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Elementos da narrativa

Os elementos da narrativa são enredo, narrador, personagem, tempo e espaço. O narrador pode ser personagem, observador ou onisciente. O tempo é cronológico ou psicológico.

Os elementos da narrativa são narrador, personagem, enredo, tempo e espaço. Os elementos da narrativa são narrador, personagem, enredo, tempo e espaço.

Os elementos da narrativa são os seguintes: enredo ou trama (o desenrolar dos acontecimentos narrados), narrador (personagem, observador ou onisciente), personagem (plana ou redonda), tempo (cronológico ou psicológico) e espaço (lugar onde transcorre a ação narrada).

Leia também: Narração — os textos que contam histórias

Resumo sobre os elementos da narrativa

  • A narrativa possui os seguintes elementos:
    • narrador (personagem, observador ou onisciente);
    • personagem (plana ou esférica);
    • enredo (trama);
    • tempo (cronológico ou psicológico);
    • espaço (lugar da ação).

Quais são os elementos da narrativa?

ELEMENTOS

O QUE É

Narrador

Quem narra a história.

Narrador personagem
(participa da história narrada)

Narrador observador
(narra apenas o que observa)

Narrador onisciente
(tem conhecimento de detalhes dos fatos narrados e do mundo interior dos personagens)

Personagem

Quem pratica a ação narrada.

Personagem plana
(superficial)

Personagem redonda ou esférica
(complexa)

Enredo

A trama, o encadeamento de fatos da narrativa.

Tempo

Quando ocorrem os fatos narrados.

Tempo cronológico
(relacionado à sequência linear de fatos)

Tempo psicológico
(relacionado aos pensamentos da personagem)

Espaço

Onde ocorrem os fatos narrados.

Exemplos de elementos da narrativa

Leia a narrativa a seguir:

O mundo

Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.

— O mundo é isso — revelou. — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.

Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Tradução de Eric Nepomuceno. 9. ed. Porto Alegre: L&PM, 2002.

Elementos da narrativa:

  • narrador: observador;
  • personagem: um homem de uma aldeia;
  • espaço: aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia;
  • tempo: cronológico;
  • enredo: um homem de uma aldeia na Colômbia subiu aos céus; depois voltou e contou que tinha olhado para a vida humana lá de cima, falou que somos um mar de fogueirinhas e explicou como são essas “fogueirinhas” (metáfora para ser humano).

Agora leia este fragmento de uma narrativa:

Ele se precipitou para a porta, ficou atento, agarrou o chapéu e começou a descer os seus treze degraus, cautelosamente, em silêncio, como um gato. Restava a questão mais importante — roubar a machada da cozinha. Há muito ele havia decidido que a coisa devia ser feita com uma machada. Ele ainda tinha uma tesoura de podar; mas na tesoura, e especialmente nas suas forças, ele não confiava, e por isso se fixara em definitivo na machada. Observemos a propósito uma peculiaridade no tocante a todas as decisões definitivas já tomadas por ele nessa questão. Tinham elas uma qualidade estranha: quanto mais definitivas se tornavam, mais repugnantes, mais absurdas ficavam até aos olhos dele. Durante todo esse tempo, apesar de toda a sua angustiante luta interior, jamais pôde, um momento sequer, crer na exequibilidade dos seus projetos.

E mesmo se algum dia acontecesse de tudo já ter sido examinado e decidido por ele até o último ponto e de forma definitiva, e já não restassem mais quaisquer dúvidas, mesmo assim, parece, ele acabaria renunciando a tudo como ao absurdo, monstruoso e impossível. Mas restava ainda todo um abismo de pontos não resolvidos e dúvidas. Quanto à questão de onde conseguir a machada, esse pormenor não lhe dava a mínima preocupação porque não havia nada mais fácil. É que a todo instante Nastácia se ausentava de casa, sobretudo à noitinha; ou corria aos vizinhos, ou a uma vendinha, e deixava sempre a porta escancarada. A dona da casa brigava com ela só por isso. Portanto, quando chegasse o momento, era só entrar na cozinha devagarinho, pegar a machada, e uma hora depois (quando tudo já estivesse terminado), voltar lá e devolvê-la. Mas também surgiam dúvidas: ele, suponhamos, retornaria uma hora depois para pôr a machada de volta, e daria de cara com Nastácia circulando por ali. É claro que precisava passar sem ser notado e esperar que ela tornasse a sair. Vamos que entrementes ela desse pela falta da machada, começasse a procurá-la, resolvesse gritar — aí apareceria uma suspeita, ou pelo menos um motivo para suspeita.

Mas isso ainda eram minúcias sobre as quais ele nem tinha começado a pensar, e também não tinha tempo para isso. Pensava no principal, e adiava as minúcias até o momento em que ele mesmo estivesse convencido de tudo. Mas este último lhe parecia terminantemente inexequível. Pelo menos era o que parecia a ele mesmo. Nunca podia, por exemplo, imaginar que um dia parasse de pensar, se levantasse e simplesmente caminhasse para lá... Até mesmo aquele seu ensaio recente (isto é, a visita que fizera com a intenção de estudar definitivamente o lugar) ele apenas esboçara, mas nem de longe para valer, fizera por fazer: “deixa eu ir lá, articulou ele, experimentar, por que ficar nesse devaneio!?” — e no mesmo instante não se conteve, mandou tudo às favas e saiu de supetão, furioso consigo mesmo. Enquanto isso, porém, parecia que já havia concluído toda a análise no sentido da solução moral da questão: sua casuística estava afiada como uma navalha, e em si mesmo ele já não encontrava objeções conscientes. Mas no último caso ele simplesmente não acreditava em si mesmo e procurava de modo obstinado e servil objeções por todos os lados e às apalpadelas, como se alguém o forçasse e o arrastasse para tal. O último dia, que começara tão por acaso e resolvera tudo de uma só vez, agia sobre ele de maneira quase inteiramente mecânica: como se alguém o segurasse pelo braço e o arrastasse, de forma irresistível, cega, com uma força antinatural, sem objeções. Como se uma nesga da sua roupa tivesse caído debaixo de uma roda de máquina e esta começasse a tragá-lo.

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[...]

DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crime e castigo. Tradução de Paulo Bezerra. 6. ed. São Paulo: Editora 34, 2009.

  • narrador: onisciente;
  • personagem: um homem (o protagonista Raskólnikov);
  • espaço: a história se passa na Rússia; no fragmento, o protagonista desce uma escada;
  • tempo: no trecho, o tempo psicológico é predominante;
  • enredo: um homem desce uma escada, enquanto planeja um assassinato.

Mapa mental sobre elementos da narrativa

Mapa mental sobre os elementos da narrativas.
Mapa mental sobre os elementos da narrativas.

Exercícios sobre elementos da narrativa

Questão 1

(Enem)

A velha Totonha de quando em vez batia no engenho. E era um acontecimento para a meninada... Que talento ela possuía para contar as suas histórias, com um jeito admirável de falar em nome de todos os personagens, sem nenhum dente na boca, e com uma voz que dava todos os tons às palavras!

Havia sempre rei e rainha, nos seus contos, e forca e adivinhações. E muito da vida, com as suas maldades e as suas grandezas, a gente encontrava naqueles heróis e naqueles intrigantes, que eram sempre castigados com mortes horríveis! O que fazia a velha Totonha mais curiosa era a cor local que ela punha nos seus descritivos. Quando ela queria pintar um reino era como se estivesse falando dum engenho fabuloso. Os rios e florestas por onde andavam os seus personagens se pareciam muito com a Paraíba e a Mata do Rolo. O seu Barba-Azul era um senhor de engenho de Pernambuco.

José Lins do Rego. Menino de engenho. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980, p. 49-51 (com adaptações).

Na construção da personagem “velha Totonha”, é possível identificar traços que revelam marcas do processo de colonização e de civilização do país. Considerando o texto acima, infere-se que a velha Totonha:

A) tira o seu sustento da produção da literatura, apesar de suas condições de vida e de trabalho, que denotam que ela enfrenta situação econômica muito adversa.

B) compõe, em suas histórias, narrativas épicas e realistas da história do país colonizado, livres da influência de temas e modelos não representativos da realidade nacional.

C) retrata, na constituição do espaço dos contos, a civilização urbana europeia em concomitância com a representação literária de engenhos, rios e florestas do Brasil.

D) aproxima-se, ao incluir elementos fabulosos nos contos, do próprio romancista, o qual pretende retratar a realidade brasileira de forma tão grandiosa quanto a europeia.

E) imprime marcas da realidade local a suas narrativas, que têm como modelo e origem as fontes da literatura e da cultura europeia universalizada.

Resolução:

Alternativa E.

A personagem velha Totonha imprime, em suas narrativas, marcas da realidade local (por exemplo, um senhor de engenho de Pernambuco). Suas narrativas têm como modelo e origem fontes da literatura e da cultura europeia (por exemplo, o Barba-Azul é personagem do escritor francês Charles Perrault).

Questão 2

(Enem)

A partida

Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.

Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?

LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003.

No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no trecho:

A) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir”.

B) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco”.

C) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama”.

D) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e amor”.

E) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...”.

Resolução:

Alternativa E.

O narrador-personagem demonstra hesitação neste trecho: “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...”. A hesitação está impressa na pergunta feita por esse narrador.

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

GOULART, Audemaro Taranto; SILVA, Oscar Vieira da. Introdução ao estudo da literatura. Belo Horizonte: Lê, 1994.

Por Warley Souza

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