Dicas de ortografia: Entenda como os diferentes sotaques podem influenciar o uso do E e do I na modalidade escrita!
Você já deve ter notado que cada região do Brasil possui singularidades, não é mesmo? Somos todos brasileiros, o que não significa que sejamos iguais, pois isso seria impossível, tamanha a nossa riqueza cultural. As diferenças são encontradas em diversos aspectos, inclusive no jeito de falar do brasileiro.
Cada estado possui sua própria identidade linguística, por isso, algumas expressões que são facilmente entendidas em um lugar podem ser um verdadeiro mistério em outro. Entre as diferenças, estão os sotaques, algumas das peculiaridades regionais mais interessantes. Essa “melodia” da fala pode acabar alterando a pronúncia de algumas palavras, por isso discutiremos sobre o uso do E e do I no português brasileiro.
Mas por que falar sobre o E e o I? Porque muitas pessoas, influenciadas pela fala, acabam cometendo deslizes ortográficos. Por exemplo, no Rio de Janeiro e também em outras cidades, as pessoas falam /futibol/, transformando o E em I. Em Minas Gerais, leite é /leiti/, quente é /quenti/, dente é /denti/ e assim por diante. Não estamos dizendo que as pessoas “falam errado”, mesmo porque na fala não existe certo ou errado, já que todas as variações linguísticas são importantes. Contudo, apesar de cada região possuir seu sotaque, é importante que a grafia das palavras seja uma só. Para acabar de vez com as dúvidas sobre o uso do E e do I na modalidade escrita, fique atento à explicação:
Regras para o uso do E e do I
Escrevem-se com E:
a) As pessoas do singular do presente do subjuntivo dos verbos terminados em “-OAR” e “-UAR”:
Abençoar: abençoe, abençoes, abençoem;
Coroar: coroe, coroes, coroem;
Acentuar: acentue, acentues, acentuem;
Perpetuar: perpetue, perpetues, perpetuem;
Continuar: continue, continues, continuem;
b) Os substantivos e adjetivos relacionados com substantivos em “-EIA”:
Baleeiro (de baleia) – candeeiro (de candeia);
Correame (de correia) – traqueano (de traqueia);
c) Ditongos nasais:
Cães, pães, mãe, escrivães, alemães, peões, balões, guardiões, anfitriões, etc.
Escrevem-se com I:
a) A 2ª e a 3ª pessoa do singular do presente do indicativo de verbos em “-UIR”:
Construir: construis, construi.
Usufruir: usufruis, usufrui.
Contribuir: contribuis, contribui.
b) O verbo CRIAR e vocábulos cognatos:
criança, criador, cria, criado, crie, criamos;
c) Os verbos em “-EAR” recebem um “i” nas formas rizotônicas:
Passear: passeio, passeias, passeia, passeiam, passeie, passeiem;
Frear: freio, freia, freie, freiem;
Recear: receio, receia, receie, receiem.
d) Os verbos MEDIAR (INTERMEDIAR), ANSIAR, REMEDIAR, INCENDIAR e ODIAR recebem um “e” nas formas rizotônicas:
Intermediar: intermedeio, intermedeia, intermedeiam.
Ansiar: anseio, anseias, anseia, anseiam, anseie, anseiem;
Remediar: remedeio, remedeia, remedeiam.
Odiar: odeio, odeias, odeia, odeiam, odeie, odeiem;
Incendiar: incendeio, incendeias, incendeia, incendeiam, incendeie, incendeiem.
É fundamental que saibamos distinguir aquelas palavras em que a pronúncia do E é átona, ou seja, quando o E tem som de I. Apesar de algumas vezes pronunciarmos o E átono como I, não quer dizer que a grafia da palavra acompanhe nosso sotaque. É certo que nem sempre é fácil aprender todas as regras ortográficas, na maioria das vezes nós sabemos a grafia de uma determinada palavra graças à nossa memória visual. Acontece que, frequentemente, a nossa memória visual falha, e nesses momentos podemos consultar nossas regrinhas sobre o uso do E e do I para não fazer feio nos textos escritos. Bons estudos!
Por Luana Castro
Graduada em Letras