Os navios negreiros eram as embarcações que transportavam os africanos escravizados, trazendo-os da África até outro continente. As condições de viagem eram as piores possíveis.
Os navios negreiros eram embarcações usadas pelos europeus para fazer o transporte de africanos escravizados da África até a Europa ou a América. Esse comércio de africanos escravizados foi mantido pelos europeus entre os séculos XV e XIX, sendo responsável por trazer por volta de 12 milhões de africanos para a América.
Os navios negreiros eram conhecidos pelas condições ruins de viagem, sendo construídos para aprisionar o máximo possível de pessoas para trazê-las à América. Os escravos ficavam em locais abarrotados, sujos, escuros, úmidos, malcheirosos e sem ventilação. Eram submetidos a um tratamento desumano durante a viagem.
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Os navios negreiros eram embarcações que transportavam os africanos escravizados até a Europa e a América.
Os africanos escravizados eram submetidos a condições desumanas nesses locais, sendo acorrentados e colocados nos porões.
Até 500 pessoas poderiam ser colocadas nesses navios, ficando em um local sujo, escuro, úmido.
Cerca de 25% dos africanos embarcados morriam durante a viagem.
Estima-se que cerca de 12 milhões de africanos escravizados tenham sido trazidos para a América pelos navios negreiros.
Os navios negreiros eram as embarcações responsáveis por fazer o transporte de africanos escravizados no período de existência do tráfico transatlântico de escravos. Esses navios eram conhecidos como tumbeiros, sendo construídos com o intuito de permitir o transporte de seres humanos.
Ficaram marcados por aprisionar os africanos escravizados em condições degradantes e desumanas, sujeitando os escravizados a condições insalubres durante o transporte. Estima-se que esses navios transportavam até 500 africanos escravizados, amontoados em locais sujos. Estima-se também que os navios negreiros foram responsáveis por trazer até 12 milhões de pessoas para serem escravizadas na América.
Os tumbeiros eram embarcações que se dirigiam ao continente africano levando diversas mercadorias para trocá-las por africanos escravizados. Essas embarcações eram construídas ou adaptadas para receber os africanos escravizados, acomodando o máximo de pessoas possível no menor espaço possível.
De uma maneira geral, os africanos escravizados eram submetidos a condições péssimas e eram vítimas de diversas violências durante a viagem. Além da violência física, havia a violência psicológica por conta dos maus-tratos e do que aguardaria esses africanos quando eles fossem desembarcados.
Eles eram colocados nos porões das embarcações e mantidos em grupo e acorrentados. Além disso, iam em espaços apertados e eram colocados sentados ou deitados, se houvesse a necessidade extrema de maximizar o espaço. É importante considerar que os porões ficavam no fundo dos navios, sendo locais escuros, úmidos e sem ventilação adequada.
Além disso, os locais em que os africanos escravizados eram mantidos eram sujos e malcheirosos. Era comum que esses africanos escravizados fossem mantidos sem roupa, além de que eram mal-alimentados. A comida que eles recebiam era de má qualidade de todas as formas, mas era comum que eles recebessem pouco alimento para ficar debilitados e reduzir a possibilidade de revoltas. Entre os alimentos fornecidos, estavam carne-seca, feijão, farinha de mandioca e arroz.
A experiência de viver temporariamente nos navios negreiros era aterrorizante para todos os africanos escravizados, e relatos contam que alguns achavam que os homens brancos eram espíritos maus ou que os homens brancos iam devorá-los vivos. O terror e as condições eram tamanhas que muitos relatos contam da felicidade de muitos africanos ao pisarem em terra novamente e verem-se livres do tumbeiro.
As condições ruins a que os africanos eram submetidos faziam com que doenças se proliferassem. Era bastante comum a ocorrência de disenterias, pelo consumo de água contaminada, e de escorbuto, doença causada pela carência de vitamina C. Doenças contagiosas, como a varíola também eram comuns entre os escravizados.
Essas doenças faziam com que muitos africanos escravizados morressem durante o trajeto. Estima-se, inclusive, que cerca de 25% dos africanos escravizados morriam durante a travessia do Atlântico. Algumas das mortes não aconteciam por doenças, mas porque muitos africanos se recusavam a ser escravizados e por isso optavam por cometer autoextermínio. Os historiadores consideram esse ato desesperado uma forma de resistência a escravidão.
Os africanos que cometiam autoextermínio se jogavam no mar, caso conseguissem se ver livres de suas correntes. Os africanos escravizados que faleciam no trajeto tinham os seus corpos lançados ao oceano.
Por fim, as revoltas de escravos nessas viagens não eram comuns, mas poderiam acontecer. Os africanos escravizados que se rebelassem ou demonstrassem insubordinação eram punidos com castigos físicos. Em alguns casos, os castigos eram tão severos que os africanos punidos faleciam em decorrência dos ferimentos.
A viagem dos africanos escravizados, nos navios negreiros, iniciavam-se quando eles embarcavam nesses navios, mas o trajeto dos africanos não começava no litoral, mas, sim, no interior do continente africano, quando eram sequestrados e forçados a caminhar acorrentados para os locais do comércio de escravos. As estimativas, inclusive, apontam que a maioria dos africanos escravizados morria nesse trajeto entre o local de sequestro e os comércios de escravo no litoral.
Uma vez embarcados, a viagem dos africanos escravizados durava de 35 a 90 dias, nos piores cenários. Considerando Luanda como ponto de partida, a viagem até Recife durava 35 dias. Se o trajeto fosse até a Bahia, a viagem estenderia-se por 40 dias, no total. Se fosse até o Rio de Janeiro, o tempo de viagem era de 60 dias. Viagens muito atribuladas, que encontravam más condições no oceano, poderiam durar até 90 dias. Quanto maior o tempo de viagem, maior era o sofrimento dos africanos escravizados e maiores as chances de falecimento durante o percurso.
Os navios negreiros poderiam iniciar o seu trajeto saindo de grandes cidades europeias ou, no caso do Brasil, poderiam sair diretamente daqui. Esses navios eram abastecidos com mercadorias que seriam usadas para adquirir os africanos escravizados no litoral africano. As embarcações poderiam dirigir-se a diferentes locais que possuíam o comércio de escravos, como Guiné, Angola, Costa da Mina e Moçambique.
A partir do momento do embarque dos africanos escravizados, iniciava-se a “passagem do meio”, o trajeto no oceano que separava a África da América. Em grande parte, os africanos escravizados eram encaminhados para o Brasil, para as Antilhas e para as Treze Colônias (Estados Unidos).
Alguns portos importantes na África eram Luanda, Benguela, Ajudá. Aqui no Brasil, os escravizados eram enviados para Recife, Salvador e Rio de Janeiro e, a partir desses locais, distribuídos pelo restante do país. No Caribe, locais como Havana e Kingston recebiam grande número de africanos escravizados.
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Os registros dos navios negreiros são fontes históricas que são utilizadas pelos historiadores a respeito dessas embarcações. O levantamento de dados é dificultoso, mas os historiadores conhecem o nome de algumas dessas embarcações:
São José Paquete de África;
Amável Donzela;
Brinquedo dos Meninos;
Caridade;
Graciosa Vingativa.
O tráfico de escravos foi um comércio desumano e cruel que foi mantido pelos europeus do século XV ao século XIX. Foi iniciado no contexto das Grandes Navegações, sendo iniciado com os portugueses adquirindo africanos escravizados para trabalhar em Lisboa ou nas ilhas atlânticas ocupadas pelo país.
Esse comércio se expandiu, sendo base para a colonização europeia do continente americano. O tráfico de escravos estabeleceu-se no Brasil em meados da década de 1550, sendo uma oportunidade de negócio lucrativa que se consolidou no contexto da colonização do Brasil. A alta demanda europeia por escravos causou consequências na África, incitando conflitos no continente.
Lá, esses escravos eram obtidos por meio de guerras e de ataques realizados com o intuito de obter prisioneiros. Haviam muitos traficantes que formavam expedições para atacar e sequestrar africanos, forçando-os a caminhar até o litoral nos locais que seriam revendidos aos europeus. Estima-se que esse comércio tenha sido responsável pela vinda de até 12 milhões de africanos escravizados para a América. Desse total, 4,9 milhões veio para o Brasil.
Fontes
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 82.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e GOMES, Flávio (orgs.). Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 60.