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20 contos curtos

Os 20 contos curtos que você vai ler a seguir foram retirados do livro Fábulas de Esopo, publicado em 1848. Esse tipo de conto traz sempre uma moral para fazer você refletir.

É hora de ler 20 contos curtos muito divertidos.

Os 20 contos curtos que você vai ler a seguir foram retirados do livro Fábulas de Esopo, publicado em 1848. Você já deve saber que a língua portuguesa muda com o tempo. Então, fizemos as correções necessárias para ficar bem fácil de você entender. Trocamos também umas palavras difíceis por outras mais fáceis. Mas te prometo que não mudamos nada no enredo das histórias. Então, boa leitura!

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1. O lobo e o cordeiro

O lobo e o cordeiro.

Um lobo feroz estava bebendo água em um pequeno rio, e pela parte debaixo chegou um cordeiro para beber água também. O lobo olhou-o com cara de mau, e disse-lhe, arreganhando os dentes:

— Por que tiveste a ousadia de turvar a água que estou bebendo?

Respondeu-lhe o cordeiro, com humildade:

— A água vem em minha direção, portanto não estou turvando a tua água.

O lobo, ainda mais colérico, falou:

— Há seis meses, teu pai fez o mesmo.

Respondeu-lhe o cordeiro:

— Nessa época, meu senhor, eu ainda não tinha nascido, não tenho culpa.

— Tens sim! — replicou o lobo. — Tu estragaste o pasto do meu campo.

— Eu nem tenho dentes ainda — respondeu-lhe o cordeiro.

O lobo desalmado, arrogante e poderoso, que não valorizava nem respeitava a justiça, pulou sobre sua vítima e devorou o pobre e inocente cordeiro.

2. O lobo e as ovelhas

O lobo e as ovelhas.

Havia guerra travada entre lobos e ovelhas; e elas, ainda que fracas, ajudadas por cães de guarda, sempre levavam a melhor. Os lobos então pediram a paz, com a condição de que dariam seus filhotes como garantia, e que as ovelhas lhes entregassem os cães de guarda.

Concluído o acordo de paz, os filhotes dos lobos passaram a uivar muito, o que serviu de desculpa para os lobos quebrarem a acordo e voltarem à guerra. Mas, dessa vez, as ovelhas não conseguiram se defender, já que tinham entregado os cães de guarda para os lobos. Assim, por confiarem em quem não deviam, foram todas exterminadas.

3. O cão e a carne

O cão e a carne.

Um cão levava na boca um pedaço de carne quando estava atravessando um rio. Mas, vendo no fundo da água a sombra da carne (que era maior), decidiu soltar a carne que levava nos dentes, para pegar a que ele via dentro da água. Porém, como o rio levou para baixo com sua corrente a carne verdadeira, levou também a sombra, e ficou o cão sem uma e sem outra. Assim, o cão aprendeu que “mais vale um pássaro na mão, do que dois voando”.

4. Juno e o pavão

Juno e o pavão.

Um pavão foi até a deusa Juno para se queixar. Queria saber por que um rouxinol cantava melhor do que ele, além de ter muitas outras vantagens. Juno então falou para ele não ficar aborrecido. Afinal, ele tinha penas formosas, cheias de olhos que pareciam estrelas.

— Isso é besteira — replicou o pavão. — Melhor seria eu saber cantar.

Ao que Juno respondeu:

— Não se pode ter tudo. O rouxinol tem voz, a águia tem força, o gavião tem ligeireza. Você, contente-se com a sua beleza!

5. O rato da cidade e o rato do campo

O rato da cidade e o rato do campo.

Um rato, que morava na cidade, foi convidado por outro, que morava no campo, o qual levou o rato da cidade até sua cova, onde comeram ambos coisas do campo, ervas e raízes. Disse o rato da cidade ao outro:

— Por certo, compadre, tenho dó de ti, e da pobreza em que vives. Vem comigo morar na cidade, verás a riqueza e a fartura que experimentas.

Aceitou o rato do campo, e foram ambos para uma casa grande e rica, e dentro da despensa estavam comendo boas comidas e muitas, quando de súbito entrou o despenseiro, e dois gatos com ele. Os ratos fugiram. O de casa achou logo seu buraco, o de fora subiu pela parede, dizendo:

— Fiquem com sua fartura; que eu mais quero comer raízes no campo sem sobressaltos, onde não há gato, nem ratoeira.

É como se diz, “mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato”.

6. A águia e a raposa

A águia e a raposa. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

A águia tinha filhos, e para os alimentar levou nas unhas dois filhotes de raposa. A mãe, quando soube, foi pedir à águia que lhe desse seus filhos; mas a águia lá do alto zombou da raposa e disse que não deixaria de comer seus filhotes.

A raposa, magoada, começou logo a cercar a árvore (onde a águia tinha seu ninho) com muitas palhas e paus secos, depois botou fogo e fez uma fogueira muito grande. A águia se viu no meio de fumaça e fogo. Com medo de que a árvore queimasse toda, resolveu entregar os filhotes à raposa, a qual usou a inteligência para combater a impiedosa águia.

7. O galo e a raposa

O galo e a raposa.

As galinhas com seu galo fugiram de uma raposa e subiram em um pinheiro. Como a raposa não podia subir ali para fazer-lhes mal, ela quis usar de esperteza, e disse ao galo:

— Vocês podem descer com segurança, pois agora acabaram de decretar paz universal entre todas as aves e animais. Portanto, venham e festejaremos este dia.

O galo percebeu a mentira, mas resolveu ser tão dissimulado quanto a raposa e respondeu-lhe:

— Que boas e alegres notícias! Mas vejo que três cães estão vindo para cá. Quando eles chegarem, vamos festejar todos juntos.

Porém, a raposa, sem mais esperar, disse:

— Receio que eles não saibam ainda da notícia e me ataquem.

Assim se foi, e as galinhas e o galo ficaram seguros.

8. O lobo e o cão

O lobo e o cão.

Encontrando-se um lobo e um cão em um caminho, disse o lobo:

— Inveja tenho, companheiro, de te ver tão gordo, com o pescoço grosso, e cabelo brilhante. Eu sempre ando magro e arrepiado.

Respondeu-lhe o cão:

— Se tu fizeres o que eu faço, também engordarás. Estou em uma casa, onde me querem muito, dão-me de comer, tratam-me bem; e minha única função é latir quando sinto ladrões de noite. Por isso, se queres, vem comigo, terás outro tanto.

Aceitou o lobo, e começaram a ir. Mas no caminho disse o lobo:

— O que é isso, companheiro? Por que teu pescoço está esfolado?

Respondeu-lhe o cão:

— Para que não morda de dia aos que entram em casa, fico preso com uma corrente, e de noite me soltam até pela manhã, e tornam a prender-me.

— Não quero tua fartura — respondeu o lobo. — Para não ser cativo, prefiro trabalhar e acordar livre.

E, dizendo isso, o lobo se foi.

9. A raposa e o corvo

A raposa e o corvo.

Um corvo apanhou um queijo, e com ele fugindo, pousou sobre uma árvore. Viu-o uma raposa, e desejou comer o seu queijo, e pondo-se ao pé da árvore, começou a dizer ao corvo:

— Com certeza, tu és formoso e gentil, e poucos pássaros existem que te ganhem. Tu és bem-disposto e muito galante; se souber cantar, nenhuma ave se comparará contigo.

Envaidecido o corvo por tais elogios e querendo se mostrar para a raposa, levantou o pescoço para cantar. Porém, ao abrir a boca, caiu-lhe o queijo. A raposa o pegou e foi-se embora, ficando o corvo faminto e vítima de sua própria ignorância.

10. O lobo e o cabrito

O lobo e o cabrito.

Uma cabra, indo pastar no campo, deixou o filho em casa, e disse-lhe para não abrir a porta nem para urso nem para lobo que ali viesse, pois eles o matariam.

Quando a cabra se foi, veio um lobo e, fingindo a voz de cabra, começou a elogiar o cabrito dizendo que lhe abrisse a porta, que era sua mãe. Ouvindo isso, o cabrito chegou à porta e, por uma fenda, olhou e viu o lobo. E, sem lhe dar resposta, virou-se e recolheu-se em casa, seguro. O lobo foi-se embora, e o cabrito ficou salvo.

11. A formiga e a mosca

A formiga e a mosca. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

Entre uma mosca e uma formiga houve grande altercação sobre pontos de honra. Dizia a mosca:

— Eu sou nobre, vivo livre, ando por onde quero, como comidas preciosas, e assento-me à mesa com o rei e dou beijo nas mais formosas damas. Tu mal-aventurada, sempre andas trabalhando.

Respondeu-lhe a formiga, com estas verdades:

— Tu és uma ociosa. Se pousas uma vez em prato de bom sabor, mil vezes comes sujidades e imundícias desprezadas por todos. Se te pões no rosto da dama ou à mesa com o rei, não é porque eles querem, mas porque tu és enfadonha e inoportuna.

12. A rã e o touro

A rã e o touro.

Andava um grande touro passeando ao longo da água, e vendo uma rã que ele era tão grande, ficou tocada da inveja, começou a comer e inchar-se com vento, e perguntou às outras se já era tão grande quanto o touro. Elas responderam-lhe que não. A rã então, pela segunda vez, inchou com mais força. E, sem saber do muito que faltava para igualar-se ao touro, inchou tanto uma terceira vez que acabou arrebentando-se devido à cobiça de ser grande.

13. O cavalo e o leão

O cavalo e o leão. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

Um leão viu um cavalo comendo em uma colina. Pensando em como faria para o atacar, aproximou-se com palavras de amigo, dizendo que era médico, e perguntando se o cavalo queria ser curado. O cavalo, que reconheceu o leão e percebeu suas segundas intenções, disse, com dissimulação:

— Na verdade, amigo, vens em boa hora, pois tenho neste pé um espinho que me machuca muito.

O leão se aproximou para ver-lhe o pé, e o cavalo deu-lhe um coice na cara, que deixou o leão atordoado. Quando voltou a si, o leão viu que o cavalo tinha ido embora, e disse para si mesmo:

— Certamente, ele fez bem por me ferir e ir-se, pois eu queria mesmo era comê-lo e não curá-lo.

14. O cavalo e o asno

O cavalo e o asno.

Indo um cavalo com arreio rico de seda e ouro de muito preço, encontrou no caminho um asno carregado, e disse-lhe com muita soberba:

— Animal inconveniente, por que não me dás lugar e te desvias para que eu passe?

Calado, sofreu o pobre asno. Mas dali a poucos dias, o cavalo emanqueceu e puseram-lhe uma sela grosseira para ele servir. Aconteceu de o asno vê-lo carregado de esterco e disse-lhe:

— Como vais, irmão? Onde está tua soberba? Por que não mandas agora que me arrede, como fazias em outro tempo?

15. A raposa e as uvas

A raposa e as uvas.

Uma raposa chegou em uma parreira, viu-a carregada de uvas maduras e bonitas, e cobiçou-as. Tentou subir; porém, como estavam altas e a subida era íngreme, por muito que fez não pôde subir. Então disse:

— Ah, as uvas estão muito verdes e vão desbotar-me os dentes. Não quero colhê-las verdes, pois não gosto de uvas verdes.

Dito isso, a raposa se foi.

E daí vem o ditado: “Quem desdenha, quer comprar”.

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16. O leão e o rato

O leão e o rato.

Estando um leão dormindo, andavam uns ratos brincando ao redor dele e, saltando-lhe por cima, acordaram-no. Tomou ele um entre as mãos e estava para o matar; mas pelos muitos rogos com que lhe pedia, soltou-o. Aconteceu dali a pouco tempo cair o leão em uma rede, onde ficou preso, sem poder valer-se de suas forças. E sabendo-o o rato, tal empenho pôs, que roeu brevemente os laços e cordéis, e soltou o leão, que se foi livre em pago da boa obra que lhe fez.

17. O veado e o caçador

O veado e o caçador. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

Bebendo um veado em um riacho, viu seus chifres, ramos e as pernas magras. Achou as pernas feias e ficou triste por elas serem assim. Mas ficou satisfeito da beleza de seus chifres, pondo-se orgulhoso e contente. Nem bem saía da água, atacou-lhe um caçador.

O veado então usou as pernas, que pouco antes desprezara, para correr e ficar a salvo. Mas, ao entrar em um arvoredo basto, seus chifres embaraçaram-se com os ramos das árvores, e ele foi capturado, enquanto dizia a si próprio, vendo-se preso e ferido:

— Grande tolo fui, que o que me era bom desestimei, fazendo muito caso do que causou meu fim.

18. O cervo e o cavalo

O cervo e o cavalo. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

Brigavam algumas vezes sobre o pasto um cervo e um bom cavalo. Mas o cervo, com os chifres, sempre fazia o cavalo fugir. Então o cavalo foi até um homem e disse:

— Coloca em mim um freio e uma sela, sobe sobre mim e matarás um cervo, que aqui anda.

Assim fez o homem. E depois de o homem matar o cervo, o cavalo quis que o homem desmontasse. Mas o homem tomou posse do cavalo, o qual ficou sempre sujeito ao freio e à sela, e condenado a viver embaixo do homem.

19. A raposa e o leão

A raposa e o leão.

Um leão se fingiu de doente, e foram visitar-lhe vários outros animais. Mas os que entravam em sua cova, nunca mais saíam e eram comidos pelo leão. Por último, chegou uma raposa à porta da cova e perguntou-lhe como ele estava passando. Respondeu-lhe o leão:

— Por que não entras para ver-me?

A sábia raposa respondeu-lhe que não era necessário, que sua casa devia estar cheia de gente, pois ela via muitas pegadas dos que entravam e nenhuma dos que saíssem para fora.

20. A andorinha e outras aves

A andorinha e outras aves. (Créditos: Gabriel Franco | Escola Kids)

Alguns homens semeavam linho, e vendo-os uma andorinha, disse ela aos outros pássaros:

— Para nosso mal fazem os homens esta seara, que desta semente nascerá linho, e farão dele redes e laços para nos prenderem. Melhor será destruirmos a linhaça e a erva que dela nascer, para que estejamos seguras.

As aves riram desse conselho e não quiseram segui-lo. Diante disso, a andorinha fez as pazes com os homens e foi viver em suas casas. Eles fizeram redes e instrumentos de caça, com os quais pegaram e prenderam todos os pássaros, com exceção da andorinha, que ficou privilegiada.

Fonte

ESOPO. Fábulas de Esopo: com aplicações morais a cada fábula. Paris: Tipografia de Pillet Fils Aîné, 1848.

Por Warley Souza

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