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Governo de Floriano Peixoto

O governo de Floriano Peixoto estendeu-se de 1891 a 1894, sendo o segundo governo presidencial da história brasileira. Peixoto era um militar que assumiu a presidência depois que Deodoro da Fonseca renunciou ao cargo, em novembro de 1891. Ele ficou conhecido na história brasileira como “marechal de ferro” por sua ação em reprimir duas revoltas durante sua administração.

O governo de Floriano Peixoto ficou marcado pelo autoritarismo, manifestado na repressão contra seus opositores e críticos. Entretanto, foi um presente muito popular nas camadas mais baixas. Passou o poder para Prudente de Morais, o primeiro presidente civil do Brasil.

Veja mais: A cultura do Brasil no período da República Velha ou Primeira República

Primeira República

O governo de Floriano Peixoto está inserido na Primeira República, período da história brasileira iniciado em 1889, com a Proclamação da República, e finalizado 1930, com a Revolução de 1930. Floriano Peixoto foi o segundo presidente brasileiro, e seu governo iniciou-se em cenário de grave crise política.

O Brasil havia acabado de transformar-se em uma república e estava no processo de consolidação e estabilização. Havia ainda muita disputa entre grupos que defendiam ideias distintas para o país. Deodoro da Fonseca havia se tornado presidente por meio de uma eleição indireta, realizada em 1891, e que também elegeu Floriano Peixoto como vice-presidente.

A crise de Deodoro com o Legislativo, que o levou a fechar o Congresso, e o início da Revolta da Armada forçaram-no a renunciar à presidência do Brasil. A Constituição de 1891 previa a realização de nova eleição presidencial, mas um arranjo político liderado pelo Partido Republicano Paulista (PRP) acabou fazendo com que Floriano fosse nomeado para o cargo.

Floriano Peixoto foi empossado no dia 23 de novembro de 1891. Os que defendiam a sua posse esperavam que seu governo fosse capaz de estabilizar o país e consolidar a república. Uma vez no cargo de presidente, Floriano deu início a uma série de ações para neutralizar a influência política dos “deodoristas”, os defensores de Deodoro.

Caso queira saber mais sobre esse período da história brasileira, como os outros presidentes que fizeram parte dele, leia nosso texto: República Velha — o período da república oligárquica.

A política no governo de Floriano Peixoto

Floriano Peixoto assumiu a presidência do Brasil no dia 23 de novembro de 1891. [1]

A política brasileira na primeira década da república era agitada. Os dois principais grupos nesse contexto eram os deodoristas e os florianistas, defensores de Deodoro e Floriano, respectivamente. Houve manifestações contra Floriano Peixoto evocando o artigo 42 da Constituição de 1891, e, no começo de 1892, militares assinaram um documento com críticas ao governo. Floriano fez com que eles fossem demitidos e aposentados.

O PRP era o partido que dava sustentação a Floriano no poder, e ele ainda contava com o apoio de militares que acreditavam ser necessário impor uma república autoritária para modernizar o país e garantir essa forma de governo. Houve até mesmo uma mobilização dos parlamentares, na qual eles voluntariamente suspenderam seus trabalhos em benefício da ampliação dos poderes presidenciais.

Esse cenário de radicalização política e disputa ferrenha entre deodoristas e florianistas contribuiu para que o governo de Peixoto fosse centralizador e autoritário. Ele foi impiedoso na repressão contra seus adversários e sustentou seu poder com apoio popular baseado em ações que beneficiavam os estratos mais baixos da sociedade, tal como a redução de impostos em alguns itens, como a carne. Além disso, seu papel para reprimir as revoltas fê-lo ser conhecido como “marechal de ferro”.

Revolta da Armada

As disputas políticas no interior do Brasil resultaram em revoltas e movimentos armados. Uma das instituições mais agitadas no período era a Marinha, local de grande incidência de monarquistas. Uma revolta da Armada havia levado à renúncia de Deodoro, e a segunda tinha o mesmo objetivo: derrubar o presidente.

No caso de Floriano, a situação tinha um agravante, pois a Marinha havia se tornado fortemente antiflorianista. A insatisfação de seus componentes com Floriano Peixoto levou-os a rebelarem-se a partir de setembro de 1893. A Marinha acusava Floriano de ser um ditador e responsabilizava-o como um dos causadores da guerra civil travada no Sul — a Revolução Federalista.

Liderados por Custódio de Melo, os marinheiros tomaram posse de embarcações da Marinha e bombardearam o Rio de Janeiro, capital do Brasil, e a cidade de Niterói. O litoral fluminense presenciou uma série de batalhas entre forças rebeladas e forças do governo. Com a ajuda de forças norte-americanas, o governo conseguiu romper o cerco sobre o Rio de Janeiro e colocou fim nesse movimento.

Os rebelados da Armada fugiram para o Sul e juntaram-se aos federalistas, que lutavam contra os castilhistas, aliados de Floriano Peixoto, no Rio Grande do Sul. Floriano aproveitou-se dos bombardeios sobre o Rio de Janeiro para ampliar suas medidas autoritárias, decretando estado de sítio e restringindo as liberdades individuais.

Acesse também: Coluna Prestes – a revolta dos jovens tenentes contra o governo oligárquico

Revolução Federalista

Foi um dos maiores conflitos da história do Brasil e durou de 1893 a 1895, dividindo o Rio Grande do Sul em uma disputa fratricida. Esse conflito foi causado pelas tentativas de tomar o poder travadas nesse estado na última década do século XIX. Tais tentativas eram protagonizadas pelo Partido Republicano Rio-Grandense, liderado por Júlio de Castilhos, e pelo Partido Federalista, liderado por Gaspar Silveira Martins.

Esse cenário radicalizou-se quando os federalistas decidiram pegar em armas para derrubar Júlio de Castilhos, presidente de estado desde janeiro de 1893. Esse grupo iniciou sua rebelião armada a partir de fevereiro do mesmo ano e era militarmente liderado por Guemercindo Tavares e João Nunes da Silva Tavares.

Floriano Peixoto sabia da rivalidade existente entre castilhistas e federalistas e tinha noção de que essa luta poderia desembocar em uma grande guerra civil. Assim, ele interveio na situação, enviando tropas para atuar em defesa dos castilhistas. Apesar disso, o primeiro momento desse conflito ficou marcado pelo avanço das tropas opositoras.

As tropas federalistas chegaram a avançar por Santa Catarina e Paraná, até que foram interrompidas pela derrota sofrida em Lapa, no interior do Paraná. Depois disso, iniciou-se uma recuperação dos castilhistas apoiados pelo governo. Os desentendimentos no interior da liderança federalista também contribuíram para que ela perdesse força na guerra.

Locais ocupados pelos federalistas, como Desterro, foram recuperados pelas tropas do governo à medida que eles enfraqueciam-se. A reconquista de Desterro fez com que a cidade fosse rebatizada em homenagem ao presidente, passando a chamar-se Florianópolis.

O avanço das tropas do governo e dos castilhistas, assim como o avanço dos federalistas, foi caracterizado por grande violência. A última grande batalha desse conflito foi o Combate do Campo Osório, que resultou no desmanche das tropas federalistas. Para saber mais desse grandioso embate, leia nosso texto: Revolução Federalista de 1893.

Sucessão

O governo de Floriano Peixoto durou até novembro de 1894. A sucessão presidencial organizada pelos paulistas fez com um civil fosse eleito presidente do Brasil na disputa daquele ano. O escolhido pelos oligarcas foi Prudente de Morais, o que não agradou seu antecessor.

Créditos da imagem

[1] Sergey Kohl e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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