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El Niño

O El Niño é um fenômeno descrito pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, provocando chuvas volumosas no Sul do Brasil e secas severas no Norte e no Nordeste.

Ilustração representativa do El Niño. El Niño é o fenômeno de aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico em sua região equatorial.

El Niño é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico próximo do litoral oeste da América do Sul. Esse fenômeno oceânico e atmosférico é causado pela diminuição da força dos ventos alísios que sopram em direção ao Equador terrestre, o que altera a circulação atmosférica e implica mudanças no tempo na América, na Ásia e na Oceania. Os efeitos do El Niño no Brasil são secas severas nas regiões Norte e Nordeste e chuvas muito volumosas na região Sul, o que pode ocasionar desde prejuízos econômicos e materiais até perdas humanas.

Leia também: Mudanças climáticas — detalhes sobre as alterações provocadas nos padrões climáticos a longo prazo

Resumo sobre o El Niño

  • El Niño é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico na região equatoriana, próximo ao litoral oeste da América do Sul.

  • É um fenômeno oceano e climático que se instala a partir do enfraquecimento dos ventos alísios que sopram em direção ao Equador terrestre.

  • Acontece de tempos em tempos, mas a sua periodicidade não pode ser prevista. Pode ter duração de até um ano e meio quando instalado.

  • Provoca a alteração na circulação geral da atmosfera, o que implica a transformação do tempo atmosférico em diferentes áreas dos continentes americano, asiático e oceânico.

  • No Brasil, causa seca severa nas regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas na região Sul.

  • O El Niño pode ocasionar prejuízos econômicos em áreas de seca extrema ou de chuvas muito volumosas, além de impactar negativamente a atividade pesqueira no Pacífico.

O que é o El Niño?

El Niño é um fenômeno climático e oceânico de origem natural que acontece periodicamente no Oceano Pacífico, sendo caracterizado pelo aquecimento anormal de suas águas na região equatoriana, próximo ao litoral oeste da América do Sul.

A descoberta do El Niño foi feita por pescadores na costa do Peru, que notaram a menor produtividade da pesca em função da maior temperatura das águas para aquela época do ano. Como essa observação ocorreu no mês de dezembro, em que se celebra o Natal, o fenômeno foi batizado como “El Niño” (“o menino”, em espanhol) em referência ao menino Jesus.

Quais as características do El Niño?

O El Niño é o aquecimento acima da média das águas do Oceano Pacífico próximo da linha do Equador, concentrando-se ao longo da costa da América do Sul. O aumento das temperaturas das águas nessa região fica em torno de 2º a 3,5º C em anos de El Niño, chegando a até 4,5º C quando há maior intensidade desse fenômeno. Esse patamar foi atingido em 1998, quando ocorreu um El Niño que está entre os mais fortes já registrados. Os anos de 1982 e 2015 também contaram com intensa anormalidade no aquecimento das águas do Pacífico Sul, o que produziu anos de El Niño muito fortes.

Sabe-se que o El Niño acontece de tempos em tempos, isto é, o fenômeno se repete com certa frequência. No entanto, não é possível prever a sua periodicidade. Há registros de dois El Niños seguidos, um ano após o outro, como também há longos intervalos sem a sua ocorrência, o que pode variar de dois a dez anos. Os últimos registros do El Niño aconteceram entre os seguintes anos, lembrando que seu início é no mês de dezembro comumente:

  • 2004 / 2005;

  • 2006 / 2007;

  • 2009 / 2010;

  • 2014 / 2015;

  • 2015 / 2016;

  • 2018 / 2019;

  • 2023 / 2024.

Como ocorre o El Niño?

O El Niño acontece devido à dinâmica do sistema de ventos que sopram em direção ao Equador terrestre no sentido leste-oeste, chamados de ventos alísios. Os alísios acontecem durante todo o ano e são oriundos tanto do Hemisfério Norte quanto do Hemisfério Sul, sendo a área onde eles convergem denominada Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Por motivos que não são bem claros, existem períodos em que os ventos alísios sopram com menos força sobre o Oceano Pacífico. Quando isso acontece, altera-se a dinâmica das águas superficiais: a parcela de água quente se torna maior, e a água mais fria que emerge na costa da América do Sul (ressurgência) acaba perdendo a força e ficando em camadas mais profundas de subsuperfície.

Dessa maneira, há maior ocorrência de águas aquecidas no litoral sul-americano, o que altera toda a dinâmica atmosférica-oceânica local.

Efeitos do El Niño

O El Niño impacta diretamente a circulação atmosférica, iniciando sobre o Pacífico Sul e ampliando seus efeitos para a América do Sul, para as Américas do Norte e Central e para a Oceania. Não somente os fenômenos climáticos são alterados temporariamente, mas também a dinâmica da fauna marinha muda em função da diferença de temperatura nas águas e da disponibilidade de nutrientes e de plâncton nas camadas superficiais, o que afeta, por sua vez, a economia de regiões pesqueiras.

Diferenças entre El Niño e La Niña

El Niño e La Niña são ambos fenômenos de origem natural que se originam a partir da alteração de temperatura nas águas do Oceano Pacífico.

La Niña

El Niño

Resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico.

Aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico.

Ocorre quando ventos alísios estão mais fortes do que o normal.

Ocorre quando os ventos alísios estão mais fracos do que o normal.

Aumenta a ressurgência de águas frias próximo do litoral sul-americano.

Diminui a ressurgência de águas frias próximo do litoral sul-americano.

No Brasil, causa tempo chuvoso no Norte e no Nordeste e secas no Sul.

No Brasil, causa secas no Norte e no Nordeste e tempo chuvoso no Sul.

Benéfico para a atividade pesqueira nos países sul-americanos, já que aumenta a quantidade de nutrientes disponíveis nas águas superficiais.

Prejudicial para a atividade pesqueira nos países sul-americanos, uma vez que as águas aquecidas diminuem a concentração de nutrientes.

Para saber mais detalhes sobre as diferenças entre El Niño e La Niña, clique aqui.

El Niño no Brasil

Os efeitos provocados pelo El Niño, no Brasil, são os seguintes:

  • Estiagem de chuvas nas regiões Norte e Nordeste. O fenômeno provoca, portanto, secas severas que aumentam o risco de outros problemas ambientais, como queimadas, incêndios florestais e, até mesmo, prejuízos à fauna, à flora e à economia locais.

  • Chuvas volumosas e recorrentes na região Sul, ampliando o registro de enchentes e de inundações no meio urbano. A maior frequência de chuvas aumenta, também, os riscos de deslizamentos de terra e resulta em prejuízos econômicos. Além disso, essa região enfrenta severas ondas de calor durante o El Niño, o que tem se tornado cada vez mais frequente nas atuais condições de mudanças climáticas.

A maneira como o El Niño transforma o tempo atmosférico nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do país é imprevisível, não sendo possível definir um padrão como os acima descritos.

El Niño no mundo

As alterações no padrão de tempo atmosférico provocadas pelo El Niño atingem outros territórios além do Brasil. Dentre os efeitos comumente registrados no mundo estão:

  • Aumento das temperaturas e tempo seco no sul e no sudeste da Ásia, com o enfraquecimento dos ventos quentes e úmidos denominados monções.

  • Tempo quente e seco na Oceania, notadamente na Nova Zelândia, na América Central e em parte dos países andinos da América do Sul.

  • Tempo chuvoso nas ilhas situadas no centro do Oceano Pacífico e no Peru.

  • Aumento das temperaturas e chuvas volumosas na costa oeste da América do Norte.

Consequências do El Niño

As consequências do El Niño vão além das transformações no tempo atmosférico. Aliás, tais transformações resultam em impactos para o meio ambiente, para a economia e para as populações. Dentre as consequências do El Niño, citamos:

  • impossibilidade de realizar a pesca na costa oeste da América do Sul devido à menor concentração de nutrientes e, por conseguinte, de peixes naquela área. Isso gera enormes prejuízos econômicos para as comunidades pesqueiras que vivem naquela região;

  • enchentes, alagamentos e deslizamentos de terra onde há registros de chuvas intensas e volumosas, o que provoca desde prejuízos materiais até perdas humanas;

  • destruição de lavouras e de áreas de pastagem devido ao calor extremo ou ao aumento repentino no volume de chuvas;

  • temperaturas muito baixas ou muito elevadas fora de época, aumentando o desconforto térmico da população.

Exercícios resolvidos sobre o El Niño

Questão 1

(Enem)

Desde a sua formação, há quase 4,5 bilhões de anos, a Terra sofreu várias modificações em seu clima, com períodos alternados de aquecimento e resfriamento e elevação ou decréscimo de pluviosidade, sendo algumas em escala global e outras em nível menor.

ROSS, J. S. (Org.) Geografia do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003 (adaptado).

Um dos fenômenos climáticos conhecidos no planeta atualmente é o El Niño que consiste:

A) na mudança da dinâmica da altitude e da temperatura.

B) nas temperaturas suavizadas pela proximidade com o mar.

C) na modificação da ação da temperatura em relação à latitude.

D) no aquecimento das águas do Oceano Pacífico, que altera o clima.

E) na interferência de fatores como pressão e ação dos ventos do Oceano Atlântico.

Resolução:

Alternativa D.

O aquecimento das águas do Pacífico recebe o nome de El Niño, que provoca alterações na dinâmica atmosférica.

Questão 2

(Ufam) O El Niño é um fenômeno natural, não sazonal, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, mais precisamente das áreas próximas à costa oeste do Peru e países vizinhos. Que consequência esse fenômeno pode trazer para a pluviosidade no território brasileiro?

A) Chuvas torrenciais na região Nordeste.

B) Chuva congelada ou neve na região Sul.

C) Redução das chuvas em parte da região Norte.

D) Diminuição de chuvas na região Sudeste.

E) Diminuição das chuvas na região Centro-Oeste.

Resolução:

Alternativa C.

O El Niño causa estiagem nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Fontes

CPTEC/INPE. ENOS: El Niño. Disponível em: http://enos.cptec.inpe.br/elnino/pt

MOREIRA, Igor. O espaço geográfico: Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Editora Ática, 47ª edição, 3ª reimpressão. 455p.

NOAA. El Niño & La Niña (El Niño-Southern Oscillation). Disponível em: https://www.climate.gov/enso.

Por Paloma Guitarrara

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