História

Júlio César e o ano bissexto

Saiba qual é a relação entre o ano bissexto e o ditador romano Júlio César.

Estátua do ditador Júlio César, responsável pela adoção de um novo calendário em Roma

O que Júlio César, o famoso general e ditador romano, tem a ver com o ano bissexto? E o que é um ano bissexto?

Ano bissexto é o ano composto por 366 dias, sendo que o mês de fevereiro passa a ter 29 dias, e não 28 como ocorre nos demais anos. Os demais anos têm cada um 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. É essa diferença de mais de cinco horas que nos leva a adotar o ano bissexto.

Mas uma diferença em relação a quê? O calendário é uma forma de contagem do tempo criada pelos humanos. A referência para se criar um calendário são os movimentos dos objetos celestes, como a lua e o sol. O tempo que a Terra leva para dar uma volta em torno do Sol é denominado de ano. Mas pelo que foi dito acima, um ano não tem 365 dias exatos, já que o movimento da Terra em torno do Sol leva um pouco mais de tempo para ocorrer.

Foi para tentar resolver essa defasagem que Júlio César, em 46 a.C., pediu que o astrônomo Sosígenes de Alexandria o orientasse na reforma do calendário que vigorava em Roma. A lenda dizia que o calendário romano havia sido criado pelo fundador da cidade, Rômulo. Esse primeiro calendário tinha 304 dias, divididos em 10 meses, sendo 6 de 30 dias e 4 de 31 dias. Mas, como vimos, essa contagem não batia com o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol.

O sucessor de Rômulo, Numa Pompílio, buscou resolver esse problema com a inclusão no calendário de mais dois meses, um com 29 dias e outro com 28 dias, sendo que um dia de cada um dos outros meses seria retirado. Com isso, o ano nesse calendário passou a ter 355 dias. Para resolver a diferença entre a contagem do calendário e o movimento da Terra, a cada dois anos um outro mês era acrescentado.

Mas o calendário não era seguido de forma correta. Com o passar do tempo, a diferença entre o movimento da Terra e a contagem do calendário só aumentava. Na época de Júlio César a diferença chegou a ser de 80 dias!

A solução de Júlio César foi profunda. Inspirado no calendário solar egípcio, Sosígenes de Alexandria propôs que o calendário passasse a ter 365 dias e a cada quatro anos um novo dia fosse acrescentado para poder superar a diferença entre o tempo do movimento da Terra e o do calendário. Esse dia era o dia bissexto.

O nome bissexto vem da forma de contagem do mês entre os romanos. O mês era dividido em três partes: as calendas eram os primeiros dias; as nonas, os dias intermediários; e os idos, os dias finais. O dia acrescentado era o bis sextus ante kalendas martias, em latim. Era a repetição do sexto dia antes das calendas de março, já que os romanos contavam os dias de forma regressiva. Essa é a origem do nome.

Resolvido a adotar o novo calendário, Júlio César precisava ainda superar a defasagem de 80 dias. Para isso, resolveu que o ano 46 a.C. teria 445 dias, entrando nos trilhos a contagem do tempo no ano posterior. Por ser um ano com tantos dias, ele ficou conhecido como o Ano da Confusão.

Como disse Obelix, personagem da história em quadrinhos Asterix: “São loucos, esses romanos!”

O novo calendário passou a se chamar calendário juliano, em homenagem a Júlio César. Ele ganhou após a morte um mês para si: o mês de julho. O imperador Otávio Augusto queria também ter um mês, e o oitavo mês do ano passou a se chamar agosto. Foi retirado ainda um dia de fevereiro para que os meses de julho e agosto tivessem a mesma quantidade de dias.

O calendário juliano vigorou no mundo ocidental europeu até o século XVI, quando a defasagem dos dias estava grande novamente: 11 dias. Uma nova reforma do calendário foi necessária e quem a ordenou foi o papa Gregório VIII. Daí o nome de calendário gregoriano dado ao calendário que usamos nos dias atuais.


Por Tales Pinto
Mestre em História

Por Escola Kids

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