Qual matéria está procurando ?

História

História

Governo Jânio Quadros

Clique para conhecer os principais acontecimentos que marcaram o governo de Jânio Quadros. Esse político foi eleito para presidente do Brasil em 1960, e seu governo foi bastante desorganizado. Ele tomou medidas impopulares e renunciou ao cargo de presidente em agosto de 1961.

À esquerda (terno escuro) está Jânio Quadros, presidente brasileiro de janeiro a agosto de 1961 À esquerda (terno escuro) está Jânio Quadros, presidente brasileiro de janeiro a agosto de 1961

Jânio Quadros foi eleito presidente brasileiro durante a eleição de 1960. Seu governo durou pouco mais de seis meses porque, em agosto de 1961, ele tomou a medida drástica de renunciar a presidência do país. A renúncia de Jânio deu início a uma grave crise política por causa da questão sucessória (quem seria o novo presidente).

Antecedentes e eleição de 1960

A eleição presidencial de 1960 foi realizada durante os meses finais do governo de Juscelino Kubitschek. O governo de Kubitschek foi marcado pelo grande esforço para promover o desenvolvimento econômico e aumentar a produção industrial do Brasil. Apesar dos ótimos resultados na economia, o governo JK contribuiu para aguçar graves problemas do Brasil, e a tensão em determinadas áreas era enorme.

Leia também: Juscelino Kubitschek e o desenvolvimentismo do Brasil

Foi dentro desse contexto que se organizou a eleição para a sucessão presidencial. Os candidatos que concorreram a essas eleições foram: Jânio Quadros (UDN), Henrique Teixeira Lott (PSD/PTB) e Ademar de Barros (PSP). Os candidatos a vice-presidente eram, respectivamente, Milton Campos, João Goulart e Fernando Ferrari.

O grande favorito dessa disputa era Jânio Quadros, político conservador fortemente contrário ao legado de Getúlio Vargas na política. Esse candidato fez sua carreira política no estado de São Paulo e foi eleito prefeito e também governador desse estado.

A candidatura de Jânio Quadros foi resultado da indicação de Carlos Lacerda, o principal nome da UDN (partido político da época), que viu em Jânio um bom nome para a disputa presidencial. A carreira de Jânio Quadros foi toda construída em um partido de pouca expressão no Brasil durante a Quarta República: o Partido Democrata Cristão (PDC). A escolha de Jânio gerou grande esperança na UDN de que o partido finalmente venceria uma eleição (havia perdido em 1945, 1950 e 1955).

Em sua campanha eleitoral, Jânio Quadros atacou abertamente o governo de Juscelino Kubitschek, principalmente os altos gastos realizados por JK durante seu governo (algo que a UDN fazia havia tempos) e prometeu realizar a moralização da política brasileira varrendo todos os corruptos. Por fim, havia a promessa de Jânio de que o Brasil seguiria o caminho do desenvolvimento econômico e priorizaria o combate à inflação. A respeito da campanha de Jânio, vale destacar a afirmação das historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling:

Ele se apresentava como um candidato acima dos partidos, e expressava profundo desdém pelos políticos tradicionais e por seu estilo de atuação. Só insistia num ponto: que o povo lhe delegasse sua confiança e acreditasse nele, pessoalmente. E, repetia, era o único candidato independente e dedicado à atividade política por vocação cívica e paixão pelo serviço público – o nome, portanto, capaz de oferecer algo novo e dar rumo ao país|1|.

A campanha de Jânio Quadros conseguiu articular um amplo apoio das classes trabalhadoras e de grupos da classe média que viam no político conservador o nome certo para combater a inflação no país. Nessa eleição articulou-se pelo país um grupo que defendia o “voto Jan-Jan”, ou seja, Jânio para presidente e Jango (João Goulart) para vice.

O resultado final dessa eleição determinou uma vitória folgada de Jânio Quadros, com 48% dos votos. Henrique Teixeira Lott recebeu 33% dos votos, e Ademar de Barros recebeu 19%. Para vice, o vitorioso foi João Goulart, que obteve 36% dos votos. A composição do poder do Brasil foi, portanto, realizada com políticos de diferentes chapas.

Governo de Jânio

O governo de Jânio Quadros foi visto pelos historiadores como confuso, desorganizado e marcado por medidas extremamente impopulares. Nas questões econômicas, Jânio Quadros implantou um programa de austeridade para realizar o combate à inflação e melhorar a imagem internacional do Brasil de forma a possibilitar a negociação da dívida externa com os credores internacionais.

As medidas tomadas pelo governo foram: desvalorizar em 100% a moeda nacional mediante o dólar americano e cortar subsídios ao trigo e ao petróleo. O resultado imediato disso foi o aumento do valor de todas as mercadorias importadas, principalmente as que possuíam trigo ou petróleo, como o pão e o combustível.

Do ponto de vista da população, essas medidas foram bastante criticadas, uma vez que a população brasileira não considerava justo que tantos sacrifícios fossem realizados em nome da estabilização da economia do país.

As medidas impopulares de Jânio não aconteceram somente na política. O presidente proibiu o uso de lança-perfume no Carnaval e também o uso de biquínis nas praias da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, proibiu a realização de rinhas de galo e impôs o uso de um uniforme estilo safári para os funcionários públicos de Brasília.

Ao longo dos meses, Jânio foi acumulando atritos com os parlamentares brasileiros, inclusive aqueles de sua base política, a UDN. As relações atribuladas entre Jânio e a UDN intensificaram-se com a política externa que foi colocada em prática pelo presidente. Jânio implantou uma política externa independente que não se importava com o contexto da Guerra Fria, assim, o Brasil reatou relações diplomáticas com a União Soviética e o bloco comunista.

O estopim para o desgaste da figura do presidente foi a condecoração de Ernesto Che Guevara, um dos grandes nomes da Revolução Cubana. O objetivo de Jânio era estreitar relações com Cuba e, a partir dela, com o bloco comunista do leste europeu. Isso foi visto de maneira muito negativa pela UDN, que entendeu esse ato como uma guinada de Jânio à esquerda.

Leia também: Origem dos termos Direita e Esquerda

Renúncia

Isolado politicamente, Jânio tomou uma medida drástica: renunciou a presidência no dia 25 de agosto de 1961. A medida é entendida pelos historiadores como uma jogada de Jânio para realizar um autogolpe. A explicação dada pelos historiadores afirma que a ideia de Jânio ao renunciar era a de mobilizar a população pelo seu retorno à presidência com poderes amplos e sem a interferência do Congresso.

Acesse também: Governo João Goulart

Isso, naturalmente, não aconteceu, e a renúncia de Jânio foi rapidamente aceita pelo Congresso. A partir daí, iniciou-se uma crise política a respeito da sucessão da presidência. Os militares, ativos na política, posicionaram-se contra a posse do vice (João Goulart) e geraram uma reação de grupos legalistas, que se posicionaram pela posse de Jango. Essa tensão quase levou a uma guerra civil, mas, em 7 de setembro de 1961, João Goulart assumiu a presidência em um sistema de parlamentarismo.

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 429-430

*Créditos da imagem: FGV/CPDOC


Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

Por Daniel Neves Silva

Você pode se interessar também

História

Ditadura Militar no Brasil

História

Governo Castello Branco

História

Governo Costa e Silva

Histórias e contos infantis

Governo João Goulart

Últimos artigos

Aspas

As aspas são sinais gráficos usados para destacar palavras ou expressões. São muito comuns para marcar a mudança da fala ou para indicar expressões que precisam de destaque.

Eva Furnari

Eva Furnari é uma famosa escritora brasileira. Seus livros são divertidos e apresentam personagens mais complexos. O livro Felpo Filva é uma de suas obras mais conhecidas.

Reticências

As reticências são um sinal de pontuação que funciona como uma pequena pausa, usado para criar um efeito especial de hesitação ou de suspense na fala ou na narração.

Brasil Império

O Brasil Império foi o período em que o Brasil foi governado por uma monarquia constitucional. Nesse período, o Brasil teve dois imperadores: Dom Pedro I e Dom Pedro II.