Acesse este texto e conheça mais sobre uma das maiores civilizações pré-colombianas que já existiram: os incas. Veja detalhes sobre as origens históricas dos incas e a forma como acreditavam que o mundo havia sido criado. Entenda como funcionavam a economia, a sociedade e religião desse povo.
Os incas foram uma das principais civilizações pré-colombianas que existiram no continente americano. Estabeleceram-se em um território muito amplo na região andina. Os incas são conhecidos por sua cultura sofisticada e por suas construções marcantes, como a rede de estradas que interligava as diferentes partes do império. Foram conquistados no século XVI pelos espanhóis liderados por Francisco Pizarro.
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Os incas formaram uma das grandes civilizações pré-colombianas e desenvolveram-se na região andina. O Império Inca estendeu-se por 4 mil quilômetros em territórios que abrangem terras do norte do Chile e da Argentina até a Colômbia. Esse povo ficou conhecido por formar uma sociedade teocrática, na qual o imperador era enxergado como uma encarnação do deus Inti.
A sociedade inca era estratificada em classes sociais, sendo o imperador e a nobreza os que ocupavam as posições mais elevadas. Os incas cobravam impostos dos povos que haviam conquistado, e seu império surgiu de uma centralização política que aconteceu no século XV. Em 1532, o Império Inca sucumbiu com a chegada dos espanhóis
A civilização inca surgiu na região do atual Peru. Seus domínios se estendiam por toda a região andina, do norte da Argentina e do Chile até o território da atual Colômbia.
A presença humana na região andina remonta a, aproximadamente, 4500 a.C. Antes dos incas, grandes civilizações já haviam desenvolvido-se naquela localidade, como os chavíns, que habitaram os Andes entre 900 a.C. e 200 a.C. Os incas estabeleceram-se na região de Cuzco por volta do ano 1000, sendo que a centralização do poder que formou o Império Inca só aconteceu no século XV.
O primeiro Sapa Inca (imperador) foi Pachacuti, coroado em 1438. Em seu reinado, teve início o processo de conquista territorial, que expandiu as fronteiras incas por um território que se estendia por 4 mil quilômetros. As regiões conquistadas eram interligadas ao império por meio de estradas e eram culturalmente absorvidas com o deslocamento da população quéchua (povo que formou o Império Inca) para essas regiões.
Os incas chamavam seu império de Tawantinsuyu (Império das Quatro Direções), que era organizado em quatro grandes províncias, cada qual com um nome determinado:
Chinchasuyu (norte)
Antisuyu (leste)
Contisuyu (oeste)
Collasuyu (sul)
Representação de como os membros da elite inca vestiam-se.*
A sociedade inca era dividida em classes sociais. O topo era ocupado pelo imperador, chamado de Sapa Inca, considerado uma emanação do deus Inti. O imperador tinha controle sobre a vida das pessoas, e pouquíssimos tinham direito de ver seu rosto. Além disso, era adorado por seus súditos.
Abaixo estava a nobreza, responsável direta por ocupar os cargos administrativos do império. Existiam nobres que herdavam sua condição de maneira hereditária, ou seja, pela linhagem, mas havia também nobres que haviam recebido essa condição do imperador.
O restante da sociedade inca era composta por comerciantes e por homens comuns. Entre os homens comuns, o grupo que formava a massa da sociedade inca eram os hatun runa, homens que se dedicavam a atividades pastoris e agrícolas.
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Representação moderna de um ritual religioso praticado pelos incas.**
Os incas, assim como diversos povos pré-colombianos, possuíam mitos de origem que explicavam, de acordo com sua visão de mundo, o surgimento da humanidade e de outras práticas do cotidiano. O historiador Nicholas J. Saunders|1| afirma que um desses mitos incas pode ser extraído dos relatos de Garcilaso de la Vega, escritor espanhol do século XVI.
Segundo esses relatos, o Sol teve piedade dos homens por viverem de maneira inculta e incivilizada. Assim, deu instrução e conhecimento a eles, ordenando-lhes que o adorassem. Isso aconteceu quando irmãos cósmicos foram enviados à Terra para criarem locais de adoração para o Sol e para serem responsáveis diretos pela instrução e civilização da humanidade.
As narrações de Garcilaso também afirmam que Cusco – principal cidade inca – encheu-se de pessoas quando o irmão e irmã cósmica reuniram-se em um local chamado Huanacauri. Enviados pelo Sol, esses irmãos deram ao povo um modo de vida civilizado. Outros mitos incas afirmam que os seres humanos foram criados de argila por Viracocha (divindade inca suprema), que deu características próprias a cada humano.
A religião inca era politeísta, o que significa que ela possuía muitos deuses. A divindade suprema era Viracocha, mas o deus mais importante dos incas era Inti, o deus Sol. Outros deuses que os incas acreditavam eram Ilyap’a, considerado deus da chuva, e Mama Kilya, deusa Lua.
Existiam sacerdotes e sacerdotisas que dedicavam suas vidas à adoração dos deuses. Além dos sacerdotes, existiam pessoas que viviam como curandeiras, realizando sacrifícios. Um grupo de sacerdotisas mais conhecidas eram as acllas, mulheres escolhidas pela beleza e que viviam em voto de castidade em adoração a Inti. Outras acllas, no entanto, tornavam-se concubinas reais.
Os sacrifícios também eram parte significativa da religião inca e aconteciam em momentos importantes para esse povo, como guerras e nomeação de um novo imperador. O historiador Nicholas J. Saunders|2| destaca que, durante um ritual realizado para um novo imperador, poderiam ser sacrificadas até 200 crianças. Os incas também sacrificavam animais, como lhamas.
Os incas produziam seus alimentos a partir dessa técnica, conhecida como curvas de nível.
A agricultura era a base da sociedade inca e, a partir dela, eram produzidos os alimentos básicos consumidos por esse povo. O milho e a batata eram a base da alimentação inca, mas outros itens agrícolas também eram produzidos em grande quantidade, como quinoa e pimenta. A dieta dos incas também incluía carne de cervos e de peixes, por exemplo.
A prosperidade da agricultura inca era garantida por uma técnica conhecida como curvas de nível. A produção agrícola dos incas era realizada no ayllus, unidade social que agrupava um conjunto de pessoas que tinham a obrigação de cultivar e tirar seu sustento desse pedaço de terra. O chefe de cada ayllu era nomeado pelo imperador e era conhecido como curaca.
Praticavam o comércio e realizavam entre si trocas de mercadorias. Uma vez por ano, todo trabalhador deveria dedicar seu tempo realizando um trabalho compulsório para o imperador. Isso era conhecido como mita.
A decadência dos incas está diretamente relacionada com a chegada dos espanhóis ao continente americano. Os espanhóis chegaram à região andina em 1531 e encontraram as terras incas divididas por uma guerra civil realizada entre Huáscar e Atahualpa, filhos do último imperador Huayna Capac.
Ambos travaram uma disputa pelo poder do império, e essa guerra teve grande responsabilidade no enfraquecimento inca. Atahualpa venceu uma grande batalha disputada em Quito, aprisionando seu irmão. Logo em seguida, foi emboscado por Francisco Pizarro, conquistador espanhol.
Os historiadores consideram o ano de 1532 como marco da conquista dos incas pelos espanhóis. O domínio dos espanhóis sobre os incas na região permaneceu instável, mas a presença espanhola prosseguiu, e aquele local tornou-se parte do Vice-Reino do Peru.
|1| SAUNDERS, Nicholas J. Américas Antigas: as grandes civilizações. São Paulo: Madras. 2005, pp. 185-187.
|2| Idem, p. 189.
*Créditos da imagem: Pablopicasso e Shutterstock
**Créditos da imagem: Marktucan e Shutterstock