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Maio de 1968

Clique neste link do Escola Kids e tenha acesso a informações a respeito do Maio de 1968. Entenda o contexto histórico no qual esse evento surgiu, quais foram as razões para o seu início, as pautas defendidas e, também, os resultados práticos dessas manifestações que aconteceram na França.

Daniel Cohn-Bendit nos dias atuais, uma das principais lideranças estudantis durante o Maio de 1968* Daniel Cohn-Bendit nos dias atuais, uma das principais lideranças estudantis durante o Maio de 1968*

Maio de 1968 é o nome que se dá ao conjunto de protestos que aconteceram na França exatamente em maio de 1968. Eles começaram a partir da mobilização do movimento estudantil da Universidade de Paris e espalharam-se por toda a França, mobilizando trabalhadores, artistas e intelectuais. O movimento também motivou manifestações em diferentes partes do mundo.

Antecedentes

Para uma melhor compreensão do Maio de 1968, é importante contextualizar o momento que o mundo vivia e entender rapidamente alguns acontecimentos que levaram os estudantes a protestar. É importante entender que Maio de 1968, de uma certa forma, insere-se no contexto da Guerra Fria, com a bipolarização mundial em um bloco capitalista e outro comunista.

O primeiro grande acontecimento da época que repercutia consideravelmente nos meios estudantis era a Guerra do Vietnã. Recapitulando, a Guerra do Vietnã foi um conflito no qual o Vietnã do Norte invadiu o Vietnã do Sul e, como consequência, as tropas americanas intervieram (entre 1959 e 1975) para lutar contra o avanço do governo comunista do Vietnã do Norte.

Em 1968, a Guerra do Vietnã passava por um momento crucial: a Ofensiva do Tet. Essa ofensiva foi organizada pelos norte-vietnamitas com o objetivo de expulsar os americanos do Vietnã, mas foi um fracasso. De toda forma, as imagens dos combates travados e algumas demonstrações de violência do exército resultaram em protestos em diferentes partes do mundo – inclusive na França – para que os americanos abandonassem o país asiático.

Além disso, havia a repercussão do movimento afro-americano, que lutava pela ampliação dos direitos civis para essa população nos Estados Unidos. Destaca-se aqui o fato de que Martin Luther King Jr. havia sido assassinado em abril, acontecimento que, naturalmente, também mobilizou os movimentos estudantis.

Também estava em curso naquele momento a Primavera de Praga, com a luta da população da Checoslováquia (também escrita como Tchecoslováquia) pela democratização do regime comunista no país e pela ampliação das liberdades individuais. Esse movimento era encabeçado por Alexander Dubcek, membro do Partido Comunista local, e teve grande adesão da população e dos estudantes.

Leia também: Primavera de Praga

Por fim, há também os reflexos dos movimentos de lutas armadas, que aconteciam em diferentes partes do mundo. No caso do continente africano, existiam grupos que lutavam pela descolonização. Aqui na América, espalhavam-se as guerrilhas contra os regimes ditatoriais estabelecidos. Muitos desses grupos serviam de inspiração para os movimentos estudantis na França se engajarem na luta por mudanças sociais.

Os movimentos estudantis que atuavam na França representavam um claro choque de gerações, pois havia um amplo questionamento dos valores estabelecidos em sua sociedade. A orientação ideológica de muitos desses grupos era baseada nos ideais marxistas (trotskistas e maoistas, em geral), mas havia também influência do anarquismo em alguns deles.

Os acontecimentos de maio

Os protestos que deram início ao ímpeto revolucionário de Maio de 1968 começaram na Universidade de Paris, em sua unidade na cidade de Nanterre. A mobilização estudantil, no entanto, não começou naquele mês, mas em março de 1968. De uma maneira geral, desde 1966 havia uma crescente mobilização estudantil na França.

Em março de 1968, estudantes invadiram e ocuparam a administração da Universidade de Paris em resposta contra decisões da instituição de punir quem havia organizado protestos. Dessa ocupação nasceu o Movimento 22 de março, que ideologicamente era alinhado com o anarquismo e tinha como grande nome Daniel Cohn-Bendit.

A resposta da Universidade de Paris foi ameaçar os estudantes com a expulsão, o que resultou em novos protestos. Além disso, o movimento estudantil espalhou-se e, em 3 de maio de 1968, alcançou a Sorbonne (a principal unidade da Universidade de Paris).

Os protestos organizados pelos estudantes da Sorbonne concentravam-se no bairro estudantil Quartier Latin. Tais atos foram duramente reprimidos pela polícia parisiense, e os casos de estudantes feridos e presos começaram a crescer, repercutindo durante os dias seguintes. No dia 10, foram organizadas barricadas pelos estudantes, que, pela primeira vez, optaram por enfrentar a polícia.

Na mesma semana, o movimento espalhou-se pelas classes trabalhadoras e os sindicatos começaram a se mobilizar. Os trabalhadores franceses invadiram e ocuparam seus postos de trabalho, e uma greve nacional foi convocada. Ao todo, fala-se que cerca de dez milhões de trabalhadores franceses aderiram à greve.

A adesão dos trabalhadores ao Maio de 1968 logo se enfraqueceu, quando Charles de Gaulle, presidente da França, decretou aumento de 35% no salário deles. Além disso, politicamente falando, o Maio de 1968 balançou o governo francês, mas, ao final, de Gaulle sobreviveu – eleições realizadas em junho daquele mesmo ano comprovaram a força do governo, que conseguiu eleger a maioria no parlamento.

Por fim, apesar de não terem conquistado mudanças políticas práticas, os estudantes que integraram o Maio de 1968 protestavam contra as desigualdades do sistema capitalista, mas também realizavam críticas contra as contradições do bloco comunista, sobretudo por conta do autoritarismo imposto pela União Soviética. Eles também defendiam pautas que buscavam questionar os valores morais de sua época, como a questão da sexualidade.

*Créditos da imagem: Olga Besnard e Shutterstock

Por Daniel Neves Silva

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