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Guerra do Contestado

Guerra do Contestado foi um conflito que se estendeu de 1912 a 1916 e mesclou insatisfação social com messianismo religioso.

Soldados que lutaram contra os sertanejos durante a Guerra do Contestado.[1] Soldados que lutaram contra os sertanejos durante a Guerra do Contestado.[1]

A Guerra do Contestado foi um conflito que aconteceu no Brasil entre 1912 e 1916, causando cerca de 10 mil mortes. Aconteceu em uma região que era disputada pelos estados de Paraná e Santa Catarina e foi motivada pela insatisfação política e social da população e por um elemento religioso, o messianismo.

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Resumo sobre Guerra do Contestado

  • A Guerra do Contestado aconteceu entre 1912 e 1916, em uma região disputada pelos estados de Paraná e Santa Catarina.

  • Havia grande insatisfação social com a atuação de duas empresas estrangeiras que atuavam na região.

  • A população sertaneja passou a seguir um líder religioso chamado José Maria.

  • A formação de cidades dos sertanejos seguidores de José Maria levou a uma reação armada do Paraná e de Santa Catarina.

  • Em 1916, os sertanejos foram derrotadas, o messianismo se enfraqueceu e os limites entre os estados foram definidos.

Contexto da Guerra do Contestado

A Guerra do Contestado foi um acontecimento do começo do século XX e uma das manifestações messiânicas do período da Primeira República. Esse evento se deu pela junção de messianismo religioso, que explorava a fé da população, com insatisfação popular com a situação econômica e social do país.

O conflito leva esse nome porque aconteceu em uma região que era contestada por Paraná e Santa Catarina, isto é, os dois estados disputavam o controle dela. Essa região presenciou o agravamento da situação da população, sobretudo devido aos interesses do governo e do capital estrangeiro.

No século XX, foi desenvolvido um projeto de construção de uma ferrovia que ligaria São Paulo ao Rio Grande (do Sul). Esse projeto foi entregue à Brazil Railway Company, empresa que pertencia a Percival Farquhar. Durante a passagem da ferrovia pela região do Contestado, uma faixa de 15 quilômetros de terra foi dada à empresa.

Para que a ferrovia fosse construída, todos os moradores que residiam no interior dessa faixa de 15 quilômetros foram desapropriados de suas terras. A desapropriação dos moradores da região foi ampliada quando a Southern Brazil Lumber & Colonization ganhou as terras que ficavam à margem da ferrovia. Essa empresa exploraria a madeira e a erva-mate da região.

A insatisfação da população local foi controlada pelos empregos que a Brazil Railway trouxe para a região, mas o término das obras, em 1910, fez com que um grande número de trabalhadores fosse demitido. Com isso, uma soma considerável de pessoas havia perdido suas terras para as duas empresas, e agora também não havia empregos.

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Messianismo na Guerra do Contestado

A insatisfação popular abriu espaço para que José Maria, um autodeclarado monge, pudesse atuar na região. José Maria se instalou na região do Contestado e se tornou uma espécie de liderança religiosa. Ele afirmava que o mundo estava próximo de seu fim, dava conselhos, atuava como curandeiro e prometia a salvação das pessoas.

José Maria liderou a formação de uma comunidade, que começou a se organizar. Essa comunidade contou com a adesão de muitos dos trabalhadores prejudicados pela construção da ferrovia, e, além do elemento religioso, ela também ficou marcada por sua organização militar e pela adesão aos ideais monarquistas.

José Maria fazia profundas críticas à república, defendia o monarquismo e chegou a escolher um imperador na comunidade que ele criou e ficou conhecida como Quadro Santo (ficava em Taquaruçu, próximo de Curitibanos). A formação de uma comunidade armada que defendia a monarquia e elegeu um imperador foi vista pelas autoridades do Paraná e de Santa Catarina, além dos coronéis da região, como uma grande ameaça.

Principais acontecimentos da Guerra do Contestado

A guerra começou quando as autoridades paranaenses promoveram um ataque contra os seguidores de José Maria. A aglomeração de José Maria, que ficava próximo a Curitibanos, e a quantidade de seguidores chamaram a atenção das autoridades locais, a ponto de que uma expedição policial seria realizada para dispersar o grupo de seguidores do monge.

José Maria tomou conhecimento da ação militar dos catarinenses e, então, decidiu fugir para Irani, próximo de Palmas. Essa cidade fazia parte da região que estava em litígio entre Santa Catarina e Paraná, e a chegada de José Maria e seus seguidores foi vista pelas autoridades paranaenses como uma ação de Santa Catarina para ocupar a região.

Isso fez com que uma força policial do Paraná fosse enviada para expulsar os invasores. Nesse confronto, 11 sertanejos morreram, um dos quais era o monge José Maria. O ataque fez com que o grupo se dispersasse temporariamente, mas, em 1913, sertanejos inspirados pela memória de José Maria começaram a se reunir novamente.

O renascimento do messianismo na região se deu por influência de uma garota de 11 anos, que falava ter sonhos com José Maria. As mensagens difundidas por essa garota, chamada Teodora, fizeram com que o movimento retomasse sua força, e isso fez com que diversas “cidades santas” fossem construídas.

A maior cidade dos sertanejos que se consideravam seguidores de José Maria foi Santa Maria, que chegou a ter cerca de 25 mil habitantes. Todos eles acreditavam que José Maria ressuscitaria em algum momento.

As exigências dos sertanejos demonstravam a sua insatisfação com a atuação dos coronéis locais assim como com a influência do capital estrangeiro na região. O crescimento do movimento fez com que os governadores de Santa Catarina e do Paraná iniciassem uma verdadeira guerra contra os sertanejos adeptos dos ideais messiânicos e residentes das ditas “cidades santas”.

Tropas militares com centenas de homens foram enviadas para a região do Contestado. Esses soldados estavam munidos de armamento pesado, como peças de artilharia e metralhadoras. Até mesmo aviões foram usados na campanha contra os sertanejos. Houve forte resistência, mas no final a força das tropas do governo prevaleceu.

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Fim da Guerra do Contestado

O conflito se estendeu até 1916, com grandes campanhas militares sendo feitas na região. O movimento messiânico foi destruído por meio da repressão do governo, e seus líderes foram presos. O fim do conflito também marcou o fim da disputa territorial travada por catarinenses e paranaenses, e, assim, os limites dos dois estados foram determinados. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas tenham morrido na Guerra do Contestado.

Créditos da imagem

[1] Commons

Por Daniel Neves Silva

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