História

Revolução Francesa: Convenção Nacional

Saiba mais sobre a Convenção Nacional, uma das fases da Revolução Francesa.

Tela A Morte de Marat, de Jacques-Louis David (1748-1825), retratando a morte do Amigo do Povo

A vitória do exército popular contra os reinos da Prússia e da Áustria, em 1792, que haviam tentado invadir a França, fortaleceu os grupos políticos republicanos, o que levou ao fim da fase da Monarquia Constitucional da Revolução Francesa. A Proclamação da República em setembro de 1792 deu início a uma nova fase da Revolução, a da Convenção Nacional.

A Convenção Nacional havia sido eleita na Assembleia Nacional, funcionando como uma espécie de Poder Executivo. A instauração da República – famosa pelo lema liberdade, igualdade e fraternidade – levou à elaboração de uma nova Constituição, que buscava garantir maiores direitos às classes baixas da população.

Um novo calendário foi criado, indicando 1792, ano da proclamação da República, como o ano I do calendário revolucionário. Era uma forma de atacar o cristianismo e dar mais espaço ao racionalismo na vida social francesa.

A instauração da República era ainda uma forma de tentar resolver os problemas que existiam na sociedade francesa. Os países vizinhos, governados por antigas monarquias, pretendiam combater a República por ela representar uma ameaça a seu poder, pois a população desses países poderia ser influenciada pelos acontecimentos na França. A guerra ao governo francês foi o caminho usado para deter as ações republicanas.

Dentro da França havia problemas relacionados à falta de alimentos e à subida dos preços, além de não serem todas as camadas da população a concordarem com as medidas estabelecidas pela República. Revoltas aconteciam nas cidades do interior e nos campos. Na capital Paris, a revolução tendia a se radicalizar, com uma intensa participação política dos sans-culottes, que pretendiam ampliar os direitos sociais aos mais pobres.

Essas pressões tinham como consequência a divisão política dentro da Assembleia nacional, e mesmo na Convenção. Os grupos políticos dividiram-se em três: os girondinos, representantes da burguesia industrial; os membros da planície, ou pântano, aliados aos interesses da burguesia financeira; e a montanha, formada pelos jacobinos e condeliers, pequenos burgueses que tinham o apoio dos sans-culottes. Essa divisão política daria ainda origem aos termos direita e esquerda.

Os girondinos mantiveram-se à frente da Convenção Nacional no início. Entretanto, a radicalização da revolução e o fortalecimento dos jacobinos levaram a República a tomar novos rumos. O rei Luís XVI foi condenado por traição e executado na guilhotina em janeiro de 1793. 

Os jacobinos conseguiram formar ainda um Comitê de Salvação Pública, proposto por Jean-Paul Marat, um dos líderes do grupo. Marat era conhecido como o Amigo do Povo, em decorrência do título de mesmo nome que tinha seu jornal, indicando sua ligação com os sans-culottes. Destacaram-se ainda como líderes jacobinos: Georges Danton, mais moderado, Maximilien Robespierre, Jacques-René Hébert e Louis Saint-Just, com posições mais radicais dentro do jacobinismo.

Além do Comitê de Salvação Pública, que combateria as ações contrarrevolucionárias, foi formado ainda o Tribunal Revolucionário, que julgaria os inimigos da Revolução. Inúmeras pessoas foram julgadas e condenadas pelo Tribunal, sendo que a maioria foi executada na guilhotina. A rainha Maria Antonieta e vários girondinos perderam suas cabeças em praça pública.

A radicalização da Revolução ocorreu quando Marat foi assassinado em sua casa por uma girondina. A comoção popular decorrente do assassinato do Amigo do Povo levou os jacobinos a tomarem o poder, dando início ao período do Terror. A aplicação do terror revolucionário contra os inimigos do poder foi o motivo pelo qual o período foi assim denominado.

A liderança do governo coube a Robespierre e Saint-Just. As principais medidas adotadas estavam relacionadas ao controle dos preços dos alimentos (Lei dos Máximos), os direitos políticos foram estendidos a todos os homens maiores de 21 anos, buscou-se melhorar a saúde pública e a educação, com a criação de diversas escolas em vários níveis com o objetivo de instruir toda a população. Os jacobinos pretendiam ainda limitar o direito à propriedade privada, evitando a concentração de riqueza.

Essas medidas desagradaram os girondinos e a burguesia, que passaram a se opor a Robespierre. Este, por sua vez, perdeu aos poucos seus apoios políticos, principalmente em decorrência da condenação e execução deles. Hébert e Danton, por exemplo, foram guilhotinados.

Isolado e sem o apoio popular, Robespierre não resistiu à pressão dos girondinos. Foi preso e executado em julho de 1794, dia 09 do termidor, no calendário revolucionário. Era o início da reação termidoriana, que passaria a perseguir os sans-culottes e atacar as conquistas sociais do período da Convenção. Era a vitória dos girondinos e da burguesia. O golpe de Estado contra os jacobinos encerrou o período da Convenção Nacional, dando início a uma nova fase da revolução: o Diretório.

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Por Tales Pinto

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