Qual matéria está procurando ?

História

História

Partilha da África

A partilha da África é como conhecemos a divisão do território africano para que as nações europeias pudessem explorar os recursos e as populações que ali habitavam.

Mapa atual da África com as antigas fronteiras coloniais, no contexto da Partilha da África. Mapa atual da África com as antigas fronteiras coloniais, no contexto da Partilha da África. (Crédito da imagem: Gabriel Franco)

A partilha da África é como conhecemos a invasão e divisão do continente africano entre as nações europeias. Tem relação direta com o neocolonialismo, que se iniciou no século XIX, com a ocupação e colonização da África, Ásia e Oceania. A partilha da África aconteceu no contexto da Revolução Industrial.

As nações europeias industrializadas necessitavam de novas fontes de matérias-primas para dar continuidade ao seu processo de industrialização e de novos mercados consumidores. Por isso, a África foi divida em colônias europeias, e o evento que concretizou a divisão foi a Conferência de Berlim, em 1884 e 1885.

Leia mais: Afinal, houve resistência ao neocolonialismo na África?

Resumo sobre a partilha da África

  • A partilha da África foi a divisão do continente africano para que fosse transformado em colônias europeias.

  • As nações europeias desejavam colonizar a África para explorar seus recursos e transformar suas colônias em mercados consumidores.

  • A invasão e exploração do continente africano se deu no contexto da Revolução Industrial.

  • O evento que formalizou a partilha da África foi a Conferência de Berlim, realizada em 1884 e 1885.

  • A partilha da África causou consequências profundas, como pobreza, instabilidade política, conflitos étnicos etc.

O que foi a partilha da África?

A partilha da África foi a divisão do território do continente africano pelas nações industrializadas da Europa no contexto de desenvolvimento do neocolonialismo. O território africano foi dividido entre algumas nações europeias cujo intuito era transformá-lo em suas colônias.

A partilha da África foi responsável pela exploração dos recursos do território africano e de suas populações para que as nações europeias dessem prosseguimento ao seu processo de industrialização. Formalizou-se por meio de um evento organizado pela Alemanha, a chamada Conferência de Berlim.

Principais causas da partilha da África

A partilha da África está inserida no processo de neocolonialismo, o segundo ciclo de colonização conduzido pelas nações europeias. Por meio do neocolonialismo, concretizou-se a colonização da África, Ásia e Oceania. Os historiadores entendem que o neocolonialismo foi uma consequência direta da Revolução Industrial.

Na Revolução Industrial, as nações europeias passaram pelo desenvolvimento da industrial e por um acelerado desenvolvimento tecnológico. Acontece que, para garantir a continuidade desse processo, as nações europeias precisavam ter acesso a fontes de matérias-primas e a novos mercados consumidores.

As novas colônias na África, Ásia e Oceania forneceriam isso. Esses locais eram ricos em recursos que poderiam ser explorados pelas nações industrializadas da Europa, além de terem mão de obra barata e serem forçados a consumir as mercadorias produzidas pelos europeus. Com isso, houve uma enorme corrida para a ocupação do continente africano na segunda metade do século XIX.

Para garantir que essa ocupação acontecesse, as nações europeias lançaram uma série de justificativas para contextualizar o seu “direito” de colonizar o continente africano. Vejamos algumas:

  • Darwinismo social: a distorção da teoria desenvolvida por Charles Darwin para defender a ideia da suposta superioridade do homem branco.

  • Fardo do homem branco: como os europeus entendiam-se superiores aos africanos, defendiam que era o seu dever levar os “valores” da “civilização europeia” para povos entendidos como “selvagens”.

Processo de partilha da África

Leopoldo II um pioneiro na corrida pela colonização da África.[1]

Os historiadores entendem que a corrida de ocupação do continente africano se iniciou na segunda metade do século XIX. Essa corrida ganhou força por meio de algumas ações que aconteceram nesse período:

  • Manifestação do interesse do rei belga, Leopoldo II, em formar uma colônia no continente africano.

  • Ação por parte de Portugal de ampliar o seu controle sobre o território de Moçambique.

  • Ações francesas no continente africano, em especial no Egito.

Alguns países europeus partiram então para ocupar o território africano, e isso acarretou uma série de pequeno conflitos e desentendimentos diplomáticos, uma vez que muitas nações europeias começaram a disputar entre si os mesmos territórios. Em nenhum momento, os povos originários africanos foram questionados se queriam a tutela ou ser colonizados pelos europeus.

Conferência de Berlim

A partilha da África se consolidou com a Conferência de Berlim, organizada em 1884 e 1885.[2]

Com os conflitos se multiplicando à medida que a ocupação da África acontecia, o governo alemão decidiu fazer um evento para organizar a ocupação. A reunião aconteceu por uma sugestão de Portugal, mas foi organizada pela Alemanha, à época, governada por Otto von Bismarck.

Esse evento recebeu o nome de Conferência de Berlim, acontecendo em novembro de 1884 e fevereiro de 1885. As seguintes nações participaram:

  • Alemanha;

  • Reino Unido;

  • França;

  • Portugal;

  • Espanha;

  • Bélgica;

  • Países Baixos;

  • Suécia;

  • Áustria-Hungria;

  • Itália;

  • Dinamarca;

  • Estados Unidos;

  • Império Otomano.

A Conferência de Berlim foi responsável pela divisão de grande parte do continente africano. A ocupação levou à implantação de uma série de fronteiras artificiais para dividir os territórios entre as nações europeias. Além disso, foram debatidas outras questões relacionadas à ocupação do continente africano, como a navegação de rios dele.

Videoaula sobre Conferência de Berlim — partilha da África

Consequências da partilha da África

A colonização do continente africano ou a partilha da África causou consequências enormes aos países africanos, e muitas delas ainda são perceptíveis no século XXI. Lembrando que o auge da colonização na África se estendeu de 1884 a 1914, mas houve nações europeias que mantiveram colônias na África até a década de 1970.

Durante a colonização da África, congoleses que não cumpriam a meta de trabalho ordenada pelos belgas tinham uma de suas mãos decepada.[3]

Entre os resultados da partilha da África, podemos destacar:

  • Exploração econômica: o enriquecimento das nações europeias no contexto da Revolução Industrial se deu por meio da exploração dos recursos das nações africanas. Essas nações foram colocadas em situação de miséria acentuada para que os europeus enriquecessem.

  • Exploração humana: os europeus exploravam a mão de obra dos trabalhadores africanos, muitas vezes escravizando-os. No Congo Belga, por exemplo, os trabalhadores eram obrigados a cumprir com metas de coleta de látex para a produção de borracha, e, caso não cumprissem as metas, tinham uma mão ou braço decepados.

  • Fronteiras artificiais e conflitos étnicos: as fronteiras artificiais estabelecidas pelas nações europeias criaram tensões étnicas no continente africano, e muitas delas ainda existem. As rivalidades étnicas criadas por essas fronteiras artificiais contribuíram para o acontecimento de alguns conflitos, como a Guerra Civil Ruandesa, na década de 1990.

  • Pobreza e miséria: a exploração realizada pelas nações europeias foi tão intensa que grande parte das nações africanas foi legada à miséria após conquistar sua independência. Além disso, a instabilidade política do continente — outra consequência da partilha da África — contribui para que esse cenário de pobreza e miséria se perpetue.

  • ainda hoje, várias nações africanas ainda são dependentes política e economicamente de nações europeias. Muitas potências econômicas se aproveitam dessa dependência para manter a exploração dos recursos do continente africano.Dependência econômica e política:

Leia mais: Imperialismo — política de expansão territorial, econômica e cultural de uma nação sobre outras

Exercícios sobre partilha da África

Questão 01

A partilha da África está relacionada diretamente com qual contexto histórico:

a) Segunda Guerra Mundial

b) Guerra Fria

c) Grandes Navegações

d) Revolução Industrial

e) Reforma Religiosa

Resposta: Letra D

A partilha da África, como vimos, está relacionada com o contexto da Revolução Industrial, quando as nações europeias se viram carentes de matérias-primas e novos mercados consumidores.

Questão 02

O organizador da Conferência de Berlim foi:

a) Leopoldo II

b) Luís, o Popular

c) Leopoldo III

d) Rainha Vitória

e) Otto von Birmarck

Resposta: Letra E

Otto von Bismarck, chanceler do Império Alemão, organizou a Conferência de Berlim, realizada entre 1884 e 1885. Esse evento cumpriu com o objetivo alemão de assegurar ao país algum domínio colonial no território africano.

Créditos das imagens

[1]Flick | Commons

[2] Commons

[3]Commons

Fontes

HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios 1875-1914. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

SILVÉRIO, Valter Roberto. Síntese da coleção História Geral da África: século XVI ao século XX. Brasília: Unesco, MEC, UFSCar, 2013.

Por Daniel Neves Silva

Você pode se interessar também

História

Apartheid

História

Movimentos de resistência ao neocolonialismo na África

História

Neocolonialismo

História

Racismo

Últimos artigos

Eva Furnari

Eva Furnari é uma famosa escritora brasileira. Seus livros são divertidos e apresentam personagens mais complexos. O livro Felpo Filva é uma de suas obras mais conhecidas.

Reticências

As reticências são um sinal de pontuação que funciona como uma pequena pausa, usado para criar um efeito especial de hesitação ou de suspense na fala ou na narração.

Brasil Império

O Brasil Império foi o período em que o Brasil foi governado por uma monarquia constitucional. Nesse período, o Brasil teve dois imperadores: Dom Pedro I e Dom Pedro II.

7 Maravilhas do Mundo Antigo

As 7 Maravilhas do Mundo Antigo eram obras arquitetônicas e artísticas extraordinárias que representavam o ápice da engenhosidade e da cultura das civilizações antigas.