Entre os gêneros textuais de caráter argumentativo está a carta aberta. Para conhecê-la melhor, basta somente um clique!
Em muitos dos encontros que já tivemos, você, caro (a) usuário (a), teve a oportunidade de retomar seus conhecimentos sobre os gêneros textuais, os quais se caracterizam como aquelas diversas situações comunicativas que compartilhamos no dia a dia. Dessa maneira, ao conhecer alguns deles, você pôde constatar que são vários aqueles que nos possibilitam expressar nossas opiniões sobre um determinado assunto, como é o caso da carta do leitor, do abaixo-assinado, da carta argumentativa, do manifesto, entre outros.
A partir de agora, como não poderia ser diferente, vamos conhecer mais um, no qual também temos a oportunidade de levar ao conhecimento daquela pessoa de modo específico, ou até mesmo ao conhecimento de uma coletividade, um problema que precisa urgentemente ser resolvido. Quando se fala em coletividade é porque o problema apontado na carta pode ter como destinatário uma pessoa específica, obviamente com plenos poderes para solucionar o assunto em questão, como pode também ser enviada à população, por exemplo. Em termos de veiculação, ou seja, o espaço no qual a carta geralmente é expressa, geralmente ela é retratada nos meios de comunicação de uma forma geral, isto é, em jornais, revistas e até em meio eletrônico.
Em termos de estrutura, como se trata de um texto em que prevalece a argumentação, costuma obedecer aos seguintes requisitos:
# Título – deve conter o destinatário, ou seja, o órgão, ou a pessoa para a qual a carta é endereçada, emitida;
# Introdução – esse elemento é revelado pela parte em que o problema a ser resolvido é apontado;
# Desenvolvimento – como o próprio nome já indica, tal parte diz respeito à análise do problema em questão, justificado, obviamente, com argumentos convincentes, os quais fundamentam o ponto de vista do (s) emissor (es);
# Conclusão - representa a parte em que é apontada uma solução para o problema discutido.
Conferidos todos os aspectos, todas as características que demarcam o gênero em estudo, chegou o momento de você conferir um pouco mais de perto, analisando, é claro, um modelo de carta aberta:
A carta aberta se caracteriza como um gênero argumentativo
CARTA ABERTA DE ARTISTAS BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA
Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.
Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.
Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.
Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semiabandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.
Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:
"A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.”
Assim, deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal A INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA. JÁ!
É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história.
SOMOS UM POVO DA FLORESTA!*
*Disponível em Amazoniaparasempre.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras