Primeira Cruzada e a conquista de Jerusalém
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As Cruzadas foram expedições militares organizadas a partir da convocação da Igreja Católica para reaver o controle de Jerusalém e outros locais da Terra Santa (Palestina). A Primeira Cruzada, organizada entre 1096 e 1099, resultou na conquista da cidade de Jerusalém e na fundação de reinos cristãos na Palestina.
Convocação da Cruzada
A primeira Cruzada foi convocada pelo papa Urbano II, em 1095, durante o Concílio de Clermont. Os relatos contam que o discurso de Urbano II foi realizado com grande fervor e ênfase e garantiu a todos que participassem da Cruzada a remissão dos pecados e a promessa de salvação e prosperidade.
A convocação da Cruzada pelo papa Urbano II fazia parte da concepção medieval de guerra santa, isto é, uma guerra justificada pela defesa da cristandade. Foi uma resposta de Urbano II ao pedido de ajuda de Aleixo I, imperador bizantino que solicitou o auxílio dos reinos cristãos da Europa Ocidental na luta contra o avanço dos turcos seljúcidas.
O papa Urbano II viu na convocação das Cruzadas um fator de interesse e visava a dois objetivos:
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Desviar a violência da nobreza europeia para um inimigo em comum e para outra região;
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Reatar as relações entre a Igreja Ocidental e a Igreja Oriental, que estavam rompidas desde o Grande Cisma, em 1054.
A resposta à convocação de Urbano II foi extremamente positiva, e os relatos contam que, após seu discurso, o público presente gritou “Deus vult” (que significa “Deus o quer” em latim). A Primeira Cruzada, além da grande adesão popular, contou com muitos nobres cristãos.
Primeira Cruzada
A Cruzada começou oficialmente no ano de 1096 e também ficou conhecida como Cruzada dos Nobres, em razão da grande adesão da nobreza europeia à convocação de Urbano II. Ao todo, a Primeira Cruzada mobilizou cerca de 35 mil soldados, que partiram de várias regiões da Europa rumo a Constantinopla. De lá partiriam em direção a Jerusalém e à Terra Santa.
Entre os principais nobres da época que participaram da Primeira Cruzada, podemos citar Godofredo de Bulhão, Raimundo IV de Toulouse e Boemundo. Os exércitos cruzados e as forças bizantinas foram em direção à Terra Santa e conquistaram inúmeros locais que estavam sob o controle dos turcos: Antioquia, Niceia etc.
O cerco à cidade de Jerusalém foi iniciado no final de 1098 e finalizado em julho de 1099. Os relatos contam a respeito da grande violência praticada pelos exércitos cruzados, que massacraram a população local, que contava com muçulmanos, judeus e até mesmo cristãos. A respeito da violência dos cristãos após a conquista de Jerusalém, segue o relato do historiador Steven Runciman:
Os cruzados, ensandecidos por tamanha vitória depois de tanto sofrimento, correram pelas ruas e invadiram casas e mesquitas, matando todos os que encontravam – homens, mulheres e crianças. O massacre prosseguiu durante toda a tarde e noite. […] Quando Raimundo de Aguilers, […], dirigiu-se a área do Templo precisou abrir caminho em meio a cadáveres e sangue que lhe chegavam aos joelhos.
Os judeus de Jerusalém refugiaram-se todos em sua principal sinagoga. Como, porém, pensava-se que haviam ajudado os muçulmanos, os cruzados não tiveram deles a menor misericórdia. O prédio foi incendiado e morreram todos queimados em seu interior.
A carnificina em Jerusalém causou profunda impressão em todo o mundo. […] Foi essa prova sanguinária de fanatismo cristão que reacendeu a intolerância islâmica|1|.
A vitória cruzada permitiu a fundação do Reino Latino de Jerusalém, além de outros reinos cristãos na região. Com isso, os cristãos conseguiram abrir caminho seguro para a chegada de peregrinos que iam a Jerusalém para visitar o Santo Sepulcro e garantiram a chegada de ordens que vinham para a Terra Santa para auxiliar na luta de alguma forma. O domínio cristão, no entanto, não durou muito tempo, pois, em 1187, muçulmanos liderados por Saladino reconquistaram a cidade.
|1| RUNCIMAN, Steven. História das Cruzadas, Volume I: a primeira cruzada e a fundação do Reino de Jerusalém. Rio de Janeiro: Imago, 2002, p. 257-258.
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