Textos jornalísticos
Conheça quais são os vários tipos de textos jornalísticos e confira as características de cada um.
Uma das fontes que mais acessamos para sabermos das últimas notícias é o jornal. Informação e entretenimento são duas coisas garantidas quando você abre as várias sessões dessa publicação periódica. Ali, portanto, teremos vários tipos de texto.
Normalmente, os textos desse meio de comunicação são denominados de “matérias” e a principal função deles é a de informar os leitores. É por isso que é comum escutarmos que os textos jornalísticos são textos informativos.
Pensando nisso e nos vários tipos de textos que podemos encontrar nos jornais, o Escola Kids preparou uma lista dos textos jornalísticos mais comuns e suas características. No entanto, antes, vamos caracterizar a linguagem utilizada nesses textos.
Linguagem jornalística
Características gerais
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clareza
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imparcialidade
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objetividade
Estrutura gramatical
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frases curtas
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ordem direta das frases (sujeito+verbo+complemento)
Outras características
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evitar o uso excessivo de palavras estrangeiras
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escrever o significado das siglas
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o texto deve ser rico em adjetivações (uso de adjetivos para caracterizar o que está sendo repassado aos leitores; detalhamento)
Estrutura do texto jornalístico
O processo para produzir um texto jornalístico, qualquer que seja o gênero dele, é dividido nos seguintes passos:
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Pauta: seleção do assunto
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Apuração: seleção e verificação de informações sobre o assunto
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Redação: planejamento e organização das ideias no texto
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Edição: correção e revisão do texto
Clareza, imparcialidade e objetividade são características presentes nos textos jornalísticos
Os principais textos jornalísticos e suas características
Notícia
A notícia é um texto meramente informativo. O que isso quer dizer? Ela é um texto que apresenta apenas informações sobre determinado assunto, não há apresentação de opinião do autor da notícia.
Uma notícia é composta por duas partes:
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Lide: É o primeiro parágrafo do texto. Nele será feito o resumo da notícia, respondendo a questões fundamentais de um texto informativo: o que (fatos), quem (pessoas), quando (tempo), onde (lugar), como (enredo) e por que (razões, justificativas).
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Corpo: São as partes do texto que desenvolverão, de forma detalhada, o que foi brevemente apresentado no lide.
Exemplo:
Diminuiu em nove o número de pontos impróprios para banho em Santa Catarina. O relatório da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) divulgado nesta sexta (26) apontou que dos 211 locais analisados, 140 estão próprios para banho.
As praias de Garopaba, Guarda do Embaú, em Palhoça, e Praia de Porto Belo, no Litoral Norte, já podem ser frequentadas pelos visitantes que desejam entrar no mar.
Porém, as cidades de Balneário Camboriú, no Litoral Norte, e Florianópolis têm mais pontos impróprios em relação ao relatório passado. Na capital, há 44 pontos em boas condições e 31 impróprios.
As cidades de Imbituba e Laguna, ambas no Sul do estado, também voltaram a ter pontos impróprios.
Fonte: G1
Acesso em: 27/02/2016
Reportagem
A reportagem também é um texto informativo, mas, diferentemente da notícia, tem função de criar uma opinião. É por isso que, comumente, dizemos que a reportagem possui função social, que é formadora de opinião.
Ainda que apresente estrutura semelhante à da notícia, a reportagem é mais extensa e menos rígida em relação à estrutura textual. As partes constituintes da reportagem são:
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Manchete: É o título principal de uma reportagem; aborda o assunto de forma mais ampla.
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Subtítulo: É o título secundário de uma reportagem e é mais específico que a Manchete.
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Lide: Assim como na notícia, o Lide de uma reportagem é o primeiro parágrafo do texto. Ele apresentará o resumo da reportagem, fornecendo, de forma breve, o que, quem, onde, quando, como e o porquê.
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Corpo do texto: É a parte responsável pelo desenvolvimento do que foi apresentado no lide e das opiniões do autor, de forma organizada.
Exemplo:
O golfinho baiji (Lipotes vexillifer) é o primeiro cetáceo fluvial considerado extinto no mundo. De ocorrência no rio Yangtze na China, foi visto oficialmente pela última vez em 2002. Em 2006, a fundação chinesa que leva o mesmo nome da espécie fez uma expedição por mais de três mil quilômetros, cobrindo toda extensão do rio Yangtze. Mesmo usando o máximo de requinte tecnológico, incluindo instrumentos ópticos e microfones subaquáticos, seus pesquisadores não conseguiram detectar qualquer sinal da presença do animal. Após esse esforço, a Fundação Baiji divulgou um relatório declarando a espécie “funcionalmente extinta”. Isso significa que podem ainda haver alguns indivíduos na natureza, mas essa população é tão pequena que não viabilizaria a sobrevivência da espécie.
O baiji é uma das quatro espécies de cetáceos fluviais existentes em todo mundo. Duas delas, o boto-cor-de-rosa (ou boto-vermelho) e o tucuxi ocorrem no Brasil, na Bacia Amazônica, podem seguir o mesmo fim.
Contribuíram para a provável extinção do Baiji a poluição dos rios devido ao avanço da agricultura próxima ao Rio Yangtze, atropelamentos por embarcações de pesca, redução de habitat causada pelas inúmeras barragens e portos ao longo do rio e pela sobrepesca, especialmente a pesca elétrica. A técnica simples e barata funciona com a aplicação de uma corrente elétrica na água que leva os cetáceos próximos a sofrerem convulsões. A proximidade da corrente os atordoa e, em seguida, os pescadores os mantêm fora d’água para asfixiá-los. Estima-se que este abate foi responsável por 40% da perda de baijis durante os anos 90.
Por fim, na cultura chinesa, os baijis são considerados representantes da bondade e da pureza, mas isso não impediu famílias ricas de pagar caro para vestir luvas e usar bolsas feitas com o couro do animal, outro dos golpes derradeiros para o extermínio da espécie.
[…]
Fonte: O futuro do boto-cor-de-rosa e as lições aprendidas na tragédia do Baiji – ((o))eco
Acesso em: 27/02/2016
Editorial
O editorial é um texto dedicado à opinião do jornal. O que seria isso? Quando há algum assunto, principalmente os polêmicos, e o jornal (instituição/empresa/direção) deseja posicionar-se, o editorial é o texto indicado para esse objetivo. O profissional encarregado pela produção desse texto é o editor chefe da redação do jornal, mas não é ele que assinará o editorial. Normalmente, o editorial não vem com assinatura de uma única pessoa, pois representa todo o jornal, e não apenas um indivíduo.
Exemplo:
Se há uma marca do brasileiro que o caracteriza por onde passa, é aquela conhecida como “jeitinho”. A literatura sobre o assunto é farta. Do antropólogo Roberto DaMatta em O que faz o Brasil, Brasil? ao “homem cordial” propenso à informalidade, de Sérgio Buarque de Holanda, estudiosos se debruçam sobre um tema que funciona como se fosse duas facetas de uma moeda.
A primeira delas é encarar o “jeitinho” como aquela capacidade quase inata de improvisar, de buscar soluções criativas e contornar problemas, especialmente os criados por um Estado como o brasileiro, que tende a produzir normas que coagem e desarticulam a iniciativa dos cidadãos. Por essa concepção, o “jeitinho” se assemelha ao conceito aristotélico de “epiqueia” – a qualidade de contornar leis e regulamentos exagerados e injustos. Em outras palavras, por meio da epiqueia, um indivíduo descumpre o significado literal da lei e procura agir conforme o sentido mais profundo daquela regra. Esta faceta do “jeitinho” é até mesmo elogiável – sem ela, o brasileiro se veria paralisado em muitas situações, submerso pelo afã estatal de tudo regulamentar.
Mas o lado obscuro do “jeitinho” é precisamente aquele em que o cidadão assume a transgressão da norma, cometendo pequenos desvios no âmbito privado, ainda que alegue não ter a intenção de cometer crimes. É o tipo de comportamento que vai muito além da epiqueia aristotélica, adentrando a seara dos atos manifestamente ilícitos. Recentemente a Gazeta do Povo publicou reportagem que ilustra bem essa tolerância com as “pequenas corrupções”, a partir da análise de duas pesquisas que indicavam a dificuldade de parte dos brasileiros em compreender a noção de ética e distinguir o público do privado.
Conforme os estudos realizados pela Universidade de Brasília e pela Universidade Federal de Minas Gerais, parte dos brasileiros entende como aceitáveis condutas que jamais deveriam sê-lo, ainda que essas mesmas pessoas se mostrem horrorizadas com os grandes escândalos de corrupção – que, aliás, acabam servindo de justificativa para as pequenas transgressões, já que “tem coisa muito pior” que oferecer uma cervejinha ao policial, fazer um “gatonet” ou falsificar uma carteirinha de estudante (comportamentos que, segundo os estudos recentes, estão entre as condutas entendidas como aceitáveis por um em cada quatro brasileiros).
É verdade: o desvio de milhões de reais da administração pública é muito pior que uma mudançazinha na declaração do Imposto de Renda. Isso é evidente. Mas o centro da questão é a aceitação pacífica de comportamentos que jamais poderiam ser aceitáveis. Quando isso ocorre, abre-se espaço para uma cultura em que o outro vale muito pouco, em que a vantagem individual se torna muito mais importante que o bem comum. Esse clima de leniência é campo fértil para a grande corrupção, como a que vemos nestes sombrios tempos de Lava Jato. Para reverter este quadro, o combate à impunidade é essencial, mas não basta: é preciso promover uma mudança nas mentes dos brasileiros.
Fonte: Entre o jeitinho e a corrupção – Gazeta do Povo
Acesso em: 27/02/2016
Crônica
A crônica é um texto que tem como característica principal o relato de acontecimentos do cotidiano. Isso é feito por um autor específico, e a sequência narrativa desse texto apresenta marcas subjetivas, reflexões e sentimentos do autor sobre o que foi observado por ele.
Exemplo:
A luta e a lição
Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.
As façanhas dele me emocionaram, a bem sucedida e a malograda. Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que levam alguns heróis a se superarem. Vitor já havia vencido o cume mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem sucedido a vencer desafios assim?
Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas --se é que os trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere ficar na cômoda planície da segurança.
Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo --e seu sacrifício- é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.
Fonte: A luta e a lição, por Carlos Heitor Cony - Folha Online
Acesso em: 27/02/2016
Por Mariana Pacheco
Graduada em Letras