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Derrubada do xogunato e a Restauração Meiji

Entenda o que causou a Restauração Meiji, processo que foi responsável pela modernização e desenvolvimento econômico do Japão.

Estátua do príncipe Komatsu-no-miya Akihito, que lutou contra as tropas do xogunato em Tóquio, Japão * Estátua do príncipe Komatsu-no-miya Akihito, que lutou contra as tropas do xogunato em Tóquio, Japão *

A Restauração Meiji foi o processo de restauração monárquica que aconteceu no Japão, em 1868. O poder que estava nas mãos dos xoguns (chefes militares) foi passado para a família Imperial. A partir disso, foi iniciado um grande processo de modernização e crescimento da economia japonesa após anos de isolamento econômico.

Xogunato

O poder no Japão estava nas mãos do xogunato desde o século XII, e a família Tokugawa controlava o Japão desde 1603. O xogunato era um governo ditatorial imposto pelo chefe militar supremo da nação (o xogum). O xogunato Tokugawa havia imposto ao Japão uma política de isolamento que proibia contato com o exterior e fechava os portos nacionais para embarcações estrangeiras. Durante o período do xogunato, a família imperial japonesa esteve sob o controle dos xoguns.

O isolamento japonês foi suspenso durante a década de 1850, quando os Estados Unidos passaram a exercer pressão diplomática sobre o Japão para que revogassem a política de isolamento. Como o xogum sabia que não tinha capacidade de enfrentar as potências ocidentais, acabou realizando a abertura econômica da nação.

A postura do xogum desagradou às elites nacionais do Japão, que consideravam os estrangeiros bárbaros. Os feudos mais ricos do Japão (Satsuma e Choshu) passaram a defender a derrubada do xogum, a restauração da monarquia e a expulsão dos estrangeiros. Possuíam como slogan “sonno joi”, que significa: honrar o imperador, expulsar os bárbaros.

O poder imperial só foi de fato restaurado após a Guerra Boshin, que marcou a derrota das tropas que defendiam o xogunato.

Modernização da economia

Com a restauração, o poder no Japão passou para as mãos de Mutsuhito, conhecido como Imperador Meiji. A administração da nação ficou a cargo de burocratas, que foram os grandes responsáveis pelas grandes transformações que aconteceram no Japão.

Os burocratas pretendiam romper com a antiga ordem existente no período do xogunato e promover a integração das elites e da população em geral com o novo projeto, o que resultaria no desenvolvimento do país. Assim, muitas transformações ocorreram também na sociedade japonesa.

O governo extinguiu o privilégio dos senhores de terras (daimio) sobre os feudos (han), e os camponeses, que antes pagavam seus impostos aos senhores de terra, passaram a fazê-lo ao governo. Além disso, a classe dos samurais teve as pensões governamentais retiradas em definitivo e substituídas por indenizações com prazo de validade determinado por até quinze anos. A antropóloga americana Ruth Benedict dá detalhes sobre essas mudanças:

Mal um ano no poder, [o regime] aboliu o direito de tributação do daimio [senhor de terras] em todos os feudos. Recolheu os cadastros e apropriou a taxa de “40%” para o daimio dos camponeses. […] Por volta de 1876, as pensões dos daimios e dos samurais foram convertidas em indenizações a vencerem-se em cinco a quinze anos. Eram elas pequenas ou grandes, de acordo com o salário fixo de tais indivíduos no tempo dos Tokugawa|1|.

Essas mudanças iniciais geraram insatisfações tanto em parte da elite quanto nos camponeses. Uma rebelião foi organizada por Saigo Takamori, samurai insatisfeito com o novo governo. Além disso, “entre 1868 e 1878, a primeira década Meiji, verificaram-se, pelo menos, 190 revoltas [de camponeses]”|2|. Entretanto, o novo governo prevaleceu e conseguiu sufocar todas as rebeliões.

Como forma de promover maior integração nacional ao projeto imposto a partir de Meiji, o novo governo unificou o idioma japonês, extinguindo, assim, as diferenças de dialeto que existiam. Além disso, realizou a reforma educacional do Japão, tornando o ensino obrigatório. O objetivo do ensino era implantar a “disciplina, obediência, pontualidade e um religioso respeito (adoração) pelo imperador|3|.

O culto ao imperador ficou conhecido como Xintoísmo de Estado. O imperador era visto como encarnação da deusa do Sol, Amaterasu. O Xintoísmo de Estado implantou também um sentimento de superioridade no japonês, o que contribuiu para o desenvolvimento de um forte movimento nacionalista no país.

Na economia, o Japão promoveu forte abertura para o mercado internacional, incentivando o desenvolvimento do empreendedorismo e promovendo o desenvolvimento de uma indústria de base, que foi responsável pelo desenvolvimento da infraestrutura no país. Para que isso fosse possível, o Japão inspirou-se em modelos de sucesso das potências ocidentais e mandou muitos japoneses para fora do país para aprender no exterior.

|1| BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada: padrões da cultura japonesa. São Paulo: Perspectiva, 2014, p.70.
|2| BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada: padrões da cultura japonesa. São Paulo: Perspectiva, 2014, p.71.
|3| LANDES, David S. A riqueza e a pobreza das nações: porque algumas são tão ricas e outras tão pobres. Rio de Janeiro: Campus, 1998, p. 421.

*Créditos da imagem: MrNovel e Shutterstock

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Por Daniel Neves Silva

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