Maomé é o profeta do islamismo, uma das maiores religiões da atualidade. Chamado pelos muçulmanos de Muhammad, ele alegou ter recebido uma revelação sobrenatural que lhe fez dar início às pregações. Nascido em Meca, conquistou a Península Arábica com o apoio de Medina.
Acesse também: Primeira Cruzada e o início da luta entre cristãos e muçulmanos
Muhammad nasceu em Meca, na atual Arábia Saudita. Seu nascimento aconteceu no terceiro mês do calendário islâmico, Rabi al-Awwal, o que correspondeu a abril de 570. Na língua portuguesa, o profeta do islamismo é tradicionalmente conhecido como Maomé, termo que foi traduzido do francês Mahomet, que, por sua vez, originou-se da derivação turca Mehmet.
Os muçulmanos, por sua vez, consideram a utilização do termo “Maomé” desrespeitosa, preferindo que o profeta seja chamado de Muhammad. O nome completo dele no idioma árabe é Abū al-Qāsim Muḥammad ibn ʿAbd Allāh ibn ʿAbd al-Muṭṭalib ibn Hāshim.
Muhammad pertencia ao clã de Hashim e fazia parte da tribo dos coraixitas, uma tribo que era tradicional em Meca, mas que estava em uma situação financeira decadente. A tribo dele era responsável por cuidar da Caaba, um santuário da religião que existia na Arábia pré-islâmica, e dos peregrinos que iam a Meca.
Muhammad ficou marcado pela perda dos pais ainda na infância. Seu pai, chamado Abdallah, morreu antes mesmo de o profeta nascer; Amina bint Wahb, sua mãe, morreu quando ele tinha 6 anos. Antes de sua mãe falecer, Muhammad foi entregue para uma família de criação. Essa era uma prática comum na Arábia e, um tempo depois, a criança era devolvida à sua família original.
Posteriormente, com a morte de sua mãe, Muhammad foi morar com o avô, Abd al-Muttalib, mas ele morreu quando o profeta tinha apenas 8 anos. Por fim, ele se mudou para a casa do tio, Abu Talib, chefe do clã Hashim. Muhammad cresceu em um cenário de empobrecimento do seu clã e aprendeu com o tio a ser um condutor de caravanas.
Durante sua criação, Muhammad recebeu treinamento militar e, como mencionado, passou a trabalhar como condutor de caravanas que iam até a Síria e Mesopotâmia. A posição de órfão o prejudicava e impedia que ele prosperasse em sua profissão, mas, ainda assim, ele tinha uma boa reputação e era conhecido como um comerciante bastante confiável.
Esse status atraiu Khadija bint Khuwaylid, uma viúva e próspera comerciante, que contratou Muhammad para que ele pudesse conduzir uma caravana dela até a Síria. Depois que ele retornou de sua viagem, Khadija ofereceu sua mão em casamento para Muhammad, que aceitou a proposta. O casamento de Khadija e Muhammad aconteceu quando ele tinha cerca de 25 anos.
A tradição islâmica narra que Khadija tinha por volta de 40 anos, mas historiadores modernos questionam essa informação, em razão da grande quantidade de filhos que ela teve com Muhammad. O casal teve ao todo seis filhos, mas dois não sobreviveram à infância. A relação de Khadija com Muhammad foi muito boa e ela deu grande apoio quando o profeta iniciou suas pregações.
Na tradição islâmica, a revelação de Alá para Muhammad aconteceu em 610. Nesse período, Muhammad fazia, com certa frequência, alguns retiros espirituais, nos quais ele ia ao deserto meditar. Fui em uma dessas ocasiões que o profeta recebeu a revelação de Alá.
Muhammad estava em uma caverna localizada no Monte Jabal al-Nour, que fica nos arredores de Meca. Então, o anjo Gabriel supostamente apareceu para o profeta, ordenando que ele recitasse a palavra de Deus. Após um momento no qual não sabia o que dizer, Muhammad começou a recitar, o que o deixou atordoado.
A tradição islâmica conta que essa experiência sobrenatural foi aterrorizante para Muhammad e ele teve de contar com o auxílio de sua esposa para se acalmar e entender o que havia acontecido. Depois desse acontecimento, Muhammad ficou cerca de dois anos vivendo sua vida normalmente, como se estivesse em negação ao que havia presenciado.
A partir de 613, considera-se que Muhammad passou a entender o significado das supostas visões que ele tinha desde 610 e, então, deu início às pregações da palavra de Alá em Meca. Pouco a pouco, as pregações de Muhammad foram trazendo seguidores e, consequentemente, as pessoas foram se convertendo ao islamismo.
As pregações de Muhammad também trouxeram alguns conflitos para Meca. Isso ocorreu porque a mensagem que o profeta trazia foi vista com muita desconfiança, e todas as grandes personalidades de Meca se posicionaram contra ela. Essa inimizade se consolidou quando ele passou a dizer que era necessário abandonar o culto das antigas divindades e adorar somente a Alá.
Isso foi visto como um problema, uma vez que, na cultura religiosa de Meca, acreditava-se que a crenças nos deuses era fundamental para a sobrevivência da comunidade. Além disso, a mensagem de Muhammad trazia um grande risco, pois poderia prejudicar a peregrinação religiosa a Meca, algo que dava muito lucro aos grandes comerciantes da cidade.
Os muçulmanos passaram a ser perseguidos pela comunidade de Meca, adepta da antiga religião. Alguns dos seguidores de Muhammad decidiram abandonar a Península Arábica e o próprio Muhammad sofreu as consequências, pois, depois que seu tio morreu, em 519, o novo líder do clã Hashim decidiu expulsar o profeta.
Sem um clã, a vida de Muhammad corria risco e, de fato, havia uma conspiração para assassiná-lo. Ele partiu à procura de um novo clã para abrigá-lo e isso era importante porque, se ele fosse assassinado sem um clã, ninguém poderia exigir vingança pela sua morte. O fim dessa busca se deu quando ele garantiu apoio de Yathreb, cidade que hoje conhecemos como Medina.
O apoio de Medina fez Muhammad fugir de Meca em 622. Esse evento recebeu o nome de Hégira e é um marco importante na vida do islamismo e do próprio profeta. A partir desse acontecimento, tiveram início a contagem do calendário islâmico e o período de maior influência e poder do profeta.
Ele acumulou enorme poder político em Medina e expandiu esse poder por toda a Península Arábica ao conquistar outras cidades e garantir a conversão da população desses locais ao islamismo. A cidade de Meca, por exemplo, foi conquistada em 630, após longos anos de conflito entre Medina e Meca. Nessa conquista, Muhammad prosseguiu com a destruição das imagens dos deuses da cidade.
Acesse também: Como a Igreja Católica se estabeleceu na Europa durante a Idade Média?
A morte de Muhammad aconteceu no dia 8 de junho de 632, e o profeta do islamismo estava no auge do seu poder. Ele havia levado o islamismo para toda a Península Arábica e, mesmo sendo um homem poderoso, os relatos contam que ele procurava levar uma vida simples e ajudar os mais necessitados. Depois da morte de Muhammad, a comunidade muçulmana passou a ser liderada por Abu Bakr.
Créditos das imagens
[1] nikjuzaili e Shutterstock