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Revolução verde

Entenda o que significa o termo Revolução Verde, quais são os seus impactos e as polêmicas envolvendo os seus defensores e suas críticas.

Campo de cultivo de soja no Tocantins. A Revolução Verde permitiu a ampliação dos espaços agricultáveis

Entende-se por Revolução Verde as sucessivas transformações e evoluções tecnológicas promovidas no espaço agrário por meio da introdução de técnicas e equipamentos avançados que visaram ao aumento da produtividade do solo, sobretudo no que se refere ao cultivo de alimentos.

O início da Revolução Verde é atribuído, geralmente, à década de 1940, embora o termo tenha sido elaborado nos anos 1960. Essa transformação no meio agrícola surgiu como uma consequência dos estudos iniciados nos anos 1920 pela Fundação Rockefeller, empresa norte-americana contratada pelo governo do México para ampliar a produtividade da agricultura e diminuir a sua fragilidade em relação às variações climáticas e de mercado.

O objetivo principal dessas transformações do campo é combater a fome no mundo, sendo também uma importante ferramenta para desfazer o ideal de que o número excessivo de pessoas no mundo poderia resultar na ausência de alimentos, que não aumentaria conforme o volume populacional. No caso mexicano, foram criadas novas variações de alguns produtos, tais como o milho, o que contribuiu para um intenso aumento na produtividade do campo, sobretudo de grãos.

Basicamente, as transformações geradas pela Revolução Verde envolvem a modificação genética de sementes e de produtos agrícolas para a obtenção de uma maior resistência a elementos externos, tais como o clima. Há também a melhoria de sistemas de produção, a exemplo dos maquinários utilizados (colheitadeiras, semeadeiras e outros equipamentos), dos fertilizantes e pesticidas e do desenvolvimento de técnicas de correção e melhoria dos solos. Dessa forma, espaços antes de difícil cultivo de determinadas espécies vegetais tornaram-se agricultáveis em algumas regiões.

O impacto e as melhorias da Revolução Verde foram tão notáveis que o agrônomo estadunidense Norman Ernest Borlaug (1914-2009) foi condecorado com o Prêmio Nobel da Paz, em razão do aumento na produção de alimentos gerado por suas melhorias no sistema agrário. Borlaug é considerado por muitos como o “pai” da Revolução Verde.

Críticas à Revolução Verde

Se, por um lado, os defensores da Revolução Verde argumentam em favor da importância desse processo para a melhoria da produtividade agrícola e da geração de alimentos, existem, por outro lado, aqueles que tecem pesadas críticas, tanto por questões socioeconômicas quanto por fatores ambientais.

Grupos ambientalistas afirmam que a Revolução Verde foi responsável pela expansão desordenada da agricultura sobre áreas naturais com a expansão da fronteira agrícola. Nesse contexto, o Cerrado brasileiro é frequentemente citado como uma área amplamente devastada ao longo do século XX pelo agronegócio, uma vez que os solos ácidos e de difícil cultivo dessa região foram ocupados pelo desenvolvimento de técnicas de correção, tais como a calagem (adição de calcário ao solo para regular a acidez).

Além disso, há quem afirme que a expansão das técnicas de cultivo permitiu também o avanço das monoculturas e dos latifúndios, haja vista que os valores dos investimentos nessas técnicas são geralmente elevados. Assim, de certo modo, a agricultura familiar ficou prejudicada, segundo o conteúdo dessas críticas, que consideram que o processo de Revolução Verde não foi acompanhado de uma política de democratização do campo com a realização da reforma agrária.


Área de cultivo de cana-de-açúcar no interior do estado de São Paulo *

Outro ponto que geralmente é utilizado nas críticas ao processo de modernização do campo é a mecanização intensiva do processo produtivo. Áreas de cultivo que empregavam dezenas e até centenas de trabalhadores do campo passaram a utilizar máquinas que demandam menos mão de obra, gerando desemprego e intensificando o êxodo rural.

Embora as críticas provoquem uma intensa polêmica e resultem em acalorados debates e discussões entre os seus defensores e os seus opositores, uma coisa é certa: é preciso superar a dicotomia entre produtividade e sustentabilidade ambiental e social a fim de produzir mais alimentos sem danificar o meio ambiente e concentrar os lucros.

* Créditos da imagem: AFNR / Shutterstock


Por Me. Rodolfo Alves Pena

Por Rodolfo F. Alves Pena

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