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Paródia

A paródia é um texto que imita outro texto. Ela pode ser verbal, formal ou temática.

Ilustração de um menino ocultando seu sorriso com as mãos, uma alusão à paródia, que costuma apresentar humor e ironia. A paródia costuma apresentar humor e ironia.

A paródia é um texto que imita outro texto. Mas o sentido da paródia é diferente do sentido expresso pelo texto imitado. Essa relação entre os dois textos é chamada de intertextualidade. No mais, a paródia pode ser verbal (obtida pela troca ou supressão de palavras), formal (imita o estilo de um texto, de forma irônica) ou temática (imitação exagerada das ideias do texto original).

Leia também: Quais são os textos de humor?

Resumo sobre paródia

  • A paródia é um texto obtido por meio da imitação de outro texto.

  • A paródia pode ser verbal, formal ou temática.

  • Paródia, paráfrase e sátira não podem ser confundidas.

  • Enquanto a paródia é um texto que imita outro texto, a paráfrase reproduz, com outras palavras, o conteúdo de outro texto.

  • Tanto a paródia quanto a paráfrase são tipos de intertextualidade.

  • Já a sátira é um texto original, de caráter irônico, sobre determinado tema.

O que é paródia?

A paródia é um texto obtido por meio da imitação de outro texto. Quando você se apropria de um texto já existente e faz alterações nesse texto de maneira a mudar o sentido dele, você está fazendo uma paródia. O sentido obtido pode até ser oposto ao sentido do texto original. Então a paródia é a imitação de determinado texto, de forma irônica ou crítica, e às vezes com bastante humor. Essa relação entre os dois textos é chamada de intertextualidade.

Você sabe o que é intertextualidade?

A intertextualidade é um fenômeno linguístico caracterizado pela relação entre os textos. Por exemplo, se você estiver escrevendo uma redação sobre uma rosa e mencionar um trecho do livro O pequeno príncipe, sua redação vai ter uma relação intertextual com o texto O pequeno príncipe.

A intertextualidade ocorre quando um texto tem ligação com outro texto. Portanto, existe intertextualidade entre o seu texto (redação) sobre a rosa e o texto (livro) O pequeno príncipe.

Mas você deve estar se perguntando... E o que isso tem a ver com a paródia? Tem tudo a ver, pois, como a paródia é um texto que imita outro texto, ela é um tipo de intertextualidade.

Quais são as características da paródia?

A paródia apresenta as seguintes características:

  • muda o sentido do texto original;

  • possui característica intertextual;

  • tem caráter irônico;

  • realiza uma imitação do texto original;

  • apresenta contraste em relação ao texto original;

  • pode fazer uma crítica social e questionar a realidade;

  • pode causar riso, mas também reflexão.

Tipos de paródia

Tipo

Como é feita

Paródia verbal

É só trocar algumas palavras do texto original, ou então deletar algumas palavras, desde que isso mude o sentido do texto parodiado.

Paródia temática

É preciso imitar o que o autor ou a autora do texto original disse, mas de maneira exagerada.

Paródia formal

É preciso imitar a forma (poema, letra de música etc.) do texto original, mas de forma irônica.

Exemplos de paródia

  • Exemplo 1:

Qual é o final da história da cigarra e da formiga?

Você já deve ter ouvido o conto A cigarra e a formiga. É muito famoso, todo mundo conhece. Mas mesmo assim vou contar a história para você.

Era uma vez uma cigarra, que cantava no verão, enquanto a formiga trabalhava para guardar comida para o inverno. A cigarra, vendo a formiga trabalhar, disse:

— Formiga, por que não descansa e aproveita o verão?

— Porque preciso pensar no futuro — respondeu a formiga. — Assim, quando o inverno chegar, terei comida suficiente.

A cigarra pensava só no presente, enquanto a formiga se precavia para o futuro. Assim, enquanto a cigarra cantava e se divertia, a formiga trabalhava.

Quando o inverno chegou, a formiga se abrigou em sua casinha, tranquila, pois tinha comida para todo o inverno. Então bateram à sua porta. Era a cigarra, sentindo muito frio e fome. Ela pediu à formiga que a ajudasse. Então a formiga perguntou:

— No verão, enquanto eu trabalhava, o que você fazia?

— Cantava — respondeu a cigarra.

— Então, agora dance! — disse a formiga e fechou a porta, deixando a cigarra desamparada.

Achou estranho esse final? Pois é, na história original, a formiga deixava a cigarra morrer de frio e de fome. Porém, atualmente, temos outro final para a história. Então, a paródia verbal da Cigarra e a formiga é a que vou te contar agora.

Era uma vez uma cigarra, que cantava no verão, enquanto a formiga trabalhava para guardar comida para o inverno. A cigarra, vendo a formiga trabalhar, disse:

— Formiga, por que não descansa e aproveita o verão?

— Porque preciso pensar no futuro — respondeu a formiga. — Assim, quando o inverno chegar, terei comida suficiente.

A cigarra pensava só no presente, enquanto a formiga se precavia para o futuro. Assim, enquanto a cigarra cantava e se divertia, a formiga trabalhava.

Quando o inverno chegou, a formiga se abrigou em sua casinha, tranquila, pois tinha comida para todo o inverno. Então bateram à sua porta. Era a cigarra, sentindo muito frio e fome. Ela pediu à formiga que a ajudasse. A formiga, muito bondosa, deixou a cigarra entrar e compartilhou com ela a comida. Em troca, a cigarra cantava para alegrar a casa da formiga.

O final da história original e da paródia apresentam sentidos diferentes. Na versão original, a formiga é impiedosa e deixa a cigarra ser punida pela sua irresponsabilidade. Já na versão atual, que é uma paródia, a formiga é generosa e valoriza o talento de cantora da cigarra.

  • Exemplo 2:

Agora, vamos ver um exemplo de paródia temática. O texto original é um poema muito conhecido e fácil de entender. Aposto que você conhece a Canção do exílio, do poeta brasileiro Gonçalves Dias:

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Outro poeta brasileiro, o Casimiro de Abreu, fez um poema parecido com esse, no mesmo estilo, mas bem exagerado. Como o poema é muito grande, vamos colocar só alguns trechos dessa paródia temática:

Se eu tenho de morrer na flor dos anos,
Meu Deus! não seja já;
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde,
Cantar o sabiá!

Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro
Respirando este ar;
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo
Os gozos do meu lar!

O país estrangeiro mais belezas
Do que a pátria, não tem;
E este mundo não vale um só dos beijos
Tão doces duma mãe!

Dá-me os sítios gentis onde eu brincava
Lá na quadra infantil;
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria,
O céu do meu Brasil!
[…]

  • Exemplo 3:

Por fim, vou fazer uma paródia formal para você ver como é. Lembre que, nesse tipo de paródia, é preciso imitar a forma do texto original, mas colocar um conteúdo irônico, ou seja, com toques de humor. Para isso, escolhi este poeminha muito conhecido:

Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão.
Menininha quando dorme põe a mão no coração.
Sou pequenininha do tamanho de um botão,
carrego papai no bolso e mamãe no coração.
O bolso furou e o papai caiu no chão.
Mamãe que é mais querida ficou no coração.

E fiz esta paródia:

Corujinha quando canta faz tremer meu coração.
Seu filhote é tão feinho que parece assombração.
Sou assim esquisitinha mas tenho bom coração,
como ratos, insetos e tenho medo do falcão.
O inseto voou e o rato rastejou pelo chão.
O falcão que é esperto conquistou meu coração.

Como fazer uma paródia?

Você sabe como fazer uma paródia?

Para fazer uma paródia, responda a estas perguntas:

  1. De qual texto eu quero fazer uma paródia?

  2. Que tipo de paródia eu vou fazer?

  3. Quais são as características do tipo de paródia escolhido?

Por exemplo, vou fazer uma paródia sobre o ditado popular:

“Quem não tem cão, caça com gato.”

Pretendo fazer uma paródia verbal. Para fazer esse tipo de paródia, é só trocar algumas palavras do texto original, para mudar o sentido desse texto. Então, minha paródia verbal ficou assim:

“Quem não tem livro, lê jornal.”

Troquei a palavra “cão” por “livro”, a palavra “caça” por “lê” e, por fim, a palavra “gato” por “jornal”. Assim, temos dois textos parecidos, mas com sentidos diferentes.

Veja também: Caricatura — desenho cujo objetivo é exagerar as características mais marcantes do ser ou do objeto caricaturado

Qual a origem da paródia?

A paródia surgiu lá na Antiguidade. Mas os estudiosos do assunto não chegaram a um acordo sobre quem teria criado esse tipo de intertextualidade. Assim, o criador da paródia pode ter sido o poeta grego Hipponax de Éfeso, no século VI antes de Cristo, ou o dramaturgo grego Hegemon de Thaso, no século V antes de Cristo.

Diferenças entre paródia, paráfrase e sátira

  • Paródia: imitação das ideias ou do estilo de um texto, de forma irônica ou exagerada (modifica ou contraria o que foi dito no texto original).

  • Paráfrase: reprodução das ideias de um texto, sem ironia e sem exagero (diz a mesma coisa, mas com palavras diferentes).

  • Sátira: texto original, de caráter irônico, sobre determinado tema (critica ou ridiculariza pessoas, instituições, costumes etc.).

Portanto, a paródia e a paráfrase são formas de intertextualidade. Já a sátira não é um tipo de intertextualidade, pois não depende de outro texto para existir. A sátira é um texto original. Já a paródia e a paráfrase só existem em função do texto imitado (no caso da paródia) ou reproduzido (no caso da paráfrase).

Fontes

ABREU, Casimiro de. Canção do exílio. In: ABREU, Casimiro de. As primaveras. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ALAVARCE, C. S. A ironia e suas refrações: um estudo sobre a dissonância na paródia e no riso. São Paulo: Editora UNESP/ Cultura Acadêmica, 2009.

ARISTÓTELES; HORÁCIO; LONGINO. A poética clássica. Tradução de Jaime Bruna. 7. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.

BELLI, Roberto. A cigarra e a formiga. Gaspar: Todolivro, [s. d.].

COUTINHO, Raissa Regina Silva. O discurso sobre o uso pedagógico da charge na EJA. 2014. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Educação, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2014.

GONÇALVES DIAS. Canção do exílio. In: GONÇALVES DIAS. Poesia. São Paulo: Agir, 1969.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

LA FONTAINE. Fábulas. São Paulo: Martin Claret, 2005.

ROCHA, Arthur de Oliveira. Paródia satírica e crítica midiática nas notícias fictícias do site Sensacionalista. 2017. Dissertação (Mestrado em Estudos da Mídia) – Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

SAGGIORO, Antonia Aparecida Flores. Algumas reflexões sobre a sátira em “Dinossauro excelentíssimo” de José Cardoso Pires. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LINGUAGENS EDUCATIVAS, 6., 2018, Bauru. Anais [...]. Bauru: UNISAGRADO, 2018.

SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase & cia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2003.

UFLA. Batatinha quando nasce. Disponível em: http://www.brinquedoteca.ded.ufla.br/recursos-para-pais-e-profissionais/parlendas-e-trava-linguas/batatinha-quando-nasce/. 

Por Warley Souza

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