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Quilombo dos Palmares

O Quilombo dos Palmares surgiu em 1597 e ao longo de todo o século XVII resistiu às expedições portuguesas e contou com cerca de 20 mil habitantes.

Zumbi dos Palmares foi um dos grandes líderes do Quilombo dos Palmares e liderou a luta de resistência contra os portugueses. Zumbi dos Palmares foi um dos grandes líderes do Quilombo dos Palmares e liderou a luta de resistência contra os portugueses.

Quilombo dos Palmares é como ficou conhecido o maior quilombo que existiu na história da colonização do Brasil pelos portugueses. Foi também o maior quilombo de toda a América Latina e, no seu auge, concentrou a população de cerca de 20 mil pessoas. Resistiu às investidas holandesas e portuguesas durante todo o século XVII e acabou sendo destruído em 1694. Tornou-se um símbolo da luta e da resistência dos escravos.

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Surgimento do Quilombo dos Palmares

O Quilombo dos Palmares desenvolveu-se na região da capitania de Pernambuco, mais precisamente na região onde atualmente está localizado o estado de Alagoas. O quilombo foi formado inicialmente por algumas dezenas de escravos fugidos de engenhos de Pernambuco que se estabeleceram na Serra da Barriga, na zona da mata em Alagoas.

O primeiro registro que se tem do Quilombo de Palmares remonta ao ano de 1597, mas existem alguns historiadores que falam que o quilombo pode ter surgido antes. Palmares transformou-se no maior quilombo da história da escravidão no Brasil e chegou a contar no seu auge com cerca de 20 mil habitantes.

  • Por que o Quilombo dos Palmares recebeu esse nome?

O nome do Quilombo dos Palmares faz referência à grande quantidade de palmeiras que existia na região da Serra da Barriga, onde o quilombo foi instalado. As palmeiras foram muito importantes para os quilombolas de Palmares, porque lhes fornecia alimento (o palmito) e era útil para fabricar o telhado dos casebres, por exemplo.

Como era a vida no Quilombo dos Palmares?

Primeiramente, é importante destacar que o local de construção do Quilombo dos Palmares, assim como o de muitos outros quilombos, seguiu uma estratégia pensada na proteção dos que se abrigavam lá. O quilombo foi construído em uma região de serra, além de ser uma região vazia. Esses fatores contribuíram para segurança de Palmares.

O Quilombo dos Palmares era formado por uma junção de mocambos. Mocambo era um pequeno acampamento de escravos fugidos e a junção deles formava um quilombo. Alguns dos mocambos que formavam o Quilombo dos Palmares eram os seguintes:

  • Acotirene

  • Dambrabanga

  • Zumbi

  • Aqualtune

  • Andalaquituche

  • Subupira

  • Cerca Real do Macaco

  • Osenga

  • Quiloange

  • Quissama

Entre os mocambos citados, o mais importante era o de Cerca Real do Macaco, que era o centro político de Palmares, reunia cerca de 6 mil habitantes – o restante dos habitantes de Palmares espalhava-se pelos outros mocambos. A segurança do quilombo era algo essencial, afinal, eles eram constantemente ameaçados pelos colonizadores.

O mocambo Cerca Real do Macaco possuía três cercas de madeira que eram constantemente monitoradas. Os arredores do quilombo eram repletos de armadilhas e o caminho correto para chegar à entrada do mocambo era de conhecimento somente dos próprios moradores de Palmares.

Os moradores de Palmares chamavam o quilombo de Angola Janga que significa “pequena Angola”. Palmares foi construído inteiramente por escravos africanos e foi designado para ser um pequeno Estado africano encravado na América. A respeito de Palmares, as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling afirmavam que

"Palmares […] abrigou uma vida comunitária politicamente organizada: administração pública, leis próprias, forma de governo, estrutura militar e princípios religiosos e culturais que fundamentavam e fortaleciam a identidade coletiva".|1|

O quilombo manteve contato frequente com vilas que existiam na região. Isso foi uma característica comum a diferentes quilombos ao longo da história brasileira. Muitos quilombos produziam itens para sua subsistência e utilizavam do excedente para realizar comércio com populações vizinhas. A existência de Palmares também incentivava muitos escravos a fugir, e a ameaça da existência de um grande quilombo representava uma ameaça para os colonizadores.

  • Líderes do Quilombo dos Palmares

Da primeira menção de Palmares (1597) até a sua destruição (1694), passaram-se praticamente 100 anos, período no qual o quilombo resistiu aos ataques de portugueses e holandeses. Os dois grandes líderes desse quilombo foram Ganga Zumba, morto em condições misteriosas, no fim da década de 1670, e Zumbi, que liderou a resistência final e foi morto em uma emboscada, em 1695.

Destruição de Quilombo

O Quilombo dos Palmares registrou um crescimento notável durante o período da invasão holandesa no Nordeste (1630-1654). Esse período de crise na gestão colonial de Pernambuco favoreceu a fuga de escravos e enfraqueceu a busca pelos escravos fugidos. O crescimento do quilombo, no entanto, reforçou o desejo dos colonizadores por destruí-lo.

A história de Palmares ficou marcada pela resistência e, por todo o século XVII, os quilombolas lá instalados precisaram lutar para sobreviver. A primeira expedição contra Palmares foi organizada pelos portugueses em 1602, e expedições do tipo também foram realizadas pelos holandeses, mas essas expedições foram derrotadas.

Depois que os holandeses foram expulsos, em 1654, os portugueses realizaram uma série de outras expedições nas seguintes datas: 1654-55, 1655, 1661, 1663, 1672, 1675, 1677, 1679, 1680, 1683 e 1692-1694. Muitas vezes, foram organizadas mais de uma expedição por ano. Todas essas expedições, com exceção da última, foram derrotadas.

Em 1678, o líder do quilombo, Ganga Zumba foi a Recife e recebeu uma proposta de rendição. Os portugueses solicitaram a deposição de armas dos quilombolas e ofereceram a alforria para os habitantes nascidos em Palmares. Além disso, os habitantes de Palmares deveriam se retirar da Serra da Barriga, estabelecer-se em uma região determinada pelos portugueses e não poderiam aceitar o ingresso de novos escravos fugidos.

Essa proposta de paz dividiu o quilombo e, então, misteriosamente, Ganga Zumba foi encontrado morto. Os historiadores acreditam que ele tenha sido morto por conta das dissidências que surgiram, pois havia um grupo em Palmares – do qual Zumbi fazia parte – que não aceitava realizar um acordo de paz com os portugueses.

Depois da morte de Ganga Zumba, Zumbi assumiu a liderança de Palmares, rejeitou o acordo e colocou em prática uma política de resistência e luta contra os portugueses. Palmares resistiu até a expedição de 1692-1694, quando, então, foi destruído e seus líderes perseguidos e mortos. Zumbi fugiu da destruição do quilombo, em 1694, mas foi emboscado e morto, em 20 de novembro de 1695.

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  • Bandeirante que destruiu o Quilombo dos Palmares

A expedição que destruiu Palmares foi liderada pelo bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, que esteve à frente de inúmeras batalhas contra os quilombolas, entre 1692 e 1694. A expedição de Domingos era formada por milhares de homens, além de contar com canhões que tiveram papel importante na destruição do quilombo.

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 101.

Por Daniel Neves Silva

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