A marcha para o oeste foi um programa que visava garantir o desenvolvimento econômico e populacional do Centro-Oeste e Norte do Brasil. [1]

A marcha para o oeste no Brasil foi um programa desenvolvido pelo governo de Getúlio Vargas durante sua fase ditatorial, o Estado Novo. Esse programa visava garantir o desenvolvimento econômico, promover o aumento populacional e integrar as regiões interioranas do Centro-Oeste e Norte do Brasil.

Esse programa estabeleceu diversas iniciativas para alcançar os seus objetivos, como o incentivo à migração populacional, fomento para obras de infraestrutura, construção de colônias agrícolas e a defesa e federalização das fronteiras nacionais. O programa foi fortemente apoiado pelo intelectual Cassiano Ricardo, criador da base ideológica desse projeto.

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Resumo sobre a marcha para o oeste no Brasil

  • A marcha para o oeste no Brasil foi um programa desenvolvido para promover o desenvolvimento populacional e econômico do Centro-Oeste e Norte do Brasil.
  • Esse programa foi estabelecido durante o Estado Novo, o período ditatorial conduzido por Getúlio Vargas.
  • O programa incentivou que milhares de brasileiros se mudassem para as regiões interioranas.
  • Além disso, o programa buscou garantir o crescimento das cidades já existentes e deu origem a colônias agrícolas.
  • O escritor Cassiano Ricardo atuou como formulador de uma ideologia de suporte à marcha para o oeste.

O que foi a marcha para o oeste no Brasil?

A marcha para o oeste no Brasil foi um programa desenvolvido pelo governo de Getúlio Vargas durante o período do Estado Novo. Esse programa tinha como objetivo promover o desenvolvimento populacional e a integração econômica de áreas pouco povoadas e desenvolvidas das regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.

O programa buscava promover essa integração territorial e econômica dos “sertões” do Brasil com as regiões litorâneas, garantindo desenvolvimento e aumento populacional para as regiões interioranas. Além disso, esse programa foi também parte de uma estratégia da ditadura estadonovista para consolidar um senso de identidade e patriotismo nos brasileiros, associando o interior do Brasil com uma ideia de brasilidade.

Como parte desse programa, uma série de ações foram tomadas pelo governo para garantir essa integração econômica e aumento populacional.

Contexto histórico da marcha para o oeste no Brasil

A marcha para o oeste foi um programa que foi estabelecido por Getúlio Vargas, que assumiu a presidência do Brasil em 1930. A subida de Vargas ao poder foi resultado do levante armado que é conhecido como Revolução de 1930. A partir daí, Vargas tomou uma série de medidas para garantir a institucionalização do país como forma de enfraquecer a influência das oligarquias, mas também como forma de se sustentar no poder.

Por sua vez, a marcha para o oeste não foi um programa dos primeiros anos do governo de Vargas, mas foi uma iniciativa do Estado Novo, a ditadura que o próprio Getúlio Vargas instalou em 1937, quando realizou um autogolpe. Esse período ficou marcado pela repressão a toda e qualquer oposição política e pela censura e propaganda do governo realizada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). A divulgação e promoção da “marcha para o oeste” foram realizadas pelo DIP.

Foi durante a sua ditadura que Vargas se deu com problemas graves do país que necessitavam de rápidas soluções. Um desses problemas era a questão da baixa ocupação do interior do país, da migração interna e da necessidade de garantir a proteção das fronteiras nacionais. Para isso, surgiu a marcha para o oeste.

As regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil eram consideradas pouco povoadas e pouco integradas economicamente a outras regiões do país, como Sul e Sudeste. Pensando nisso, a ideia do projeto era promover o desenvolvimento populacional desses lugares para possibilitar o desenvolvimento econômico. Outra ideia era desenvolver a malha rodoviária do Brasil para promover a maior integração dessas regiões com o litoral.

Foi escolhido pelo governo para realizar a promoção do projeto o escritor modernista Cassiano Ricardo, que já atuava como censor do governo e acumulava outros cargos governamentais na direção do jornal A Manhã e na chefia do Departamento Político Cultural da Rádio Nacional.

No papel de defensor do projeto, Cassiano Ricardo escreveu o livro Marcha para o oeste: a influência da bandeira na formação social e política do Brasil, em que defendia o programa, estabelecia um vínculo mítico da marcha para o oeste com as bandeiras do período colonial e defendia o governo varguista.

Objetivos da Marcha para o oeste no Brasil

O principal objetivo da “marcha para o oeste” de Vargas era promover o desenvolvimento populacional de áreas poucos povoadas do Norte e Centro-Oeste brasileiro. Para que isso fosse alcançado, o governo incentivou que brasileiros pobres migrassem para colônias de habitação desenvolvidas pelo governo nos seguintes estados: Goiás, Amazonas, Mato Grosso, Pará e Maranhão.

A ideia do governo era priorizar que brasileiros pobres, sobretudo de áreas de seca do Nordeste, migrassem para as novas colônias de habitação. A preferência pelo trabalhador brasileiro fazia parte da característica do programa, que exaltava o nacional e taxava toda influência estrangeira de prejudicial.

Na questão econômica, o programa visava ao desenvolvimento dessas regiões a partir de disponibilização de mais mão de obra para a implantação de pequenas propriedades agrícolas que desenvolvessem a agricultura familiar. Para isso era necessário realizar uma reforma agrária que promovesse o desmonte dos latifúndios existentes no interior do país.

Além disso, o governo procurou desenvolver a malha rodoviária do país para promover a integração do interior com as regiões litorâneas e agilizar o escoamento da produção econômica. Nessa questão, o estado de Goiás era considerado essencial ao governo devido a sua posição geográfica centralizada, que conectava o litoral às demais regiões do país.

Assim, a marcha para o oeste foi um programa criado para garantir o aumento populacional do interior do Brasil, incentivando a migração da população de regiões litorâneas para os “sertões” no interior do país. Esse aumento populacional serviria para garantir a integração econômica dessas regiões, incentivando o desenvolvimento agrícola e permitindo o aumento na capacidade produtiva.

Por isso, foi incentivada a formação de colônias agrícolas, locais que atrairiam a população para zonas interioranas e que também permitiriam o aumento da produção agrícola a fim de abastecer o mercado interno. Esse programa também visava garantir a redução do fluxo imigratório estrangeiro ao Brasil, garantindo que recursos naturais estratégicos e zonas fronteiriças permanecessem sob controle do Estado brasileiro. Por fim, vale destacar a importância de desenvolver uma infraestrutura viária que permitia a integração das regiões interioranas com o litoral brasileiro.

Marcha para o oeste no Brasil e a construção de Brasília

Muitos historiadores entendem que as ideias motivadoras do programa marcha para o oeste seguiram vivas e foram reutilizadas na década de 1950 para a construção de Brasília. Importante pontuar que o programa se encerrou com o fim do governo de Getúlio Vargas, mas a ideia de integrar o interior do Brasil e garantir o seu desenvolvimento foi reforçada com a construção de Brasília.

A ideia de levar a capital do Brasil para o Planalto Central era antiga, mas foi colocada em prática por Juscelino Kubitschek depois de ele ter sido questionado por um eleitor em um comício em Jataí se ele levaria adiante o projeto de transferir a capital para o Planalto Central. Ele assumiu a promessa, realizando a construção da nova capital em seu governo. A cidade de Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960.

Para saber mais detalhes sobre a construção de Brasília, clique aqui.

Consequências da marcha para o oeste no Brasil

A marcha do oeste foi um programa estabelecido durante o Estado Novo que procurou ampliar a integração populacional e econômica do interior do Brasil. Entre as consequências desse programa destacam-se:

  • ampliação da infraestrutura que integrava o interior do país às regiões litorâneas;
  • migração interna;
  • federalização das fronteiras;
  • incentivo ao desenvolvimento econômico, sobretudo da região Centro-Oeste;
  • aumento populacional, principalmente do Centro-Oeste;
  • aumento populacional e urbano do interior, que também causou impactos ambientais.

Importância da marcha para o oeste no Brasil

A marcha para o oeste foi um programa de grande relevância para história do Brasil, pois:

  • incentivou a integração territorial do Brasil;
  • incentivou o aumento populacional do interior do Brasil;
  • incentivou o desenvolvimento urbano de cidades como Goiânia e a formação de novas cidades;
  • incentivou o desenvolvimento econômico do Norte e Centro-Oeste;
  • fomentou o desenvolvimento de infraestrutura;
  • fortaleceu a segurança das fronteiras;
  • incentivou a construção de Brasília a longo prazo.

Exercícios resolvidos sobre a marcha para o oeste no Brasil

Questão 1

A marcha para o oeste foi um programa desenvolvido em qual período da história brasileira?

A) Segundo Reinado

B) Primeira República

C) Estado Novo

D) República de 1946

E) Ditadura Militar

Resolução:

Alternativa C.

A marcha para o oeste foi um programa construído durante a ditadura de Getúlio Vargas, isto é, o Estado Novo, que se estendeu de 1937 a 1945.

Questão 2

Nome do intelectual e agente do Estado Novo que atuou como formulador ideológico do programa conhecido como marcha para o oeste:

A) Cassiano Ricardo

B) Gustavo Capanema

C) Carlos Drummond de Andrade

D) Luís Carlos Prestes

E) Mário de Andrade

Resolução:

Alternativa A.

Cassiano Ricardo era um escritor que ocupou diversos cargos no governo estadonovista, inclusive como censor. Ele foi quem construiu o arcabouço ideológico da marcha para o oeste a partir do livro Marcha para o Oeste: a influência da bandeira na formação social e política do Brasil.

Crédito de imagem

[1] Torimem / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

AMARAL, Maxwell da Silva. A Marcha para o oeste e a colonização da fronteira sul do atual Mato Grosso do Sul: deslocamentos, políticas e desafios. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/FRONTEIRAS/article/view/4549.

CASSIANO, Luiz de Carvalho. Marcha para o Oeste: um itinerário para o Estado Novo (1937-1945). 2002. Dissertação (Mestrado em História). Universidade de Brasília, 2002.

SILVA, Genilder Gonçalves da e MELLO, Marcelo de. A Revolução de 1930 e o discurso da ruptura: Goiânia e a Marcha para o oeste. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/cordis/article/view/19799/14707.

Por Daniel Neves Silva

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