Rachel de Queiroz
Rachel de Queiroz foi uma importante escritora brasileira e a primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras.
Rachel de Queiroz (Fortaleza, 17 de novembro de 1910 - Rio de Janeiro, 4 de novembro de 2003) foi uma importante escritora e jornalista brasileira. Conhecida por ser a primeira mulher a integrar a Academia Brasileira de Letras, a autora colecionou prêmios e homenagens durante seus 92 anos de vida. Dentre as honrarias recebidas, vale destacar o Prêmio Camões (1993) – a maior homenagem que um escritor pode receber em língua portuguesa.
Características
Rachel Queiroz pertence ao movimento modernista de 1930. Esse grupo é conhecido como regionalista, haja vista que, em suas obras, enfocam-se questões como a seca do nordeste, a miséria, a opressão e a vilania dos poderosos diante do sofrimento dos mais pobres. O romance O quinze é um dos principais exemplares desse tipo de literatura. Para além do regionalismo, Rachel de Queiroz também escreveu obras sobre política, romances psicológicos e literatura infantojuvenil.
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Obras
A obra mais conhecida de Rachel de Queiroz é o seu primeiro livro, O quinze, narrativa que conta a história de uma família de retirantes. Entretanto, de 1930 (data em que fez sua primeira publicação) até o fim de sua vida – visto que a autora nunca parou de escrever –, é possível perceber diversas faces de uma mesma escritora. Se o romance O quinze tem um estilo regionalista, parecido com as narrativas de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado, em outras obras é possível perceber outras tendências.
Em Caminho de Pedra (1937), por exemplo, é possível encontrar uma autora mais envolvida com questões políticas e ideológicas. Já em As três Marias (1939), por outro lado, podemos encontrar uma Rachel de Queiroz que apresenta um estilo intimista, cheio de reflexões e análises psicológicas de uma personagem feminina que vive conflitos da adolescência.
Assim, não é possível rotular a obra da escritora, pois ela produziu um conjunto literário complexo e de extrema qualidade que estará sempre entre o essencial da literatura brasileira. Veja, abaixo, as principais obras de Rachel de Queiroz:
- O quinze (1930)
- João Miguel (1932)
- Caminho de Pedras (1937)
- As três Marias (1939)
- A donzela e a moura torta (1948)
- Lampião (1953)
- A beata Maria do Egito (1957)
- 100 crônicas escolhidas (1958)
- O brasileiro perplexo (1964)
- O caçador de tatu (1967)
- O menino mágico (1967)
- Dora, Doralina (1975)
- As menininhas e outras crônicas (1976)
- O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
- O galo de ouro (1985)
- Cafute e pena-de-prata (1986)
- Memorial de Maria Moura (1992)
- As terras ásperas (1993)
- Teatro (1995)
- Falso mar, falso mundo (2002)
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O quinze
O quinze é a principal obra de Rachel de Queiroz. Nele, narra-se a história de Chico Bento, um vaqueiro que perdera o emprego devido à grande seca de 1915, e sua família. As personagens migram do sertão cearense para o Recife, capital de Pernambuco. Após não encontrarem maneiras de sobrevivência na nova cidade, novamente, os sobreviventes da seca migram, desta vez para São Paulo.
Uma curiosidade sobre esse romance é que, da mesma forma que as personagens do romance, Rachel de Queiroz também viveu a seca de 1915 e, com sua família, migrou fugindo da morte.
Veja, a seguir, um trecho que narra a primeira noite em que a família do vaqueiro Chico Bento retirou:
“Na primeira noite, arrancharam-se numa tapera que apareceu junto da estrada, como um pouso que uma alma caridosa houvesse armado ali para os retirantes […] O vaqueiro foi aos alforjes e veio com uma manta de carne de bode, seca, e um saco cheio de farinha, com quartos de rapadura dentro […] Já as mulheres tinham improvisado uma trempe e acendiam o fogo. E a carne foi assada sobre as brasas, chiando e estalando o sal”.